*É um Lusófono com L grande? Então adira ao MIL: vamos criar a Comunidade Lusófona!*

MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da nossa sociedade civil, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia. Defendemos o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
SEDE: Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa)
NIB: 0036 0283 99100034521 85; NIF: 509 580 432
Caso pretenda aderir ao MIL, envie-nos um e-mail: adesao@movimentolusofono.org (indicar nome e área de residência). Para outros assuntos: info@movimentolusofono.org. Contacto por telefone: 967044286.

NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI

Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).

Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).

Desde 2008"a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".

Colecção Nova Águia: https://www.zefiro.pt/category/zefiro-nova-aguia

Outras obras promovidas pelo MIL: https://millivros.webnode.com/

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Lira Insubmissa, Carta


Retrato de Abel Acácio Botelho, António Ramalho, 1889


Fragmento de carta de um produto híbrido da modernidade endereçada aos idealistas, aos materialistas mas sobretudo aos sobrepostos amantes da terra, e em segundo, da cultura.

(...)

4 - O "raciocínio" é um instrumento de excelência que permite a organização, sistematização e estruturação das "coisas" (para englobarmos tudo o que é ideia e emoção, acto e situação) vindo todavia com a mesma problemática que afecta a modernidade. Procura justificar-se e bastar-se a si próprio, procura ser tanto causa como efeito, o motivo motor, a rota e a conclusão. Nenhuma motivação humana, nem uma, é de natureza racional - a razão analisa, não cria. Uma vez mergulhado a fundo na razão que o ignora, o ser humano está trancado e a chave fora deste idealismo, deste sistema, permanecendo inacessível.
5 - Este idealismo, ao contrário do que se possa pensar, faz parte do aspecto negativo da modernidade - aquele de se seguir luzes falsas. O idealismo dos dias de hoje é o informatismo que veio substituir o industrialismo dos dias de ontem. As ideias abandonaram a substância, não a possuem mais do que um placar electrónico, com uma paisagem paradisíaca e uma bela mulher nua. Estão a tentar distrair-nos para não escutarmos a voz das coisas, a voz dentro da voz dos que falam e do silêncio do que está calado - porque cantar a natureza dessas coisas, isso sim, e só isso, causaria uma verdadeira revolução para o estado (situação) moderno. Uma revolução, primeiro, em consciência e do indivíduo, e depois o mundo, com uma alma, abrir-nos-ia as portas.
6 (a) - Um exemplo das coisas tornadas em falsa substância, e da flagrância do truque moderno, está na consequência do movimento hippie - e associações de direitos humanos que batalhavam nessa época - pelas liberdades sexuais - nudez, sexo antes do casamento, amor homossexual, mais liberdade para a mulher, etc - hoje feito em reclames de TV e videoclips de venda, estampado em embalagens de tudo o que é consumível ao ponto do sufoco da dimensão profunda no que respeita ao assunto sexual, tornando-o mecânico e despido de significado. Antes, o significado de todas os objectos e, inclusive, de todos os sujeitos modernos, é estes serem consumíveis, ficando assim não menos virtuais que a moeda. De igual forma ao que explanamos respectivamente à tendência da razão, também o capitalismo se fecha nessa máxima, e procura ser tanto causa como efeito, o motivo motor, a rota e a conclusão.
6 (b) - Falando alegoricamente, e agora de um anjo como esfinge: A todos impõe um teste (sem sair ainda do campo da intelectualidade) - o da luz e o da escuridão, o de depois da luz ser escuridão enquanto depois da escuridão há luz. O caminho para o Éden só se abre de Noite, e esta é uma parábola dirigida aos idealistas.
6 (c) - Quando os ideais esquerdistas e os ideais liberais se expurgarem de todo o materialismo (mito e doutrina, nunca pedra e rio e pão), serão dignos do respeito dos sábios.
7 - Há no homem o ser-se bobo, e hoje começa a descobrir-se que não existe corte, indo então este homem à procura de rir-se de si próprio e ser bobo duas vezes, numa suposta ascese que desemboca em lado nenhum. Mas isto só os bobos, ou quase só os bobos, o sabem. O riso inútil será o maior obstáculo do niilista heróico, cargo que, na modernidade, tem sido semelhante ao do profeta.
(...)

André Consciência

O voo do pássaro 1

Sonhei que um pássaro saía
da Lua e dizia
das mil cores
e das flores.

- Ao que vieste, então?

- Procuro a distância,
que o olho colado à cor ...



... não vê a flor.

Fernando António Nogueira Pessoa

«…mais vale ser criança que querer compreender o mundo

Faz hoje precisamente 74 anos, que Fernando Pessoa o autor insigne do Orfeu e espírito critico admirável, faleceu deixando uma extensa obra, praticamente toda inédita, que viria a fazer dele um dos maiores símbolos da cultura lusa.

Nasceu em Lisboa a 13 de junho de 1888, cidade aonde viria a falecer a 30 de Novembro de 1935. Morreu de cirrose hepática aos 47 anos e os seus restos mortais repousam perto dos poetas Luiz Vaz de Camões e Alexandre Herculano sob um monólito de mármore no claustro do Mosteiro dos Jerónimos, o mais emblemático monumento português.

Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas – a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.

Fernando Pessoa/Alberto Caeiro

I know not what tomorrow will bring. Dêem-me os óculos...


Como foi proclamada a República no Brasil!

Muitas vezes, na história do mundo, pequenos fatos podem desencadear acontecimentos notáveis. É claro, que, minúsculos acontecimentos não detectados no dia a dia vão se acumulando como mágoas até que explodem aos borbotões sem que a gente espere ou perceba, mudando o “establishment” de uma hora para outra.
Assim aconteceu com a queda da Monarquia brasileira e a proclamação da República.
Uma questão militar, seguida de um levante geral das tropas de terra e mar foi a causa imediata dessas mudanças no tecido político brasileiro. Mas, os acontecimentos de 15 de novembro de 1889 foram apenas a gota d’água que transbordou o copo da insatisfação social vigente.
Herdamos a Monarquia de Portugal, regime comum aos Estados europeus em que a uma pessoa bastava ter sangue real para ter o direito de administrar um país; para isso, desde pequenininho era preparado e educado para aquela função.
Nosso imperador Pedro II, homem de extremo saber, era amado pelo seu povo, mas, a sucessão preocupava a todos, já que o nosso imperador já era um homem idoso e planejava abdicar em nome de sua filha, Isabel e descansar em Paris para fazer o que mais gostava: estudar, fotografar e conviver com a sociedade científica, longe dos problemas do poder.
Acontece, que o marido de Isabel, o Conde D’Eu era "persona non grata" aos brasileiros e a princesa não contava com a confiança do povo.
Apesar de ter assinado a Lei Áurea que extinguia a escravidão, ou por causa desse fato que irritou os grandes fazendeiros de S. Paulo e Minas, o povo não apoiava a princesa.
Conta-se que, assinada a Lei Áurea, o Visconde de Ouro Preto lhe disse:
– A senhora libertou um povo, mas, perdeu o trono.
Então, veio a questão militar; há muito os quartéis mostravam sinais de inquietação influenciados pela maçonaria e pelo positivismo em voga na época e alguns atos monarquistas punindo oficiais só acirrou os ânimos.
Entre eles estava o Marechal Deodoro da Fonseca, militar respeitado e admirado pela tropa, mas, também respeitador da lei e amigo pessoal do Imperador. Graças a essa posição, seus colegas de farda o incumbiram de ir ao Palácio pedir à D. Pedro a revogação das punições.
O Governo cedeu face às pressões, inclusive, do Senado. Mas, as relações entre o Governo e o Exército não melhoraram.
A propaganda republicana antes confinada a clubes fechados e ti-ti-tis caseiros ganhou as ruas. Quintino Bocaiúva, Silva Jardim, Lopes Trovão, Nilo Peçanha escreviam artigos magistrais; Campos Sales, Prudente de Morais pregavam abertamente a República, em S. Paulo, Benjamim Constant, positivista emérito fazia inflamados discursos na Escola Militar.
E, acima de todos, impressionando o espírito público e conquistando as classes armadas, o baiano Rui Barbosa, a “Águia de Haia”, escrevia artigos disputadíssimos no Diário de Notícias, lidos pela elite brasileira.
No decorrer do ano de 1889, o Gabinete presidido pelo Visconde de Ouro Preto começou a tomar certas medidas que preocuparam o Exército. Ele aumentou o corpo de polícia e organizou a Guarda Nacional além de remover da Capital todo um corpo da Infantaria; além disso, trocou os comandos e excluiu vários oficiais importantes das solenidades públicas; ficou patente que o Gabinete queria desestabilizar o Exército.
A Conspiração Militar ganhou força e foi para as ruas.
A República foi feita, sem a menor resistência.
O Império Brasileiro que durou 65 anos vinha desgastado pela sucessão de governos imperiais desacreditados e pelos partidos políticos sem mensagens novas que se eternizavam no poder: o Partido Liberal e o Partido Conservador. Este último há tempos no poder não oferecia solução para os graves problemas do país.
O Imperador deposto foi para a Europa e os principais nomes que apoiaram o movimento tomaram o poder.
Para mim, tudo não passou de um golpe. Melhor, uma quartelada tão ao gosto dos políticos latino americanos.
A palavra república vem do latim e significa (res) coisa (publica) do povo.
Uma convulsão social de proporções acompanhou a chegada deste movimento, sendo o mais importante a Guerra de Canudos.

