*É um Lusófono com L grande? Então adira ao MIL: vamos criar a Comunidade Lusófona!*

MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da nossa sociedade civil, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia. Defendemos o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
SEDE: Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa)
NIB: 0036 0283 99100034521 85; NIF: 509 580 432
Caso pretenda aderir ao MIL, envie-nos um e-mail: adesao@movimentolusofono.org (indicar nome e área de residência). Para outros assuntos: info@movimentolusofono.org. Contacto por telefone: 967044286.

NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI

Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).

Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).

Desde 2008"a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".

Colecção Nova Águia: https://www.zefiro.pt/category/zefiro-nova-aguia

Outras obras promovidas pelo MIL: https://millivros.webnode.com/

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva
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domingo, 28 de fevereiro de 2016

Aciprestes com «arestas»

Foi inaugurada ontem, 27 de Fevereiro, e prolonga-se até 16 de Março, a exposição «Ar de Arestas» de Ozias Filho, co-autor da antologia de contos de ficção científica e fantástico «Mensageiros das Estrelas», concebida por mim e editada em 2012 – o texto com que colaborou naquela, intitulado «A maratonista» e inserido no capítulo «A República Nunca Existiu! – Parte 2», foi mais uma demonstração do talento versátil deste meu amigo brasileiro, há vários anos a viver em Portugal, que se tem notabilizado mais enquanto poeta… e editor de poesia de outros (mas também já editou obras em outros géneros literários)…

… E ainda na fotografia. A referida exposição, que tem lugar no Palácio dos Aciprestes (Avenida Tomás Ribeiro, Nº 18, Linda-a-Velha, Oeiras), pertença da Fundação Marquês de Pombal e onde também tem decorrido a iniciativa «Sustos às Sextas», reúne fotos captadas por Ozias Filho que ilustram o livro do seu compatriota Iacyr Anderson Freitas intitulado precisamente… «Ar de Arestas». No passado sábado a celebração de palavras e de imagens teve início às 16 horas «com leituras de excertos do livro com o mesmo título para o qual o trabalho fotográfico foi realizado e ainda um pequeno momento musical interpretado pelos “2 ou 3 nas cordas”, acompanhado de um porto de honra.»

domingo, 14 de outubro de 2012

AMANHÃ NA SEDE DO MIL: MOVIMENTO INTERNACIONAL LUSÓFONO

Apresentação de obra literária da poeta brasileira, Andréia Carvalho, na sede do MIL, sita na Sociedade da Língua Portuguesa, Rua Mouzinho da Silveira, 23, 1250-166 Lisboa, amanhã, 15 de Outubro, pelas 19H30.



Uma pequena nota biobibliográfica da autora:

Andréia Carvalho é o nome literário de Andréia Ticiane Pires de Carvalho, natural de Ponta Grossa, Paraná, Brasil. Reside em Curitiba, onde trabalha como técnica em Farmácia Hospitalar. Estudou Ciências Biológicas e Produção Multimídia.
Escreve o blog "O Hábito Escarlate", no endereço eletrônico http://habitoescarlate.blogspot.com.
Tem poemas publicados nas revistas eletrônicas Zunái (Ano VI - Edição XX), Germina (Ano VII -
Edição 34), e Eutomia (8ª edição). Tem poemas publicados no Llibre del Tigre (Revista sèrieAlfa.arti literatura): poema traduzido em catalão e espanhol por Joan Navarro, curador, e na revista impressa Polichinello (13ª edição). Teve participação em miniantologia poética da Agenda de Programação do CCSP, Centro Cultural de São Paulo (edição de fevereiro de 2012). Terá poemas publicados na próxima edição da revista impressa Coyote (n° 24).
Seu primeiro livro “A Cortesã do Infinito Transparente - Lumme Editor - Série Caixa Preta (Poesia)” foi lançado em 2011 no evento literário ZOONA, em Curitiba. O segundo livro “Camafeu Escarlate” será lançado em agosto de 2012, também pela Lumme Editor.

