Aqueles que pensam ser donos da língua (preconceito?), precisam não esquecer que os africanos (no caso, árabes) tinham atravessado o mediterrâneo fixando-se na península ibérica, muito antes dos portugueses descobrirem África. E também que, a língua que hoje falamos é uma construção colectiva desde os tempos da colonização africana, romana, e posteriormente à medida que nos espalhámos no mundo e fomos assimilando palavras do japonês, do malaio, do quimbundo, do tupi, do bantu, etc.
Que alguém tente retirar do português as palavras árabes, e depois, por exemplo, se atreva a pedir café com açúcar (não vale usar o termo lisboeta de bica que, confesso, se trata de uma palavra de qualidade estética duvidosa e se refere a um café expresso), verá então a estrondosa vantagem de apresentar à nação uma alternativa viável ao incontornável vocábulo "incontornável"; a saber: "inignorável" do AO.
Mais exactamente, aproveito esta janela de oportunidade para solicitar um esclarecimento: o que tem a ver o AO com a raiz da língua, gaita?
Nota: Isto a propósito de conversas que vamos tendo por aí, e também de conversas que vamos lendo por “acoli”.
6 comentários:
Um abraço, também me lembro de uma das tais 'conversas' :)
O ambiente em torno da questão do AO ficou de tal modo inquinado que, cada vez mais, é difícil falar sobre o assunto. No outro dia, foi o próprio Embaixador Lauro Moreira que o confessou, em público...
Estive com o Embaixador numa tertúlia em que, vários artistas (da canção de pelo menos 3 países lusófonos, mas todos a residir actualmente em Portugal) se manifestaram contra o AO. Também aí se falou muito da raiz da língua e, embora o Embaixador tenha tentado defender o AO, ninguém queria ouvir.
Em certos meios, criticar o AO já me parece uma questão do âmbito da lógica corporativa.
Mas isso é porque ninguem fala abertamente do fundo da questão.
A discussão de 'peritos em lingua das academias' era demencial, ninguem quer saber quem é que tem razao...
Tambem haverá polémica, a nivel mundial, quando passarmos dos graus centigrados para os fehreneit (nao sei escrever esta palavra)... para unificar com os Estados Unidos
"Fahrenheit"
Tens razão, o problema é mesmo esse. Os dois lados querem ganhar e poucos são que se dispõem a discutir com honestidade.
Por isso se disse tanta mentira e continua a dizer, algumas simplesmente ridículas.
Quanto mais complexa é uma questão, mais necessário é discuti-la em termos simples - o que hoje em dia se confunde com 'simplificá-la'...
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