Carta

"Dir-se-ia que, incerta de si, a pátria se procura nas raízes. Ou que, pelo menos aparentemente, procura protegê-las como se protegesse a própria vida. O que significaria que ao nível do subconsciente o nosso instinto de conservação continua acordado. Simplesmente, trata-se de mais um renascimento ilusório, dos vários que têm ocorrido sem consequências de maior."

Torga, M. (1987). Diário XIV, Coimbra, Ed. de Autor





Portugal, 31 de Julho de 2008

Caríssimo Mestre Torga:

Creia-me quando lhe digo que compreendo o seu cepticismo e a amargura das suas palavras. A bela e brava cultura lusitana tem, afinal, sido tão mal tratada ao longo dos últimos tempos… Mas permita-me, Mestre, a ousadia de lhe rogar que, desta vez, acredite na sinceridade dos nossos propósitos, e na exequibilidade da nossa missão. Estamos empenhados em promover as ideias e valores da cultura portuguesa e lusófona como contributo para um outro paradigma e uma outra globalização* e, aqui o afirmamos, não haverá quem nos demova. Por muitos Velhos do Restelo que se nos atravessem à frente, Mestre, não seremos travados na nossa senda. Por Portugal e a Lusofonia!

Receba uma vénia, onde quer que esteja.

Maria


*Manifesto Nova Águia.

Foto:
Tecto dos claustros do Mosteiro dos Jerónimos (pormenor), foto tirada em Abril de 2008.
Música: Glória, Sétima Legião, letra de Miguel Esteves Cardoso.

As âncoras portuguesas estudadas pelo NIO em Goa

http://bit.ly/5Gn0hl

Foi também um mestrando deste Instituto Nacional de Oceanografia (Goa) que há alguns anos descobriu o segredo da natureza que permitiu a Vasco da Gama entrar na costa do Malabar na época das monções! Não era a perícia dos navegadores portugueses como até então explicava a historiografia nacionalista portuguesa.

A Vida


Procissão Corpus Christi, Amadeo de Souza-Cardoso, 1913


Povo sem outro nome à flor do seu destino;
Povo substantivo masculino,
Seara humana à mesma intensa luz;
Povo vasco, andaluz,
Galego, asturiano,
Catalão, português:
O caminho é saibroso e franciscano
Do berço à sepultura;
Mas a grande aventura
Não é rasgar os pés
E chegar morto ao fim;
É nunca, por nenhuma razão,
Descrer do chão
Duro e ruim!


Miguel Torga
In
Poemas Ibéricos, Edição do Autor, 1ª edição, Gráfica de Coimbra, Coimbra, 1965, p. 14.

Se não têm "agenda política", porque fazem mais uma Cimeira Ibero-Americana?



Ah, só se for por causa da convidada especial: Shakira, uma excelente cantora...

domingo, 29 de novembro de 2009

Seara Nova

Lisboa, 15 de Outubro de 1921

«revista de doutrina e crítica»

Saiu o 1º número da Seara Nova, revista literária. Entre os seus fundadores contam-se Raul Proença, Jaime Cortesão, Aquilino Ribeiro, Raul Brandão, Câmara Reis e Augusto Casimiro.
O grupo da Seara propõe-se exercer um magistério pedagógico que reforme o pensar e se reflicta na acção política. Considera, como prioridade, formar uma elite intelectual militante, empenhada na transformação social. O seu ideário, racionalista, diverge do do Integralismo Lusitano: é a razão que deve guiar o homem e não os valores da tradição e da raça.
António Sérgio de Sousa, intelectual de relevo, foi convidado a integrar o grupo.

Cinco mandamentos da Seara Nova

- Renovar a mentalidade da elite portuguesa, tornando-a capaz de um verdadeiro movimento de salvação.
- Criar uma opinião pública nacional que exija e apoie as reformas necessárias.
- Defender os interesses supremos da Nação, opondo-se ao espírito de rapina das oligarquias dominantes e ao egoísmo dos grupos, classes e partidos.
- Protestar contra todos os movimentos revolucionários, defender e definir a grande causa da verdadeira revolução.
- Contribuir para formar, acima das pátrias, uma consciência internacional bastante forte, para não permitir novas lutas fratricidas.


In Diário da História de Portugal, de José Hermano Saraiva e Maria Luísa Guerra, p.514.

Hoje, em Brasília...


sábado, 28 de novembro de 2009

A Questão da Galiza: 7ª parte: A Língua Portuguesa da Galiza (ou “Língua Galega” ou "Língua Própria da Galiza")

De acordo com a formulação jurídica em vigor na Galiza, o Galego (termo neutro) é a “língua própria da Galiza”. Isso mesmo é reconhecido no Estatuto da Autonomia. O facto transforma o Galego numa língua co-oficial (a par do castelhano) da Autonomia. O Galego não está contudo reduzido ao atual território da Autonomia, já que é língua corrente de algumas comarcas limítrofes nas Autonomias de Leão e Astúrias (a chamada “Galiza Exterior”), desanexadas à Galiza por Madrid no século XVIII e até, se considerarmos que Olivença ainda é terra de fala portuguesa, poderemos também encontrar aqui neste enclave ocupado por Espanha um derradeiro testemunho do português da Galiza. Estas comarcas pertencem pela História, pela Língua e pela Cultura à nação galega e como tal, o seu regresso à matricial entidade nacional galega é reclamado por muitos nacionalistas.

Foi em galaico-português que se escreveram, cantaram e declamaram as primeiras obras literárias em língua ibérica: a lírica trovadoresca medieval. Foi a lírica que estruturou aquela que na sua época era uma línguas românicas mais dinâmicas da Europa e que, nas palavras do professor Sílvio Elia1 torna a língua portuguesa da Galiza na “matriz do mundo linguístico luso-brasileiro”, uma irmã ainda bem viva – apesar de todos os atentados que hoje cometem contra ela – e que nos permite compreender como era a nossa língua portuguesa no momento da sua gestação, verdadeiro “tesouro vivo” que preserva no galego contemporâneo traços linguísticos, assim como na cultura popular e erudita, elementos indispensáveis à compreensão daquilo que Portugal hoje é e para onde caminha no futuro próximo e mais longínquo.

Existe um certo clima de incompreensão perante a obstinada recusa de Madrid a que a Galiza assuma a sua ligação umbilical lusófona. Essa teimosia remete-nos para os regimes de Franco e antes dele dos Bourbon com a sua política centralista e aglutinadora de todas as periferias de Espanha, mas hoje encontra um aliado de peso no PPdG (Partido Popular da Galiza), atualmente no poder. Esta política aglutinadora resulta de uma profunda insegurança, como se os espanholistas sentissem que a qualquer momento, o sentir mais profundo do povo galego se pode reassumir e derrubar aqueles que o pretendem submeter a um todo “espanhol” que de facto, existe apenas em Madrid e nos seus subúrbios... Se assim não fosse, pelo bruto medo de perder a Galiza para a independência ou para a re-união com Portugal (a tal “pátria sonhada” dos poetas), nada obstaria a que Espanha, seguindo aliás o seu próprio preceito constitucional, permitisse que a Galiza assumisse a ligação lusófona da sua língua, ou mesmo a designação oficial defendida por alguns reintegracionistas de “língua portuguesa da Galiza”. Nada a não ser o pavor da perda da Galiza. Nada a não o temor de que a ligação de Madrid à Galiza seja mais fraca que a ligação linguística e cultural da Galiza aos mais de 200 milhões de cidadãos lusófonos.

Que tem o Tuga que o Brasuca não tem?

O Mostrengo, Azeituna, Tuna de Ciências da Universidade do Minho, ao vivo no Centro de Congressos de Aveiro, 2007


Portugal tem... lusófonos! Apesar da sua dimensão, ou por isso mesmo, o Brasil nunca conseguirá envolver na causa lusófona mais que uma pequeníssima percentagem das suas elites – a lusofonia é, e será durante muito tempo, ignorada pelo Povo Brasileiro. Mas é possível, numa década, envolver uma parte expressiva do Povo Português na causa lusófona – esta é a grande vantagem dos povos pequenos sobre os grandes: a sua unidade é maior.
Dos PALOP (e de Timor), nem vale a pena falar no que diz respeito a «sentimento lusófono» na maioria da população: não existe. É certo que «lusofonia» é um termo de recente cunhagem política, ainda equívoco e a forjar o seu próprio trilho – mas os PALOP (Timor ainda mais) têm outro sentimento que substitui aquele: o de se sentirem ligados a Portugal. A separação política foi há menos tempo. Enquanto que no concernente ao Brasil vivemos desde 15 de Novembro de 1889 (data da implantação da República do Café-com-Leite) no romantismo dos «povos irmãos», com pouquíssimas consequências políticas de aproximação, muitas palmadinhas mútuas nas costas, etc, e só muito recentemente, com a descoberta do Portugal-país-da-Europa-Comunitária e o fenómeno migrante brasileiro, medidas políticas, com alguma espessura, foram tomadas.
A realidade é esta: o Povo Brasileiro, o povo humilde (e esse é sempre o Povo) sabe tão pouco da lusofonia quanto de Portugal. Gostam de Portugal, é certo, mas do mesmo modo ideal e sonhador com que qualquer Português humilde gosta de Viriato.