 Livro:
A CORTESÃ DO INFINITO TRANSPARENTE
Coleção: CAIXA PRETA
Autor: CARVALHO, ANDREIA
Editora: LUMME EDITOR
Assunto: LITERATURA BRASILEIRA - POESIA
ISBN: 8562441597 ISBN-13: 9788562441592
Idioma: português
Edição: 1ª
Ano de Lançamento: 2011
Número de páginas: 80

Da obra referida, o poema 9:

MUSA CEGA
Atravesso a imagem da pedra
Imbuída e lenta de obsidiana
Forças tectônicas me ascendem
E sou a devastação
para sepultar-me
no dom da palavra santa

Bebo tua voz
E sou o sal

Meu sangue metálico, a pedra
do oratório

Não há vida minha
Sem o verbo teu

terra
meu êxodo sideral
canta em mim como a carne crua de um meteroro

Andréia Carvalho

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

AOS GUERREIROS PARAOLÍMPICOS



Para aquele que não anda, mas corre

Para aquele que não enxerga, mas vê

Para aquele que não fala, mas se comunica

Para aquele que não ouve, mas sente

Para aquele que não aperta a mão, mas cumprimenta

Para aquele que é limitado, mas vive com alegria

Para aquele que não é famoso, mas representa o país com orgulho

Nosso mais sincero OBRIGADO!

César dos Anjos
Autor de poemas, contos, crônicas, microcontos e haikais
Blogs de Literatura:


segunda-feira, 5 de março de 2012

O Quinto Cavaleiro


Le Blanc-Seine - Rene Magritte


Vem cavalgando em terra albina
O defensor da cavalaria do Sul
Ele traz sete espadas, escudo no braço:
O Anjo que o guia, e se faz seu regaço.

No horizonte escureceu
A luz que se despedia
Vi chegar não sei quem
Acender um livro
Para os cegos;

Para salvar os campos de batalha,
As sereias do mar;
E quem o chama é São Miguel,
Que manda na terra,
Quem está de ronda é Gabriel,
As ninfas do luar.

Por entre os bosques, as dunas
E as serras, passaram as nuvens,
A espuma das ondas,
E ele pôs-se a beber, e ele
Pôs-se a fumar.

Há-de chegar o dia em que as vagas
Pararão de lhe cantar.


André Consciência

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O Salto de Sebastião


O Salto do Coelho, Amadeo de Souza-Cardoso, 1911


Está na natureza, em que se avista,
Uma liberdade sempre presa,
O que apelido da lembrança mais pura
Que algum anjo sonhou ser Deus,
E com saudade, tomou a sua forma e eternidade,
Caído entre os seus. E não me interessa
Tanto Deus, como esta saudade.
Assim é todo o esforço humano, mesmo o mais cobarde,
Um esforço, para arrancar o coração
E iluminar com ele a sombra daquilo
Que foi nosso e que assombra:
E não me interessa tanto Deus, como a chama.
Gosto, por isso, de paisagens, todas naturais
Onde se soltem os nossos saudosismos
E dancem pardais, borboletas, animais,
Como estando eles presentes, sem miragens.
No jardim, senta-se uma miríade de homens altos
Como o Sol, e mordem-me as pontas do corpo
Que se torna em ambientes enquanto morro.
Hei-de ser, também eu, inteira,
Como uma saudade de mim inteira.


Joana Rodrigues

sábado, 31 de dezembro de 2011

Santa Joana Princesa

... Nascemos no alto mar, Carla Salgueiro, 2006


Celebram os homens, e bebem
No salão sem vista para o largo das marés
Onde Portugal, Não-País
Corre. Por isso, os santos da nossa história
São manchas de gnose na memória.

Joana Princesa senta-se, e a sua beleza
Derramada no altar chama os sopros quentes
Do Luar.

O mundo passa sem escorrer
Joana não o vê
Na sua pele lugar que o faz ser.