K. N.

8 de Dezembro, em São Paulo...


Hoje, às 15h, na Biblioteca Municipal de Sesimbra...

Lançamento d' O Plutocrata, de Orlando Vitorino.


Para ver: http://filosofia-extravagante.blogspot.com/2009/11/sabado-as-1500-na-biblioteca-municipal.html

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Achamos bem que verifiquem...


E ainda dizem que as Petições MIL não produzem efeito...

Protocolo distribui milhares de livros nas comunidades lusas

Milhares de livros serão distribuídos nas comunidades portuguesas no âmbito de um acordo assinado hoje entre a Secretaria de Estado das Comunidades e a Imprensa Nacional-Casa da Moeda, informou o gabinete do secretário de Estado.
No total serão distribuídas 400 mil obras de Literatura, História, Poesia, Teatro, Espistolografia, Filosofia, Ensaio e Critica, entre outros, às associações portuguesas no estrangeiro, nomeadamente gabinetes de leitura, leitorados e escolas portuguesas.

«Trata-se de uma cooperação com a principal instituição na edição de obras de inegável valor literário e científico que enriquecerá o espólio quer das estruturas diplomáticas e consulares, quer das associações das comunidades portuguesas», declarou António Braga à Agência Lusa.


Fonte: Diário Digital / Lusa

P.S.: A Petição MIL "NÃO DESTRUAM OS LIVROS!" (http://www.gopetition.com/online/28707.html) foi já entregue na Assembleia da República, dado que superou a fasquia das 4 MIL assinaturas.
A Petição continua, ainda assim, aberta a novas subscrições.

Será verdade?

Ministra portuguesa garante acordo ortográfico em janeiro

Bruxelas, 27 nov (Lusa) - A ministra portuguesa da Cultura, Gabriela Canavilhas, disse nesta sexta-feira em Bruxelas que o acordo ortográfico entrará em vigor em Portugal conforme previsto na planificação, sem atrasos, em janeiro.

"Há uma planificação prevista que vai ser cumprida, tal como ela foi aprovada", disse a ministra durante uma reunião com os seus colegas da União Europeia.

Além disso, Canavilhas lembrou que "já vai começar a haver ajustes e adaptações", dando como exemplo os manuais escolares e a Agência Lusa, que vai começar a publicar suas notícias de acordo com as novas regras.

O acordo já está em vigor no Brasil desde janeiro deste ano e deverá começar a ser aplicado em Portugal em janeiro de 2010.

O acordo ortográfico foi aprovado em dezembro de 1990 por representantes de Portugal, Brasil, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, porque Timor Leste só aderiu em 2004, após a independência da Indonésia.

Para vigorar, o acordo tem de estar ratificado por um mínimo de três dos oito países, o que foi alcançado em 2006 com São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Brasil, seguidos de Portugal.

A Guiné-Bissau ratificou o texto neste mês, faltando apenas Angola e Moçambique. Timor Leste ratificou em setembro.

Blog Revista Lusofonia

Está no ar a edição de Novembro completa do Blog Revista Lusofonia.
www.revistalusofonia.wordpress.com

Artigos:
· Os dois principais Focos do Instituto Histórico de São Paulo
· Diálogo com os leitores
· Leituras de Férias, por João Alves das Neves
· A Arte da Dubiedade como previsão do Futuro, por Dalila Teles Veras
· Novo Acordo Ortográfico, por Pedro Silva
· O Mito da Liberdade de Expressão, por Isabel Gouveia
· Por Portugal – e Mais Nada, por José Campos e Sousa
· Profissão do Futuro no País do Futuro!, por Fabiola Neves Nese
Notas e comentários
. Livro de Cyro de Mattos é publicado na Alemanha
. A cultura na rede mundial
. Fernando Pessoa, Salazar e o Estado Novo

Boa leitura a todos,
Fabiola

Dubai-bye

Entre hoje e terça feira próxima, os Mercados - os juízes mais severos do mundo - vão ler a sentença do Dubai. Isto a seguir a o Dubai Fund - o mega-fundo de investimento controlado pelo Estado soberano do Dubai , paraíso dos patos-bravos planetários - ter anunciado não estar em condições de pagar as suas próximas dívidas.

Os pessimistas falam de uma segunda Islândia - um pouco maior, desta vez.

A seguir com atenção pelos que defendem a saída de Portugal do abraço de urso do Euro...

Livraria Centésima Página

Para o Renato

Esta foto, tirei-a a um graffiti que se encontra no meio de fabulosos frescos, na entrada da Livraria Centésima Página, em Braga.

Esta livraria, instalada no belo edifício que é a Casa Rolão, um exemplo da arquitectura do século XVIII, em estilo barroco, é um lugar especial que vale a pena visitar. Uma livraria de cinema, onde o espaço se multiplica em salas e pátios.

A Casa Rolão, segundo dados oficiais, foi construída entre 1759 e 1765, para um industrial bracarense, e é um imóvel classificado de interesse público desde 1977. A sua construção é atribuída a André Soares.

Passam hoje 202 anos...

A 27 de Novembro de 1807, a família real portuguesa, acompanhada da respectiva corte, embarca para o Brasil, por ocasião das invasões francesas. A frota, comandada pelo vice-almirante Manuel da Cunha Souto Maior, far-se-á ao mar a 29 de Novembro, um dia antes da chegada a Lisboa do General francês Junot à frente de um exército com cerca de 26 mil homens.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A recordar a morte de Mário Cesariny...

Todos Por Um

A manhã está tão triste
que os poetas românticos de Lisboa
morreram todos concerteza

Santos
Mártires
e Heróis.

Que mau tempo estará a fazer no Porto?
Manhã triste, pela certa.

Oxalá que os poetas românticos do Porto
sejam compreensivos a pontos de deixarem
uma nesgazinha de cemitério florido
que é para os poetas românticos de Lisboa não terem de
recorrer à vala comum.


Mário Cesariny



O Papá que veio do Leste, Mário Cesariny, 1980

Por onde depois mil passarão...

Um jogo o mundo é
Jogo de sorte e de azar
Caminho sem horizonte

Há contudo aqueles que vacilam
E que caiem, culpando o destino
Como se destino houvesse

E aqueles que avançam, sempre
Pela sua vontade, abrindo a via
Por onde depois mil passarão



Já em Angola, a voz da Igreja continua uma das poucas vozes realmente livres...

Corrupção e pobreza preocupam seriamente os bispos angolanos

O novo presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé, D. Gabriel Mbilingi, fala sobre os assuntos que mais preocupam a Igreja num país em franco desenvolvimento económico, mas marcado ainda por muitas desigualdades.

Angola cresce a olhos vistos, a nível económico. O arcebispo de Lubango reconhece esta evolução e elogia o aumento de serviços, mas lamenta a desigual distribuição da riqueza no seu país.

“O que nos preocupa é esta constatação de pobreza que nós vimos, enquanto vemos que há serviços que são oferecidos cada vez mais à comunidade, mas ao mesmo tempo o acesso a esses serviços, falo por exemplo na água, na luz, do pão, e até numa situação de crise, naturalmente os pobres ficam mais pobres, é essa a nossa preocupação. Muito dinheiro está na mão de pouca gente e muita gente vive dificuldades no seu dia-a-dia”, afirma D. Gabriel.

Para o novo presidente da Conferência Episcopal Angolana, um dos principais problemas continua a ser a corrupção. “Apesar de reconhecer alguns avanços, a corrupção, a vários níveis é uma realidade que não podemos deixar de denunciar como um mal, chamamos-lhe um cancro. Se não for debelado, não se pode falar de desenvolvimento.”

D. Gabriel refere ainda alguns pontos da constituição que gostaria de ver esclarecidos, pedindo que este assunto não seja manchado por questões partidárias. “Na constituição em si há pontos nos quais temos um interesse em particular. Preocupa-nos, por exemplo, a laicidade, gostaríamos de ver maior claridade nesse aspecto. Preocupa-nos questões como o exercício dos três poderes, sobretudo o judicial. A questão da terra, pertence ao Estado ou aos cidadãos? A constituição não deve ser partidarizado, porque é um assunto que diz respeito a todos, independentemente das cores políticas que possamos ter.”