No mar sem coroas a voz
De almas soltas, levavam-lhe a riqueza
Uma flor alta por cada corsário
Na barca da morte, ébrio, o seu emissário.


André Consciência

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Zwelenu O Dimi Dyetu


Músicos Kimbundo, Padre Giovanni Cavazzi, séc. XVII

Zwelenu O Dimi Dyetu

Zwelenu ni tangenu, zwelenueeh
Kimbundu kia akulu-a-ndamba
An’a Ngola ku Luanda kuna
Kondekenu dimi dia ‘xi y’etu!
Dimi dyetu, kifa kyetu
Anga kifa kyetu, mwenyu w’etu
Ki fwa o dimi, mwenyu u fwa we!
Bwamoxi twondo banga ibaku ya mbote
Kwaku ni kwaku u sukula mukwa
Mayadi, ma sukula mu polo!
Ukwenze wa-la mu dimi dia many’etu
Mutu kene dimi, kene ukwenze
Anga mutu kene ukwenze, kene mutu
Kiyama kia muxitu ngo!
Dimi dyetu, kifa kyetu
Anga kifa kyetu, mwenyu w’etu
Ki fwa o dimi, mwenyu u fwa we!
Zwelenu ni tangenu, zwelenueeh
Kimbundu kia akulu-a-ndamba
An’a Ngola ku Luanda kuna
Kondekenu dimi dia ‘xi y’etu!

Falai A Nossa Língua

Falai e lede, falai!
O Kimbundu dos ancestrais
Filhos de Angola ali em Luanda
Honrai a língua da nossa terra
Nossa língua, nossa cultura
E nossa cultura, (é) a nossa alma
Morre a língua, a alma morre também!
Juntos faremos criações boas
Uma mão lava a outra
As duas lavam a face
O vigor está na língua da nossa mãe
Pessoa sem língua, não tem vigor
E pessoa sem vigor, não é pessoa
Somente bicho do mato!
Nossa língua, nossa cultura
E nossa cultura, é nossa alma
Morre a língua, a alma morre também
Falai e lede, falaiiii!
O Kimbundu dos ancestrais
Filhos de Angola ali em Luanda
Honrai a língua da nossa terra.

Kiba-Mwenyu, do livro de poemas Maxinganeku

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

MAR PORTUGUÊS

Mar salgado, quanto do teu sal
Mar salgadu, kai kuantu di bos se sal

São lágrimas de Portugal!
Se largri di Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Treversah kum bos, kuantu mai ja chura

Quantos filhos em vão rezaram!
Kuantu fila filu ja reza seng per nada

Quantas noivas ficaram por casar
Kuantu noiba fikah nungka kazah

Para que fosses nosso, ó mar!
O mar fika nus se mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Teng se balor? Tudu teng balor

Se a alma não é pequena.
Si alma ngka keninu

Quem quer passar além do Bojador
Keng kerey passa rentu ne Bojador

Tem que passar além da dor.
Mesti tokar passa kum tantu sufra.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Dios ja dah mar eli se perigu kum se fundezu.

Mas nele é que espelhou o céu
Mas ne eli te speladu ungwa seo.


Poema enviado pela professora Madalena Canas que lecciona em Portugal, na Escola do Paião. O poema de Fernando Pessoa foi traduzido para Papia Português de Malaca.

Publicado em:
http://malaca-portugal.blogspot.com/2010_10_31_archive.html

sábado, 25 de setembro de 2010

Manifesto contra a Cobardia e a Hipocrisia

Para o enobrecimento dos Espíritos PUROS


Não sei mais amar o próximo como a mim mesma!

A futilidade é claustrofóbica e insuportável.
A mesquinhez é indigna e insolente.
A insensatez é medonha, terrível.
A ausência de espírito crítico, abominável.
A ignorância, a grande podridão das Almas.
E a (dita) … Normalidade?

Ah, a Normalidade, a grande farsa
Dos Cobardes e dos Hipócritas,
Desses que blasfemam, no mais sórdido silêncio,
Encobertos por opacos véus negros!

Ah, a Normalidade, a grande impostura do politicamente correcto
Dos que escondem o rosto próprio – que rosto próprio já não têm –
E todas as suas faces dissimuladas, mais ou menos latentes,
‑ Mais ou menos manifestas pelo filtro da peneira social indigente –
Por medo, por desvario, por insciência,
Por fingimento, por sonsice... – simplesmente, porque convém –
Pelo temor das vozes dos outros, dos incipientes
Dizeres das bocas imundas – cheias de pecado e agonia –
Que não apoiam qualquer nobre e corajoso acto
De presentificação do ser si-mesmo, por si mesmo,
Que menosprezam – vã gloriadas – e aniquilam a Identidade!

Malditos! Malditos! Malditos! Mil vezes malditos! Sempre Malditos!
Eternamente vos amaldiçoo, sem pesar, Cobardes e Hipócritas,
Que impõem o Social apenas para proveito próprio, num acto
De egoísmo visceralmente brutal.
O fogo do Inferno – em grandes e ardentes chamas – vos desejo,
Com todas as forças que ainda me restam, com todas as forças que
Tenho e não tenho …até ao meu último fôlego sentido!

Odeio-vos, vermes secos e vazios, lombrigas sujas em forma
De toupeiras encardidas, ratazanas pestilentas, apenas, com a ponta
Do rabo de fora, vós, Cobardes e Hipócritas, com um suposto rosto
De gente, que até os animais (mais) selvagens desprezam
Como carne putrefacta – a que, afinal, vos reduzis – que nem os abutres
Ousam Devorar, apesar de famintos!

Tenho nojo, repulsa figadal, de vós, asquerosos Cobardes e Hipócritas,
Nem em aparência respeitáveis! Sois pura figuração, meros pedaços
Difundidos – de espírito e de matéria ocos e nauseabundos –
Do ignóbil Nada que vos consome!

Sois, malditos Cobardes e Hipócritas,
A praga que a Medicina ainda não aniquilou!
Sois, malditos Cobardes e Hipócritas,
Uma espécie exaquerável de qualquer coisa insignificante,
Sem nome, sem designação própria no computo
Do autenticamente humano!

Podres, decompostos, estão os vossos corpos e as vossas almas!
Mas…, que corpos? Mas…, que almas?
Alma – esse Nobre sopro de pura Vida e Existência – não tendes! Nem corpo digno,
Nem matéria-prima, nem forma sustentável… nem nada que possamos
Identificar com alguma coisa de luminoso ou de glorioso…
De grandioso…que se possa descrever ou mencionar,
Com propriedade plausível e razoável!

Sois, Cobardes e Hipócritas, de tal modo in-identificáveis
No vosso parecer-ser – o Ser já não vos habita ‑ tão miserável
Ou desgraçado, que todos os adjectivos depreciativos se esgotam em
Todas as línguas, em todas as linguagens, em todos os dialectos…
Para vos classificar em sentido próprio!

Porque não morreis de uma vez só, Cobardes e Hipócritas,
Se sois a verdadeira e pura escumalha, a negra mancha do petróleo
Poluente que tudo contamina, a visão do Inferno e das trevas da
Escassa dignidade que ainda nos resta, a nós, os que existimos
De viso des-coberto, Aberto, na Transparência do claro e do distinto,
No “visto claramente visto”…, albergados nos múltiplos e extensos espaços
Da autenticidade do Ser e do Estar, que vós, atopos, não conheceis mais?

Excluo-vos, indigentes Cobardes e Hipócritas, sanguessugas mordazes,
Do meu pequeno-grande Mundo Mais-que-perfeito, com toda a humildade.

Se quiserem, se ousarem querer, alguma vez que seja,
Pelo menos uma vez, quiçá por entre alguns eventuais parcos
Momento de uma acidental lucidez remota que ainda possa vir
A surgir nos vossos enfermos espíritos quadrados e encurralados…
Digam que sou Arrogante. Vá, chamem-me Arrogante!
Vá, digam-no, afirmem-no, convictamente, se sois capazes!
Mas digam-no ‑ em Voz Bem Alta ‑ miseráveis Cobardes e Hipócrates!