Na ordem do dia continua a descriminação de que se diz alvo a Rádio Ecclesia, emissora da Igreja Angolana que frequentemente denuncia escândalos e abusos de poder por parte das autoridades, mas que tem visto o seu funcionamento limitado

“A desculpa é sempre a mesma, que a lei da imprensa não está regulamentada, mas lamentamos que a Radio Ecclesia seja sempre a ser relegada para último lugar. É uma das questões mais claras de que a liberdade de imprensa não passe de uma expressão, porque de facto isso não acontece. Não é uma questão prática, é uma questão política. Os equipamentos até estão nas dioceses. Este é um disco que vem já riscado de tanto uso. Se não se mudam as coisas é porque não há vontade política”, garante o arcebispo de Lubango.

Por fim, D. Gabriel Mbilingi aborda a crise humanitária que está a surgir na zona fronteiriça com os dois congos, de onde milhares de angolanos estão a ser expulsos. “Solidarizamo-nos com eles. Precisamos de perceber um bocado mais as razões profundas que levaram os governos a permitir aquilo que aconteceu, e que é lamentável, porque de facto criou uma crise humanitária. Nós olhamos sobretudo para este aspecto humanitário. O que fizemos, a nível da Igreja de Angola, foi a partir da comissão Justiça e Paz e da Cáritas, organizar as ajudas que a Igreja procurará, a partir das comunidades, ajudar os irmãos que vieram dos dois congos.”


Fonte: RR

Entretanto, em Moçambique...

Brasil ajudará Moçambique a formar especialistas em etanol

O Brasil deverá formar estudantes moçambicanos no uso de tecnologias de produção de etanol, uma das apostas do governo de Moçambique, que aprovou investimentos estimados em biliões de dólares para o sector.

Uma missão empresarial brasileira está na capital Maputo para analisar as oportunidades de investimento na área dos biocombustíveis, particularmente na produção de álcool a partir da cana-de-açúcar.

Os empresários brasileiros reuniram-se hoje com investidores moçambicanos e da Suazilândia, país vizinho, num evento organizado pelo Centro de Promoção de Investimentos (CPI) de Moçambique.

No final do encontro, uma fonte do CPI disse à Agência Lusa que o chefe da missão empresarial brasileira manifestou interesse em formar estudantes moçambicanos na utilização de tecnologias de produção de etanol, visto que o País é líder mundial na transformação do açúcar em álcool para o uso na área dos biocombustíveis.

O governo brasileiro, explicou o embaixador do país em Maputo, António de Souza e Silva, apoiou a comitiva pois é estratégia do Brasil tornar a produção do etanol em escala mundial, visto que hoje 80% das usinas estão no Brasil e EUA.

"O Brasil produz 270 mil milhões de litros e consome 220, pelo que a oferta brasileira é reduzida, por isso a ideia é criar uma massa crítica sobre o etanol no mundo", disse o embaixador.

Para ele, "a tendência natural" é que os empresários brasileiros invistam na produção de etanol no país africano e que a missão teve como principal objectivo apresentar o trabalho que está sendo realizado no Brasil, desde a produção de cana de açúcar à maquinaria e aos parques de etanol.

Moçambique, acrescentou Silva, já tem quatro grandes fábricas de açúcar e planos para duplicar a produção, pelo que o etanol daria segurança no abastecimento de combustível e poderia exportar parte do produto.

O director do Centro de Promoção de Agricultura de Moçambique, Roberto Albino, assegurou que o executivo de Maputo vai duplicar, num máximo em quatro anos, a produção de açúcar para cerca de meio milhão de toneladas.

Durante a década de 90, Moçambique investiu 16 milhões de dólares na recuperação de campos agrícolas e unidades industriais de Marromeu, Mafambisse, centro, Maragra e Xinavane, sul. Actualmente, Moçambique produz aproximadamente 250 mil toneladas de açucar.

No âmbito da cooperação com Moçambique, o governo brasileiro investiu na construção de uma fábrica de medicamentos antiretrovirais em Maputo, um Centro Florestal na Manhiça, perto de Maputo, e tem empreendimentos de carvão em Moatize, Tete, centro, desenvolvido pela companhia Vale.

Em Nacala, em conjunto com o Japão, estão sendo realizados aportes na agricultura, como a correcção de solos e adaptação de sementes. Fora o programa de bolsas de estudo, que chega a 50 por ano para mestrados e doutorados, lembrou o embaixador.

Tudo isto faz de Moçambique o maior beneficiário do Programa Pró-África, uma iniciativa do governo brasileiro ligada à investigação científica, sendo que 36% do total dos seus projectos são dedicados aos moçambicanos.


Não há forma da situação se acalmar na Guiné...

Procurador investiga documento «secreto» que caiu no domínio público

A Procuradoria-Geral da República da Guiné-Bissau vai investigar a divulgação de um documento "secreto" da Divisão de Informação e Segurança Militar do país, que alerta para riscos de instabilidade devido a divisões internas no partido no poder.

No âmbito das investigações, e segundo dois documentos a que a agência Lusa teve acesso, o Procurador-geral da República guineense, Amine Saad, pediu para ouvir o coronel Samba Djaló, director da Divisão de Informação e Segurança Militar, e o deputado do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Roberto Cacheu.

Num documento enviado ao ministro da Defesa Nacional, o procurador-geral da República pede que o coronel Samba Djaló seja ouvido porque "qualquer ameaça por mais pequena que seja deve ser tomada em devida conta".

"Entendemos crucial e pertinente a audição (...) em ordem a apurar-se a veracidade através de provas, que seguramente, tem na sua posse, da denúncia contida no documento em apreço", refere o documento.

O deputado do PAIGC Roberto Cacheu será ouvido pela Procuradoria-geral da República para "apurar a veracidade ou não da denúncia".

O deputado Roberto Cacheu distribuiu o documento qualificado de "secreto" a organismos internacionais, grupos parlamentares, primeiro-ministro e presidente da Guiné-Bissau, acompanhado de uma carta em que denuncia uma "permanente perseguição".

O documento da Divisão de Informação e Segurança Militar da Guiné-Bissau alerta que o PAIGC pode pôr em causa a vitória alcançada nas eleições legislativas de Novembro de 2008, devido a "contradições internas no seu seio e que podem contribuir para intoxicar a relação entre os dois altos mandatários do país".

"Existem militantes do PAIGC que já estão a perspectivar a realização de um congresso extraordinário a fim de proporcionarem o afastamento de Carlos Gomes Júnior da liderança do partido e consequentemente a sua exoneração do cargo de primeiro-ministro", acrescenta o documento a que a agência Lusa também teve acesso.

O documento refere o nome de alguns políticos guineenses, nomeadamente de Roberto Cacheu, que acabou por divulgar a informação confidencial a organismos internacionais a fazer a denúncia de "permanente perseguição".

A PGR pediu para ouvir o deputado Roberto Cacheu e o coronel Samba Djaló na segunda-feira.


Fonte: Oje

A raiz e os frutos




Vi falar de café com açúcar aqui e venho, claro, meter a colher.

Suponhamos que há um grupo de pessoas que, sobre um determinado assunto, têm uma determinada opinião. Outros discordam, e de entre os que discordam há uns que pensaram muito nesse assunto e outros que falam sem pensar. O costume.

E suponhamos que o primeiro grupo de pessoas diz o seguinte: "nós chegámos à conclusão de que a nossa opinião é a verdadeira, e portanto somos nós os ortodoxos (esta palavra é feita inteirinha a partir do grego: orthos, o verdadeiro, o correcto, e doxa, opinião); vamos, para facilitar a vida a todos, fazer uma lei a definir isso mesmo".

Gostava de saber se alguém que me leia não sente, lá no fundo no fundo, um princípio de simpatia pelos... heterodoxos?! Mas hetero não quer dizer incorrecto, pois não?

As palavras são coisas muito engraçadas.

Agora queria sugerir que olhassem a imagem que está ao cimo deste textinho; não sei se conseguem ler, na segunda linha, a palavra... bautisei (bom, eu explico: é um assento de baptismo de 1663, escrito por um pároco - supostamente com um mínimo de instrução - de uma freguesia do Norte de Portugal).

Muito mal se escrevia no Norte em 1663, não é? Felizmente, em Coimbra e em Lisboa havia pessoas muito cultas. Ortodoxas até mais não poder ser (normalmente, um bocadinho pedantes, adoravam falar latim); e ortografaram as palavras, ou seja, ensinaram-nos a escrever... tal como pronunciavam em Lisboa, e em Coimbra, as pessoas que adoravam falar latim. Ou seja, correctamente... baptismo, pois.

Quem duvida diga a um galego que pobo se escreve com v.

Coitado do pároco nortenho, labrego que era tão longe da capital. Coitados dos bárbaros da Europa: se tivesse havido um acordo ortográfico há mil e quinhentos anos, talvez ainda escrevêssemos todos em latim - ou pelo menos, todos da mesma maneira...

Quero dizer com isto, fique claro, que este acordo é excelente, uma vez que o português já está, por todo o lado, ortografado. Escreveremos tal como dizem que dizemos, ou como devíamos dizer. O pior é se não dissermos da mesma maneira, se formos labregos. Mas não culpem os políticos pela uniformização do mundo: a coisa começa nos professores, que disso o Estado os encarregou.

De raízes não sei. Mas abençoada seja, sempre, a diversidade insolente dos frutos.

Recado aos cépticos do AO, que me sacam o 'fair-play' quando falam na defesa da raiz da língua.

Aqueles que pensam ser donos da língua (preconceito?), precisam não esquecer que os africanos (no caso, árabes) tinham atravessado o mediterrâneo fixando-se na península ibérica, muito antes dos portugueses descobrirem África. E também que, a língua que hoje falamos é uma construção colectiva desde os tempos da colonização africana, romana, e posteriormente à medida que nos espalhámos no mundo e fomos assimilando palavras do japonês, do malaio, do quimbundo, do tupi, do bantu, etc.

Que alguém tente retirar do português as palavras árabes, e depois, por exemplo, se atreva a pedir café com açúcar (não vale usar o termo lisboeta de bica que, confesso, se trata de uma palavra de qualidade estética duvidosa e se refere a um café expresso), verá então a estrondosa vantagem de apresentar à nação uma alternativa viável ao incontornável vocábulo "incontornável"; a saber: "inignorável" do AO.

Mais exactamente, aproveito esta janela de oportunidade para solicitar um esclarecimento: o que tem a ver o AO com a raiz da língua, gaita?


Nota: Isto a propósito de conversas que vamos tendo por aí, e também de conversas que vamos lendo por “acoli”.

Línguas no Twitter




O grupo de pesquisa norte-americano Web Ecology, que mapeou uma amostra de 1 milhão de mensagens no site Twitter, indicou que a língua portuguesa é a segunda mais usada.

O inglês foi a língua utilizada em cerca de 62% das mensagens, enquanto o português foi a língua de cerca de 9,5% delas. A terceira língua identificada foi o japonês, com 6%; a quarta, o espanhol, com quase 3%.

Muito bem! Mas se vamos à pagina de definições do Twitter para escolher a língua que queremos utilizar, vamos ver estas opções:

Spanish-Español
English
French-Français
Japanese

E Português?

Que a malta do Twitter saiba que está na hora de colocar o português também!


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u627761.shtml

A língua portuguesa no Japão



Aqui está um artigo de uma japonesa sobre a língua portuguesa no Japão:

Desafio da língua portuguesa no Japão contemporâneo
Atsushi Ichinose
Universidade Sophia, Tóquio, Japão


O ano 2008 é um ano muito especial para as relações entre o Japão e o Brasil na medida em que se comemora o centenário da imigração japonesa para o Brasil. Este fenómeno migratório, embora com tantos sacrifícios e dificuldades, faz parte de histórias de sucesso na História de um país de imigrantes que é o Brasil.

Quando o Brasil sofria de agonizante situação económica na década de 80 do século passado (a chamada década perdida), o Japão, pelo contrário, usufruía do excelente resultado do desenvolvimento económico iniciado depois da Segunda Guerra Mundial. Esta situação contrastante desencadeou o fluxo migratório dos brasileiros de origem japonesa (os nikkeis) para trabalharem no país do sol nascente e da sua origem. Neste momento, encontram-se mais de 300 mil brasileiros a viver e trabalhar no Japão. Isto significa que há, neste país, mais de 300 mil falantes nativos da língua portuguesa.

Em Portugal, quando se discute a situação do português na Ásia, pensa-se logo em Timor-Leste. Não se deve esquecer, no entanto, de que há mais falantes do português no Japão que em Timor-Leste. É claro que o “regresso” ao Japão dos “nikkeis” não é isento de dificuldades e problemas, entre eles, sobretudo para as crianças brasileiras, a língua é uma das maiores barreiras na sua vida quotidiana. Embora no vocabulário japonês haja palavras de origem portuguesa como “botan” (botão) ou “kappa” (capa), este facto não ajuda muito na comunicação entre japoneses e brasileiros.

Uma das razões do sucesso da imiigração japonesa na sociedade brasileira é a vonade dos pais de oferecer o melhor ensino escolar aos seus filhos. Mas agora as crianças brasileiras de idade escolar no Japão são obrigadas a enfrentar obstáculos maiores, pois elas não têm habilidade suficiente da língua de ensino que é o japonês nem podem desenvolver a capacidade linguística da língua materna que é o português.

O resultado desta situação é o aumento de crianças com semi-literacia. Na realidade, como a sociedade japonesa ainda não está bem preparada para aceitar imigrantes estrangeiros, os seus direitos linguísticos não são suficientemente respeitados. O que é necessário e urgente é que se criem infra-estruturas para as crianças brasileiras aprenderem tanto português como japonês. No início do Século Vinte Um, impõe-se um grande desafio para o Japão se tornar uma sociedade aberta e multicultural. Ao mesmo tempo, o português deverá tentar ser um “membro” do mapa linguístico do Japão.


Fonte: Internet www.app.pt/RESUMOS-B/Ichinose-B.doc
NB: Artigo copiado tal como é publicado. Nada foi alterado.

Da língua portuguesa em Timor...

A língua portuguesa, "por uma questão de identidade, veio para ficar" no Timor Leste, onde cerca de 20% da população falam o idioma, informou nesta quinta-feira à Agência Lusa a nova embaixadora timorense em Portugal, Natália Carrascalão.
Em entrevista concedida na Cidade da Praia, onde entregou, na quarta-feira, a diplomata ressaltou que, apesar dos constrangimentos sofridos pelos timorenses durante a ocupação indonésia (1975/2002), o português "fazia parte" da população.
"A língua portuguesa veio para ficar, porque foi escolhida pelos líderes políticos da época, na sequência daquilo que a população queria. O português é uma língua de timorenses também. Quando escolhemos a nossa língua foi por uma questão de identidade. Fazia parte de nós", afirmou.
Atualmente, prosseguiu, as crianças já aprendem o português nas escolas, e os adultos com mais de 40 anos geralmente falam o idioma. "Muito rudimentarmente, mas falam".
"A forma de pormos a língua portuguesa a andar para a frente passa também pelo apoio, por exemplo, da RTP Internacional, que é muito vista no Timor Leste, que poderia começar a passar programas mais agradáveis para que aquela juventude comece a vê-la e ouvi-la", defendeu.
"Não quero estar a ser muito otimista, mas, se se percorrer Díli, já não deve haver ninguém que não saiba dizer algumas palavras em português. Posso ser muito otimista, mas acredito que pelo menos 20% da população já fale português", referiu.
Sobre a situação atual no Timor, Carrascalão afirmou que o país vive um momento de grande desenvolvimento e, em 2010, começarão a ser vistos os resultados da aposta nas infraestruturas rodoviárias, portuárias e aeroportuárias, que vão, paralelamente, permitir desenvolver o setor do turismo.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

25 de Novembro de 1975

25 de Novembro de 1975

«O 25 de Novembro, implicou algum esforço de contenção, superando-se as ameaças esquerdistas e o aproveitamento da direita e extrema-direita. Na altura, pensei que o 25 de Novembro era apenas uma manifestação de rebeldia por parte dos pára-quedistas. Agora, a posteriori, analisando as acções passadas e, sobretudo, as reuniões levadas a efeito para se fazer face a um golpe, parece-me pois que o 25 de Novembro, se não foi provocado, foi pelo menos muito facilitado por alguns grupos que pretendiam realmente a definição de situações e o afastamento de determinados elementos, não apenas militares, mas também políticos que, na altura, detinham uma certa preponderância.»

Do discurso do Presidente Francisco da Costa Gomes acerca do 25 de Novembro.

Notas ao "Império não-imperial"

1. Curiosíssima a declaração de Durão Barroso que podemos ver no post aqui . Não sou suspeito de ser barrosista, europeísta, ou de ter tido qualquer entusiasmo pela famosa fotografia dos Açores, e por isso estou completamente à vontade para falar.

2. Por mim vale a pena tomá-la a sério, até para ter uma base para confrontar os senhores da capital do império (Bruxelas?) com os resultados da sua política. Tomemos esta ideia a sério, e discutamo-la em abstracto (é o que há anos tem vindo a fazer o autor do post...); vejamos depois duas coisas que são diferentes dela - e diferentes entre si - que são (a) a de saber se a política dominante na União Europeia é ou não concretização e exemplo desta noção, e (b) se a ideia de um império não-imperial na Europa, em que Portugal se inclua e reveja, choca ou não com a comunidade a que o MIL se propõe, e que abrange parcelas de todos os continentes.

3. Vale também a pena pensar se é ou não verdadeiro o argumento que Barroso usou logo no princípio da sua resposta, e que é o da manifesta insuficiência dos Estados nacionais - dada a sua dimensão - para gerir os problemas globais que cada vez mais se nos colocam (clima e segurança foram os referidos, penso que há, obviamente, um outro da mesma dimensão a que o Presidente da Comissão se não quer referir - a devastação causada pelo descontrole mundial do capitalismo financeiro).