Eu, apenas afirmo, assertoricamente:
TRANSPARÊNCIA e TOLERÂNCIA, meus queridos!
TRANSPARÊNCIA e TOLERÂNCIA, repito, e volto a repetir
Quantas vezes forem necessárias, agora e sempre… para sempre…
Neste e em todos os meus manifestos contra a COBARDIA e a HIPOCRISIA,
Em nome da assumpção plena da IDENTIDADE e da DIFERENÇA
Jamais camufladas ou ludibriadas!

É tão-só a TRANSPARÊNCIA e a TOLERÂNCIA
Que me corre nas veias de sangue quente, vivo e voraz!
É tão-só a TRANSPARÊNCIA e a
TOLERÂNCIA
Que move as minhas sinapses neuronais,
Em permanente estado de alerta!
É tão-só a TRANSPARÊNCIA e a TOLERÂNCIA
Que alimenta a minha Alma, ávida da VERDADE!
E tão-só a TRANSPARÊNCIA e a
TOLERÂNCIA
Que me fustiga o Espírito, invariavelmente, CRÍTICO!

O que quereis mais, gente medonha e estúpida?

Se não tendes mais nada para dizer, se não sois mais
Capazes de engolir, a frio, a vossa Cobardia e Hipocrisia,
CALAI-VOS, PARA SEMPRE!


Isabel Rosete
22/09/2010

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Keimada


Óleo s/tela Etona - Angola


jindungo e jinguba
moídos
preliminares da conversação
dois cálices bojudos
marufo macerado
nas nossas frentes
pergunto
imaginas o orgasmo perpétuo?
já estás com os copos?
respondeste
jindungo a brilhar nos olhos
reforcei
dizem
existir o movimento
deuses perpétuos…
porque não outros estados?
enquanto
toda minha ossatura
mastigava o preliminar
calores na medula a subir
propuseste
brindar ao devir
por ser perpétuo
escreveste
com o teu jindungado dedo
no meu peito
de repente
uma Keimada
nós no centro
emudecemos
… fim de conversação.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Estio em Oslo


Oslo's Harbour, Vitor Vicente, Agosto de 2010


Lagos lado a lado
Com lagos. Árvores altas.
As aladas raízes que nos brotam
Entre navios noruegueses.
Um ou outro alce, lá no alto
As águias.
Aranhas aos saltos, sereias à boca
De semear. O spleen, sempre
O spleen.
O sol que nasce e se põe nas águas
Com o suor frio de um náufrago.


Vitor Vicente

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Rui Knopfli

Conheci o Rui Knopfli em Londres, em 1990. Conselheiro de imprensa da Embaixada de Portugal desde 1975, era uma figura prematuramente frágil, nos seus 58 anos de então. Vergado e cansado, pendurado num eterno cigarro, tinha o mais caótico gabinete de que tenho memória. Homem de vícios que o foram debilitando, mantinha uma ironia cáustica e, sendo de trato fácil, era de condução diária difícil, pelos corredores da rotina diplomática a que nunca se acomodara verdadeiramente.

Eternizado em posto em Londres, aposto que olhava para nós, companheiros episódicos, saídos da "carreira", com o olho arguto do artista, estudando-nos para nos sobreviver, até que fôssemos substituídos. Várias vezes "me passei" com os seus descuidos, das tropelias do eterno cão às suas frequentes ausências, para além de algumas teimosas presenças ainda mais complicadas. Mas nunca me zanguei com ele. Ficámos amigos, creio.