4. Esse argumento da insuficiência aplica-se, está bem de ver, a Estados com a dimensão da Bélgica ou da Hungria, e não (tanto) a colossos como a Rússia, o Brasil, o Canadá ou a Índia; poderíamos dizer que a nossa comunidade tem então o seu problema resolvido, pois dela fará parte o Brasil (digo mesmo mais: dela será elemento polarizador o Brasil) ou não será nunca coisa nenhuma. Falta saber se é mesmo assim, pois nem a Galiza nem a Guiné nem Timor, para dar três exemplos apenas, podem trocar de lugar geográfico com o Uruguai... e a segurança, a interdependência económica, o planeamento necessário para enfrentar as alterações climáticas, o comércio que não seja conduzido e gerido por multinacionais, etc etc, terão sempre como factor essencial a proximidade. Timor que o diga.

5. Poderá dizer-se também que esse argumento da dimensão é perigosíssimo, porque os países grandes são inevitavelmente ambiciosos e maus, e esse seria pois o destino da Europa... É terrível se isto for verdade, pois a nossa comunidade abrange pelo menos dois países grandes - o Brasil e Angola...

6. Finalmente, resta saber se, admitindo os 'impérios não-imperiais", é possível a alguém saber-se simultaneamente integrado em dois... sim, esta construção é a nave-mãe dos UFOS. Não vai ser fácil. Mas isso não é o mesmo que dizer que os OVNIS não existem...

Quer saber o que é o MIL?

Ainda (sublinhe-se o ainda) não aparece no Diário da História de Portugal, é certo.

Mas já aparece na Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/MIL:_Movimento_Internacional_Lus%C3%B3fono

Já dos "milinhos" não reza(rá) a História...

A União Europeia não caminha para ser um «super-estado», porque é um «império não-imperial»


Conferência de Imprensa no Parlamento de Estrasburgo, Alsácia Francesa, 2007, EUX TV


Pergunta do jornalista: O que será a União Europeia no futuro? Será um super-estado?

Entre outras coisas (como considerar que, no quadro político contemporâneo, os estados-nação já não conseguem resolver sozinhos problemas globais nem a segurança), José Manuel Barroso, Presidente da Comissão Europeia, negou a ideia de super-estado e comparou a União Europeia a um império mas «um império não-imperial» e a «um objecto político não identificado» (humor com o conceito anglo-saxónico de UFO: OVNI). A meditar...


Pequena nota de humor político
A Alsácia (bem como a Lorena) sempre foi parte de disputa entre a Alemanha e a França, sendo pomo de discórdia e «mudança de mãos» em três guerras, terminadas em 1871, 1918 e 1945. Nesta região se têm localizado (ou deslocalizado) importantes organismos Comunitários, como simbolismo da paz e união europeias. Ressalve-se que a CEE surgiu no âmbito do desenvolvimento das consertações políticas europeias para evitar uma III Grande Guerra, tendo tido a França um papel crucial, receosa da Alemanha sua vizinha. Por enquanto, a nova Alemanha reunificada tem apoiado a posição francesa e a União Europeia...
A Língua Alsaciana pertence ao tronco das línguas germânicas e não é reconhecida pelo Estado Francês como língua oficial, apesar de ser permitido o seu ensino na instrução primária.
Estendendo-se numa planície com o rio Reno a Leste, numa faixa cujo comprimento é quatro vezes a sua largura, e com as montanhas dos Vosges a Oeste, a Alsácia, com o seu clima subcontinental de invernos frios e verões muito quentes, é um verdadeiro paraíso para qualquer bárbaro das neves; quase não há chuva, sendo a cidade de Colmar a segunda cidade mais seca da França, depois de Perpignan. A Alsácia é a mais pequena região da França, com 8.280 km² (1,5% do total do território francês) e cerca de 20.000 habitantes.

O Integralismo Lusitano

Lisboa, 7 de Abril de 1915

Os intelectuais ligados ao movimento Integralismo Lusitano promoveram uma série de conferências na Liga Naval Portuguesa sobre o tema A Questão Ibérica. O mentor do grupo, António Sardinha, defendeu a identidade portuguesa no conjunto peninsular. Esta posição é uma das traves-mestras do ideário integralista, monárquico, católico, inspirado em Charles Maurras, Bermanos e outros escritores da Action Française.
O integralismo visa integrar valores do passado colectivo nacional na nova ordem. Procura ligar o ancestral e o moderno. Na revista do movimento, Nação Portuguesa, fundada por António Sardinha, Alberto Monsaraz e Hipólito Raposo, têm colaborado José Adriano Pequito Rebelo, Francisco Vieira de Almeida, Luís Cabral Moncada, entre outras. À filosofia positivista, subjacente ao republicanismo, contrapõem os integralistas uma reflexão prospectiva do passado para construir o futuro.
Ao «verbo maldito» de Junqueiro que esperava o renascer da Pátria com o advento da República, opõem a revalorização de arquétipos históricos e a construção de uma monarquia, vivificada pelo espírito dos novos tempos.
O integralismo é uma reacção contra a anarquia e desperta a adesão de largas camadas da juventude.


In Diário da História de Portugal, de José Hermano Saraiva e Maria Luísa Guerra, p. 504.

«O escândalo» do Orpheu

Lisboa, 25 de Março de 1915

Está à venda o primeiro número da revista Orpheu (Janeiro-Fevereiro-Março) fundada por Luís de Montalvor, Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Almada Negreiros, Armando Cortes-Rodrigues, Alfredo Guisado, o brasileiro Ronald de Carvalho.
São jovens intelectuais cujas idades oscilam entre os 27 anos (Fernando Pessoa) e os 19 (António Ferro, o editor).
A revista, que nasceu nas tertúlias destes homens de letras, nos cafés Martinho e Irmãos Unidos, insere-se nas novas correntes estéticas futuristas e apresenta-se com um espírito provocatório e agressivo a que não é estranha a consciência da guerra que assola a Europa.
Santa-Rita Pintor e Mário de Sá-Carneiro têm transmitido de Paris as novidades dos meios de vanguarda literária e artística e são essas novidades, formalizadas agora em Orpheu, que escandalizam a sensibilidade e os critérios da pequena burguesia nacional e dos seus literatos tradicionalistas.

Desde a arrojada capa de J. Pacheko, aos novos signos gráficos (letras, grandes números), à distorção de ritmos, aos vocábulos insólitos, à intenção anti-saudosista, à exaltação febril das realidades que derivam da indústria e da máquina, tudo é «escandaloso».


In Diário da História de Portugal, de José Hermano Saraiva e Maria Luísa Guerra, p. 504.

Os nossos parabéns ao Miguel Real, membro do Conselho Consultivo do MIL...

Miguel Real vence Prémio Jacinto do Prado Coelho 2008

O livro "Eduardo Lourenço e a Cultura Portuguesa", de Miguel Real e editado pela Quidnovi, foi o vencedor do Prémio Jacinto do Prado Coelho 2008, informou esta terça-feira a Associação Portuguesa dos Críticos Literários, que atribui o galardão.
Segundo Liberto Cruz, presidente da Associação Portuguesa dos Críticos Literários e membro do júri, ao lado de Manuel Frias Martins e Carlos Jorge Figueiredo Jorge, o livro de Miguel Real foi distinguido «pelas reflexões brilhantes e pela interpretação que o autor faz da obra produzida por Eduardo Lourenço entre 1949 e 1997».

Eduardo Lourenço figura entre os anteriores galardoados com o Prémio Jacinto do Prado Coelho, que é atribuído há mais de 20 anos e já coube também a Óscar Lopes, Vergílio Ferreira, António José Saraiva, José Gil, Carlos Reis e Maria Alzira Seixo, entre outros.

O galardão, que consagra as modalidades de ensaio, crítica, história da literatura e teoria da problemática literária, tem o valor pecuniário de 5000 euros e é patrocinado pela Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas.

O Prémio Jacinto do Prado Coelho 2008 será entregue a 15 de Dezembro, na Sociedade Portuguesa de Autores.

Lusa

Profissões na CPLP

Quando vim para o Brasil fiquei surpreendido com a quantidade de leis de convergência lusófona já existentes. Pensei para mim, por vezes queremos fazer coisas que já existem...

Com o tempo vi que na prática elas funcionam muito pouco. Ainda há muito para fazer. Falo de coisas a serem possíveis já...

Continuando português, mas obtendo o estatuto de equivalências de direitos civis e políticos, posso concorrer a praticamente todos os concursos e eleições que um brasileiro pode. Para além disso, mesmo sem adquirir este estatuto (que paradoxalmente é mais dificil que a naturalização em muitas circunstâncias) qualquer português pode concorrer a qualquer universidade estatal em igualdade de circunstâncias de qualquer brasileiro.

Inocência minha! Sim, mas eu aqui no Brasil sou equivalente a um brasileiro que tirou o curso no estrangeiro e tem de validar agora aqui no país. E eu que pensava que isso queria dizer que as equivalências eram automáticas...

Há 3 anos que estou tentando tirar equivalência da minha licenciatura em engenharia. Quanto tempo demorará para o doutorado? Ai minha FEUP, mais de 2 anos para tirar um mero certificado descritivo das cadeiras! É que já foi há muito tempo, dizem eles... E podem ter a certeza que telefono muitas vezes...

Para além de nos ineficientes serviços acadêmicos que não é novidade nenhuma, sempre foi assim..., todas estas peripécias me fizeram refletir no imenso trabalho que pode ser feito a nível da CPLP.

Não se poderia fazer um organismo que daria creditação às universidades a nível da CPLP. Uma ordem dos engenheiros da CPLP, uma ordem dos advogados, etc.? Não seria isto uma coisa fácil de fazer? Estarei a ser ingênuo mais uma vez? Não poderia o MIL fazer uma proposta oficial neste sentido, pelo menos no que respeita à primeira sugestão?

Cartografias da Memória: Sábado 28, no Museu do Trabalho Michel Giacometti




Ovos de ouro

Anuncia o Jornal de Negócios (reportando-se ao gabinete do Ministro das Finanças) que não será no próximo ano (e duvidosamente nos próximos quatro) que passam a ser tributadas as "mais-valias mobiliárias", isto é - simplificando algumas coisas - que passa a ser cobrado imposto sobre aquilo que eu ganho se vender hoje, a cinquenta cêntimos cada, acções de uma empresa que me custaram um cêntimo cada há, por exemplo, dois anos atrás.

Como quase sempre, o nosso MF tem toda a razão em ser prudente: a razão (reafirmada aos jornalistas) é a de não estar feita a avaliação dos efeitos que tal medida teria na ''deslocalização de capitais'' - assim a modos que dizer: "os estrangeiros se calhar tiram de cá o dinheiro, e é um sarilho."

Dr. Santos, por favor fale com o seu colega dos Negócios Estrangeiros e veja se ele avança mais depressa com essa coisa da CPLP. Estaríamos muito mais tranquilos, e poderíamos talvez tributar sem consequências a actividade especulativa, se o dinheiro que sustenta a bolsa fosse... olhe, lusófono.

Ou reze para que as galinhas ganhem juízo, e passem a pôr ovos de ouro.

CAVem ele!

A discussão pública em Portugal sobre o TGV começou, como é entre nós hábito, mal. Começou logo pelo (mau) nome. TGV significa, para quem não saiba, “train de grand vitesse”. Por isso os espanhóis têm o seu AVE. E não é por serem marianos…

Nós, provincianos como somos, achámos que comboio de alta velocidade, para ser realmente de alta velocidade, só poderia ter um nome francês. Quando a sigla óbvia seria CAV. Mas adiante.

Depois, foi a profusão de linhas. A este respeito, uma constatação pessoal. Por razões várias, em particular por causa dos lançamentos da NOVA ÁGUIA, sou um cliente habitual do Alfa, sobretudo do troço Lisboa-Porto (e vice-versa, claro está). Da gare do Oriente até Campanhã, a viagem faz-se em pouco mais de 2h30. Mas isto porque há zonas em que o comboio quase que tem que parar, em virtude do mau estado da linha. E porque não se reparam esses pequenos troços? Precisamente para que a viagem não se faça ainda mais depressa. Pois que assim o CAV faria ainda menos sentido…

Tenho para mim que, quanto muito, se justifica uma ligação Lisboa-Madrid e Porto (ou Braga) – Vigo. Até porque o CAV só se justifica para médias distâncias (ou seja, no nosso caso, para distâncias à escala ibérica). Ninguém, por exemplo, irá de comboio, mesmo a alta velocidade, até Paris ou Bruxelas. Pour ça, il y a l’avion

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Língua: Parlamento guineense ratifica por unanimidade Acordo Ortográfico

Bissau, 24 Nov (Lusa) - Os deputados da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau ratificaram segunda-feira o acordo ortográfico de língua portuguesa por unanimidade, disse hoje à agência Lusa o deputado Augusto Olivais, do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

Galinhas!

Para que a Europa pudesse de facto “falar a uma só voz”, teria que antes:
- Portugal abdicar de ter uma relação privilegiada com os outros países lusófonos;
- a Espanha abdicar de ter uma relação privilegiada com os outros países hispânicos;
- a Inglaterra abdicar de ter uma relação privilegiada com os outros países anglófonos;
- a França abdicar de ter uma relação privilegiada com os outros países francófonos;
- etc., etc., etc.

Ou seja, ter-se-ia antes que transformar os povos europeus em galinhas…

Então sim, poderíamos eleger um galo (o tal Presidente da Europa) que, finalmente, nos pusesse a “falar a uma só voz”.

P.S.: Só a partir desta premissa (óbvia) se podem construir efectivos consensos à escala europeia…

Peru?

Acompanhando a evolução do mundo, os jornais são cada vez mais surpreendentes. A edição online do Público de hoje, aqui, traz uma notícia intitulada "Falta vontade política para que a Europa fale a uma só voz, defende Felipe Gonzalez". Ia passar à frente, e por escrúpulo fui ler. Descubro com surpresa que o antigo Primeiro Ministro do reino de Espanha está em Lisboa, num "seminário" com o curioso tema "Portugal e Espanha: o que fazer em conjunto na Europa?"

Nada de novo na análise dos "desafios". Curioso é o nosso antigo Presidente da República Mário Soares, também presente, ser citado - e para terminar o artigo - como tendo afirmado que, com a "ibero-américa", Portugal e Espanha podem "pesar ainda mais na Europa".

É a vingança sobre Colombo e Magalhães: Minas do Peru, aí vou eu!

Ou é outra coisa?

E não é por causa da Manuela...


Se o problema é ferro, falem com este homem: Manuel Godinho, o inocente «rei da sucata»

Nos EUA, aperta-se a malha contra o dumping chinês e... defesa do neoproteccionismo

Já se sabia: um dos segredos para o sucesso comercial da China é o dumping. Muitos países escolheram não encarar esse problema de frente, preferindo ceder aos interesses dogmáticos do Neoliberalismo. Mas demais é demais, e muitos começam a perder a paciência para com as manobras de Pequim. Até nos EUA - os campeões do Neoliberalismo - se começam a suceder as nova tarifas alfandegárias. Agora, são as tarifas contra a importação de tubagens petrolíferas chineses, acusadas de estarem a ser exportadas a preços inferiores aos de produção, apenas com a intenção de destruir a indústria local de fabricação de componentes para poços de petróleo: uma indústria estratégica na atualidade e ainda mais nos tempos futuros.

Segundo fontes do Departamento do Comércio dos EUA, a China estaria a exportar estes tubos a apenas 99,14% do seu preço de custo! A China respondeu alegando "abuso de proteccionismo", ameaçando - bem ao estilo chinês - com retaliações... E dizendo que tomaria "medidas para proteger os interesses da sua indústria", impondo tarifas, já que este golpe de dumping terá falhado.

Recordemo-nos de que além das tubagens petrolíferas, há outras disputas semelhantes entre os EUA e a China, sempre em torno de dumping de preços... E que algo de semelhante também ocorre na Europa. A China tem conseguido fazer assentar a sua prosperidade em vários tipos de dumping, desde o dumping laboral (falta de direitos laborais e humanos), ao dumping ecológico (ausência de leis do ambiente) até ao clássico dumping comercial (vender a preços inferiores ao do custo). Estas manhas desleais estão na base do monstruoso excedente comercial chinês e a vagas crescentes de desemprego e desindustrialização no mundo. Só a reinstauração de um neoproteccionismo que reponhas taxas alfandegárias quando o país exportador não tenha regras ambientais, de emissões de carbono nem de direitos humanos e laborais, então esses desvios têm que ser compensados de forma a não destruir os equilíbrios exigidos pela sã concorrência - o elemento vital para a Economia. A isso chamamos de "neoproteccionismo": não uma reinstauração cega e sem critérios de barreiras alfandegárias, mas uma rede de mecanismos de correcção de disfunções que reponha a verdade nas relações comerciais entre os povos, sem as prejudicar, já que é das trocas justas e saudáveis entre os povos que brota a prosperidade saudável e duradoura.

Ler notícia: http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1408624

Prémio Revelação em Literatura Infantil e Juvenil Matilde Rosa Araújo

Era uma vez... um mundo

Um grupo de jovens finalistas do Secundário, um orientador, uma escola, muitos amigos e... o mundo. No mundo, do mundo e para o mundo, num misto de culturas, pensamentos, emoções e atitudes nasce uma vontade – mostrar que a tolerância facilita o diálogo.
A OLHA Edições tem a honra de anunciar que o seu primeiro livro "Era uma vez... Um mundo" foi agraciado com o Prémio Revelação em Literatura Infantil e Juvenil Matilde Rosa Araújo, para o qual se tinha candidatado no passado mês de Junho.
Este livro foi desenvolvido no Colégio Marista de Carcavelos, sob a coordenação do Professor António Coelho.
Em nome da OLHA, e como parceira do projecto, envio aos autores e co-autores o meu abraço de parabéns.

Paula Viotti
Directora da OLHA Edições


Nota pessoal: Este prémio, ou melhor, este reconhecimento obrigatório (e tudo o que é bom deve ser obrigatório, que ninguém se engane), para além de valorizar o trabalho de quem muito estimo, deve-nos satisfazer a todos por ser atribuído a um membro activo do MIL. Daquela estirpe marcada há muitos anos num calendário antigo: os que não regateiam esforços quando acreditam no valor das coisas, das pessoas, das ideias… e sempre prontas a repetir a faina no dia seguinte.