O Rui era um fotógrafo magnífico - vale a pena ver o seu livro sobre a ilha de Moçambique - e tinha um ouvido apurado e atento ao jazz, área onde me deu a conhecer algumas excelentes novidades. Da sua terra moçambicana, contava histórias interessantes e divertidas, tributárias desse mundo que sempre lhe ficou nos genes e na escrita. Como ele próprio dizia: "Ter-se nascido ou vivido em Moçambique é uma doenca incurável, uma virose latente. Mesmo para os que se sentem genuínamente portugueses mascara-se a doenca, ignora-se, ou recalca-se e acreditamo-nos curados e imunizados. A mínima exposição a determinadas circunstâncias desencadeia, porém, inevitáveis recorrências e acabamos por arder na altíssima febre de uma recidiva sem regresso nem apelo".

Rui Knopfli foi um grande poeta, português e moçambicano. A sua "Obra Poética" está publicada pela Imprensa Nacional - Casa da Moeda, com um prefácio magistral do Luis de Sousa Rebelo, há meses desaparecido. Para abrir o apetite à sua leitura, nestes tempos de férias, deixo aqui o seu delicioso (e trágico) "Justerini & Brooks":

Este punhal de veludo,
esta fria estalactite,
esta cicuta tão lenta
e que tão profundamente
fere. Esta lâmina

líquida, doirada,
este filtro parecido ao sol,
este rarefeito odor simultâneo
ao fumo, à água, à pedra.
Este adormecer antes do sono,

só preâmbulo da vigília,
que é o gélido acordar
da imaginação para
as fronteiras dormentes
do horizonte protelado.

Este trajecto subterrâneo e húmido
pelos túneis do infortúnio,
que é o adiar moroso
da morte, no prolongar
silencioso da vida,

lágrimas da noite tornadas
pranto da madrigada,
rumor débil e distante
brandindo já no sangue
o endurecer das artérias.

Rui Knopfli morreu em Lisboa, em 1997.

Francisco Seixas da Costa in Blog “Duas ou três coisas – Notas pouco diárias do Embaixador Português em França

domingo, 11 de julho de 2010

VOO DA GENITÁLIA

Fotografia "Hot Water" by Sidclay Dias
(Obra gentilmente autorizada pelo artista para essa postagem)


Em memória de José Saramago


(Parafraseando Antônio de Castro)

A ti, nobre embaixador do intelecto, da orgulhosa teimosia de viver,
da honesta palavra que nem sempre benefícios traz a quem as profere,
parabéns pela tua vida no momento da tua despedida. Até sempre!


I

Quando a noite
(ao coito) se entrega
o poeta alça seu sagrado masculino ao céu...
Faz-se de morto... Vela o espírito do sexo...
Cria poeticamente o sândalo...
Vê que seu poema agudo intermitente
(porque cãibra precoce e alienígena)
ejacula desmedidamente gotinha de silêncio
sobre o cálido broto do cálculo:
Torna-se gosma solitária da multiplicação
dos pães ateístas - E o é!
- Mas estando a par da símile brochura
poupa-se do cru,
penteia a franja do vento
e se entrega de vez à sórdida nudez
do orvalho.

II

Oh, vida minha!
Tu és igual ao enigma do inseto.
Por ti arde no escuro
o voo da genitália masturbada,
e a quilha copulada do segredo
invade os cornos poéticos
dos fracos...

Oh! Sê, para mim, o amanhecer gorduroso...

Com flores à porfia
corro do acocho que alimenta
o poderio das agruras reconvexas,
todavia eu sei me juntar
ao sabor de reconheçer-te imêmore
qual o mormaço que cerceia
o abraço.

III

Quando o dia
(ao poeta se entrega) cala a poesia
- morna e sem fôlego -
Cios e gritos revelam-se fotografias carnívoras
cujo album não resulta nem tão cult
nem tão objeto quase
quanto o estigma do belo
(que estufa o peito em aspiral)
afinado pela cobiça de amar
o lugar-comum da irmã-lágrima,
o códice do fim-tempo,
o aplauso da pá-lavra...

Oh! Nenhuma poética seria tão beat
nem tão insana
quanto aquela que no-la faria
acossar o prepúcio do medo,
o acinte da verve.