Como o futuro está num tempo desconhecido e só o presente se vive, obrigado, Paula! Parabéns, Paula!

Filipinas na CPLP???

Fiquei sabendo que o meu país, Filipinas, junto com outros países e regiões do mundo, está a pretender ser um membro associado da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP). A possível data de discussão sobre a adesão será na Cimeira da CPLP em Luanda, Angola em 2010.

Então, supostamente a razão é os laços históricos com a expedição do Fernão de Magalhães aqui nas Filipinas no ano 1521. Bom, cabe destacar que o Magalhães fez esta expedição em nome da Espanha. Muito bem, ele era português.

Humm, não é que estou contra mas acho engraçado só porque aqui actualmente é muito difícil procurar escolas e material para aprender o português (a minha própria experiência!!!!!!) e a única razão da adesão é porque Magalhães era de Portugal, hehe. Nem há Embaixada de Portugal em Manila. A embaixada portuguesa na Indonésia esta encarregada dos assuntos consulares dos filipinos ou dos portugueses que vivem nas Filipinas. Então? Ainda bem que é só para ser membro associado!

Mas aguardem que meto aqui um link interessante que contem algumas informações que não se aprendem nas escolas filipinas e vai expor que os primeiros europeus que chegaram nas Filipinas foram os portugueses:

http://en.wikipedia.org/wiki/First_Europeans_in_the_Philippines

Se for assim mesmo, será muito giro, não é!

Mas na verdade, torço muito até os ossos para este movimento e quero que meu país seja parte desta comunidade que eu adoro muito. Assim vamos ver se esta adesão vai trazer um pouco de mudança sobre a aprendizagem do português neste país. Será que mais universidades ou escolas vão oferecer aulas? Actualmente, a única instituição/universidade filipina que oferece curso de Português é a Universidade das Filipinas e como não sou estudante de lá não posso aproveitar disso. Mas cursos para os "foresteiros", não há? Sim, há. Mas só francês, espanhol e alemão! Faltam professores. Então, graças à Internet que consigo aprender esta língua por minha própria conta e chegar a este nível mesmo que tenho muito mais a aprender. Gostava de ensinar na Universidade mas como não aprendi português formalmente numa universidade, preciso de um certificado CAPLE ou CELPE-Bras e outra vez não há nenhum centro de exames aqui (apenas os em Portugal e outros fora das Filipinas) por isso terei de ir a Portugal (e gosto!!!) para fazer o exame e obter meu certificado. Quero também ter uma formação para ser professor.

Actualmente no mundo laboral filipino há uma demanda em crescimento para os que falam português por causa das empresas de BPO ou Terceirização dos Negócios. Muitos filipinos já estão a aprender espanhol e a concorrencia está a ficar mais competitiva neste âmbito e acho que aprender outras línguas como português ou línguas asiáticas como o coreano ou tailandés por exemplo é cada vez mais vantajoso em determinados segmentos laborais. Eu sei porque vivo esta experiência, hehe.

Bom, para mim, sendo lusófilo, já tenho sido "membro" da CPLP hã anos, hehe!

http://en.wikipedia.org/wiki/Community_of_Portuguese_Language_Countries

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

E por falar no Kadafi, uma notícia deliciosa (até para perceber melhor a notícia abaixo...)

O chefe de estado da Líbia aterrou ontem em Roma para participar no Fórum de Segurança Alimentar da FAO. No que era suposto ser uma “festa”, Kadafi aproveitou o momento para tentar converter 200 mulheres italianas ao islamismo com uma palestra de duas horas.
"Procura-se 500 raparigas atraentes com idades entre os 18 e os 35 anos, com pelo menos 1,70m de altura, e com boa apresentação". Este foi o anúncio colocado pela agência Hostessweb para conseguir angariar jovens para a chegada de Kadafi.
Foram 200 as raparigas que acabaram por aparecer e a quem lhes foi prometido o pagamento de 60 euros e "lembranças da Líbia". A maioria das jovens estava à espera de uma festa, mas afinal serviram para ficar à espera de Kadafi.
Após a chegada a Roma, Kadafi deu-lhes uma lição sobre a Líbia e sobre o papel da mulher no Islão. Ao fim de duas horas, Kadafi tentou convertê-las e ofereceu uma cópia do Corão a cada uma.
"Foi tudo menos a festa VIP de que estávamos à espera. Nem sequer nos deram um copo de água", afirmou uma das senhoras presentes, enquanto que outras revelaram-se ofendidas com alguns tópicos da lição de Kadafi.
Segundo o embaixador da Líbia, Kadafi pretende repetir a dose e fazer mais "festas" durante os próximos três dias do Fórum.

Não há "ajudas" grátis (II)

Líbia oferece viaturas, fardamento e promete doar geradores

O presidente da Líbia e da União Africana (UA), Muammar Khadafi, ofereceu à Guiné-Bissau quatro viaturas todo-o-terreno, 500 peças de fardamento, 250 pares de botas militares, fotocopiadoras, computadores, e anunciou o envio de dois grupos geradores.

Os materiais, transportados por um avião cargueiro, foram entregues hoje pelo secretário da embaixada Líbia, em Bissau, Hatim Bakar, ao secretário-geral da presidência guineense, Serifo Jakité.

"É mais um gesto de apoio da Líbia ao povo amigo da Guiné-Bissau, no âmbito dos excelentes laços de amizade existentes entre a Líbia e a Guiné-Bissau", declara Hatim Bakar. De acordo com este responsável da embaixada Líbia, "muito brevemente" chegarão à Guiné-Bissau dois grupos geradores "de grande potência com capacidade para iluminar toda a cidade de Bissau". "Não posso adiantar a potência técnica das máquinas, só sei dizer que têm a capacidade para dar electricidade para toda a capital", diz Bakar.

A falta de energia eléctrica é um dos problemas crónicos da Guiné-Bissau há mais de uma década.

O diplomata líbio frisa que todo o apoio que tem sido dado pelo seu país à Guiné-Bissau se destina a ajudar a estabilização e a resolução dos "problemas prementes".

O secretário-geral da presidência guineense, Serifo Jakité, por seu turno, diz que a oferta "testemunha a excelência das relações de amizade e de cooperação entre a Guiné-Bissau e a Líbia".

As ofertas de Muammar Khadafi chegam a Bissau 48 horas após uma visita que o presidente guineense, Malam Bacai Sanhá, efectuou à Líbia, e que terminou sexta-feira.

A Líbia é um dos principais fornecedores de ajudas às Forças Armadas guineenses, nomeadamente com viaturas, géneros alimentícios e meios logísticos.

No passado mês de Abril entregou às Forças Armadas guineenses 14 viaturas topo de gama, distribuídos aos chefes militares do país.

Não há "ajudas" grátis (I)

Americanos do FBI vão ajudar Guiné-Bissau
por LUSA

Os EUA estão preocupados com o crime organizado e querem dar uma ajuda na investigação das mortes de Nino Vieira e Tagmé Na Waié.
O FBI vai enviar à Guiné-Bissau um investigador judicial para ajudar as autoridades guineenses no inquérito aos assassínios do presidente Nino Vieira e do ex-chefe das Forças Armadas Tagmé Na Waié, anunciou a Procuradoria-Geral da República guineense. A disponibilidade da polícia federal americana foi manifestada na quarta-feira pelo chefe da delegação do FBI para a África Ocidental, Thomas Relford.O responsável do FBI encontrou-se em Bissau com o novo procurador guineense para fazer um ponto da situação em relação ao crime organizado, o narcotráfico e o branqueamento de capitais na África ocidental. Na reunião entre Amine Saad e Thomas Relford estiveram presentes elementos do Comando Americano para África (AFRICOM).Nino Vieira e Tagmé Na Waié foram ambos mortos nos dias 1 e 2 de Março, respectivamente, em circunstâncias ainda por esclarecer.Falando sobre as dificuldades de lutar contra o crime organizado, o Procurador-Geral da Guiné-Bissau disse que as novas autoridades políticas do país, designadamente o Presidente Malam Bacai Sanhá, "estão empenhadas em inverter a situação, restituindo a dignidade ao país".Em relação aos assassínios de Nino Vieira e de Tagmé Na Waié, o novo procurador guineense garantiu aos responsáveis americanos a sua determinação em descobrir a verdade. No plano da ajuda externa à Guiné-Bissau, os representantes da União Africana, União Europeia e ONU no país reuniram-se na quarta-feira com o primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, a quem transmitiram a disponibilidade de ajudar, mas pedindo que se acelerem as reformas.À saída de um encontro com o primeiro-ministro guineense, os representantes das Nações Unidas, Joseph Mutaboba, e da União Europeia, Franco Nulli, explicaram que foram transmitir a Carlos Gomes Júnior a preocupação da comunidade internacional em relação aos atrasos do governo na aplicação de medidas para a reforma do sector da Defesa."A comunidade internacional está pronta [para avançar com os apoios] mas aguarda que todo o trabalho que já foi feito possa ser rapidamente discutido em conselho de ministros e aprovado", disse Franco Nulli.