IV

Pensar, poema, no teu despir,
despe-se-me o coração,
o gozo da palavra - o medo e a não-poesia:
essa abdução cruel da fome
à baila do ato
de impelir-me à boca
outras soberbas gramáticas sadomasoquistas
(as mais palatáveis...)
sobretudo as que não prosperem
em circulo.

V

Despe-se. Despe-se
a ferrugem da idade - a audácia e o torpor que se contorce:
A locução adverbial da fala
quando atravessa corpos
como faca aguçada...
Cio que fode o texto...
Elegia quando alanceia o instante...
Nojo do erro do acrobata em cacho...
Elo lustrante do cigarro que ilude...
Vulva de clímax masturbada
- Essa ave sem palavra que margeia a lança -
que ama o sândalo qual machado
que bafora seus primeiros respingos
de borra e lanternagem
ao amanhecer do primeiro escarro.

VI

Devasso:

O célere cervo
imita o glúteo ermitão da palavra;
é o nervo-álibi do coito imponderável;
o ato-falho da cópula no sacrifício.

VII

Revelação:

(Nada a temer...)

O que vos nunca cuidei a dizer com tanta seiva,
vo-lo direi, porque me vejo
já por fugir do silêncio
- esse ódio que corta tal como o boquiabrir da língua;
o asno-estorno do cadafalso;
a afta-falação da partida;
a contramão do mano orgasmo;
o fim do fim.


© Benny Franklin

sábado, 26 de junho de 2010

Grito Lusitano



Uma exclamação atravessa lancinante o murmúrio dos bardos,
Uma coroa de silêncios rasga o rosto da planície inalcançável.
Há um chamamento flagelante a flamejar em nosso firmamento,
Uma insurreição elementar, o fogo sobre a terra. Água. O ar.
Renove-se a vontade de nossos pais, ouça-se o eco das mães.
Desperte o circunspecto espectador no painel azul dos mares
E estimule-se a revolta na submissão das ondas. Voz e missão.
Assim o cantar como um punhal reverbere a grito puro sangue,
Escreva-se lusíada a utopia, a outra demanda da fraternidade.
Prolongue-se o frio das montanhas ao entardecer. Busque-se.
A composição comprometida está com a herança dos oceanos
No dealbar de um novo mundo. Saudade? A senda do futuro.


João Nery S.
Fotografias de Virgo de Los


quarta-feira, 9 de junho de 2010

Isabel Mendes Ferreira - As Lágrimas Estão Todas na Garganta do Mar




É minha firme opinião, que a Isabel Mendes Ferreira, membro do MIL e colaboradora da Nova Águia desde o primeiro número, para além de uma excelente artista plástica - representada em várias colecções particulares, na Europa e nas américas, é a nossa melhor Poeta contemporânea. Já o disse, redisse, escrevi e rescrevi, que “ler Isabel Mendes Ferreira é como assistir ao descerrar de auroras, cantando e reinventado palavras de diferentes paladares por detrás dos fiapos da memória e da respiração das manhãs”, e continuarei a dizer e a escrever o mesmo, enquanto não aparecer no actual panorama literário português, alguém que altere esta convicção, formada desde o dia em que a descobri e de que não esqueço a forte impressão que senti ao lê-la: uma pedrada na “modorra” instalada.

Ninguém actualmente escreve como a Isabel Mendes Ferreira: nem com a profundidade nem com o estilo, nem com a qualidade que lhe advém do domínio absoluto da escrita e de um jogo de palavras soberbo.
Como se pode ler no posfácio, “O sentido ambíguo da sua escrita, converte-se no que o excede e onde ser o mesmo é ser outro de si (é outrar-se, como diz Fernando Pessoa), o que apela à desconstrução do discurso tradicional”.

Para mim, é pois, extremamente gratificante falar do novo livro de uma escritora e poeta despojada de falsas crenças da unidade da consciência identitativa, de uma escritora que transporta os verbos que ainda não estão corroídos, pervertidos, subvertidos, gastos, e que com ela voltam fantásticos, imortais, castos e vestidos de denso sentir.

Este, o seu décimo terceiro, é um livro que me fascina, aprecio-lhe o cheiro das areias do deserto e a cor do cair da noite quantas vezes ruborizada de pudor e aureolada de luminosidade divina, um livro para ler e reler, uma instância de retemperação. Um livro com chancela da Arcádia, onde voltaremos amiúde e que está a partir de hoje à venda em todas as livrarias Babel." As Lágrimas Estão Todas na Garganta do Mar", integra uma novíssima colecção de poesia, iniciada por David Mourão Ferreira e onde é o terceiro título.

sábado, 5 de junho de 2010

O Milhafre de Al Berto

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O melhor é avançar pela paisagem adentro. A pouco e pouco fundirmo-nos nela.
Anularmo-nos. Tornarmo-nos escuros como a hulha. Duros como o granito. Silenciar o corpo todo.
Esvoaçar, depois, como o milhafre sobre a presa e, no último instante, largá-la: subir de novo nos ares para desaparecer na montanha – esse refúgio, dizem, para os homens que querem ser livres. As escarpas foram sempre o asilo da liberdade.


Al Berto, O Anjo Mudo, Contexto, Lisboa, 1993





Alberto Raposo Pidwell Tavares (Coimbra 11 de Janeiro de 1948 - Lisboa 13 de Junho de 1997)

Foto:
Virtualia


sábado, 15 de maio de 2010

Mensagem

Conde D. Henrique, Silva L., ca. 1855

PRIMEIRA PARTE, BRASÃO
II. OS CASTELOS
TERCEIRO, O CONDE D. HENRIOUE

«Sou, de facto, um nacionalista místico,
um sebastianista racional»
F. P. *

Todo começo é involuntário.
Deus é o agente.
O herói a si assiste, vário
E inconsciente.

À espada em tuas mãos achada
Teu olhar desce.
«Que farei eu com esta espada?»

Ergueste-a, e fez-se.

Fernando Pessoa
* Epígrafe colocada por Agostinho da Silva, Mensagem Um, in Um Fernando Pessoa, Agostinho da Silva, Guimarães Editores, 3ª ed., Lisboa, 1996, pp. 97 e 100.

sábado, 1 de maio de 2010

Assembléia Paraense - Prêmio AP de Literatura

Assembléia Paraense - Prêmio AP de Literatura

Coquetel na Boate da sede social para os vencedores do Prêmio AP de Literatura.
Os três primeiros colocados nas categorias crônica, conto, poesia e infanto juvenil foram homenageados e receberam as respectivas premiações.

PREMIAÇÃO - Poesia
Benjamin da Costa Franklin - Benny Franklin
Obra: Filamentos de um poema em pedaços
1º Lugar

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Poema do Maestro Jorge Antunes em homenagem aos estudantes brasilienses nos 50 anos de Brasília

21/04/2010

Qual a diferença entre um coração de estudante e um coração de cinquentão?

Velho coração alerta!
O cinquentão sempre espera
a utopia, a quimera,
fraternidade por perto,
um coração bem aberto
e um grande amor em oferta.

Jovem coração alerta!
Doce ímpeto de luta,
coragem absoluta,
chega logo, abre a faixa.
O estudante sempre acha
alguma janela aberta.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Hino Transmundial




Comuns das falésias, realeza plebe,
Império corajoso sob a morte unido,
Erguei hoje e sem fronteiras
O vosso longínquo bramido.

Pois entre os clarins do esquecimento,
Ó além-pátria, sente-se o silêncio
Que há-de apaziguar a memória.

E o Jardim plantai, a Igreja abandonai
Acima dos Mares e com o Céu,
Ao espaço hasteai, às estrelas cantai,
Pela além-pátria amar,
Ao abraço dos astros voar, voar.

André Consciência