*É um Lusófono com L grande? Então adira ao MIL: vamos criar a Comunidade Lusófona!*

MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da nossa sociedade civil, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia. Defendemos o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
SEDE: Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa)
NIB: 0036 0283 99100034521 85; NIF: 509 580 432
Caso pretenda aderir ao MIL, envie-nos um e-mail: adesao@movimentolusofono.org (indicar nome e área de residência). Para outros assuntos: info@movimentolusofono.org. Contacto por telefone: 967044286.

NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI

Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).

Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).

Desde 2008"a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".

Colecção Nova Águia: https://www.zefiro.pt/category/zefiro-nova-aguia

Outras obras promovidas pelo MIL: https://millivros.webnode.com/

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva
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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Goa – Naturais aproximam-se cada vez mais da língua e cultura portuguesas

 O investigador Óscar Noronha considerou que o interesse pela cultura portuguesa em Goa tem crescido nos últimos anos, uma tendência acompanhada por um aumento do número de alunos da língua de Camões



“Atualmente, pelo menos da parte do povo, há maior abertura à língua e cultura de matriz portuguesa. Ele tem melhor consciência de como é rica e única a cultura indo-portuguesa”, declarou o professor universitário goês à agência Lusa.

Por outro lado, quanto à aprendizagem da língua, “o número de alunos tem aumentado ao longo dos anos”, num contexto em que “tanto a Fundação Oriente como o instituto Camões têm exercido um papel relevante nesse sentido”.

Em 1961, a União Indiana anexou o então estado da Índia, colónia portuguesa que era constituída pelos territórios de Goa, Damão e Diu.

“Os meus pais, Fernando de Noronha e Judite da Veiga, apesar do novo condicionalismo político, continuaram, na medida do possível, com o modo de vida a que estavam habituados. Por isso é que viemos, muito naturalmente, a falar a língua portuguesa e a cultivar a literatura e a música portuguesas, sem embargo do nosso amor à língua concani”, declarou Óscar Noronha.

O seu pai inculcou na família “um amor ao idioma luso” e, a pedido dos filhos, “deixou registadas as suas memórias” em dois livros: “Momentos do meu passado” (2002) e “Goa tal como a conheci” (2018), este publicado postumamente.

“Escrevi a biografia do meu tio-avô, monsenhor Castilho de Noronha, que foi parlamentar [da antiga Assembleia Nacional do Estado Novo], além de ter sido professor do Seminário de Goa, diretor de um jornal e autor de duas obras sobre a filosofia indiana”, disse.

Como “muitos aspectos da cultura comunitária estão a desaparecer”, Óscar Noronha produz há alguns anos o ‘podcast’ “Renascença Goa” com o objetivo de “redescobrir a cultura indo-portuguesa”, além de ter traduzido e editado obras em inglês e português.

O Saint Xavier’s College, de Mapuçá, tem vindo a organizar, anualmente, o Dia da Língua e Cultura Portuguesa, com a participação de alunos de escolas de ensino secundário do estado de Goa.

Também, entretanto, passou a haver localmente “grande interesse” por fado e mandó, dois géneros musicais que o irmão de Óscar, o guitarrista Fernando Noronha, decidiu valorizar abrindo em Pangim a casa da especialidade “Madragoa”. In “Bom dia Europa” – Luxemburgo com “Lusa”

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Goa - Celebra Natal com missa em português

 Duas missas, uma delas em português, assinalam na quarta-feira o Natal da comunidade católica de Goa, na Índia. À meia-noite é celebrada em concani a “missa do galo”, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Pangim, capital do estado de Goa, devendo a eucaristia das 10h30 ser rezada em português, como acontece todos os domingos nesse templo



“No que diz respeito às celebrações natalinas, perdura o mesmo espírito católico de antanho, embora, como em toda a parte, algo comercializado”, disse à agência Lusa Óscar Noronha, residente em Pangim, onde nasceu há 59 anos, quando a antiga colónia portuguesa já estava integrada na então União Indiana, desde 1961.

Para este goês, um divulgador da língua e da cultura portuguesas, “a ‘missa do galo’ é fator ‘sine qua non’” dos festejos natalícios.

“Existe só esta igreja em Goa onde se pode ouvir missa em português. Participo nela com a minha família e fazemos parte do coro, como vinham fazendo também os nossos pais”, afirmou.

A Igreja da Senhora da Conceição foi construída no século XVII, no lugar de uma ermida primitiva implantada, em 1541, na encosta poente do Monte Conceição, virada para a foz do rio Mandovi, no oceano Índico.

Nas casas de Óscar Noronha e demais católicos de Goa, “a nível doméstico, também não faltam o presépio, a estrela pendurada nos alpendres e a música natalina, bem como a consoada, que se refere aos típicos doces goeses, e as reuniões familiares”.

“A nossa gastronomia natalina é rica e maioritariamente goesa, constituída por pratos típicos, como o peixe com maionese ou o balchão, o sarapatel, a cabidela, a galinha cafreal, o ‘xacuti’ de galinha, a leitoa assada e o arroz refogado, entre outros”, descreveu o investigador e professor universitário de língua inglesa.

Como sobremesa associada ao Natal, destacou o doce de grão, o ‘neureô’, o dodol, a cocada, o ‘manddaré’, as teias de aranha, o ‘cormolam’ e a bebinca, “rainha dos doces” nos antigos territórios de Goa, Damão e Diu, administrados por Portugal como “estado da Índia”, até 1961.

“Julgo que, pelo menos hoje em dia, somente as famílias que, tradicionalmente, vieram apreciando a gastronomia portuguesa terão na sua ementa pratos como bacalhau, feijoada, vinhos do Porto e de mesa, ou doces como o ‘sans rival’ e o bolo-rei”, adiantou.

Óscar Noronha é irmão do multi-instrumentista Orlando Noronha, que toca guitarra portuguesa em espetáculos de fado e mandó, um género musical popular de Goa que pode ser cantado e dançado.

Este ano, o docente fez a primeira tradução de concani para português do hino “Sam Franciscu Xavier”, em honra do missionário jesuíta Francisco Xavier (1506-1552), que está sepultado na Basílica do Bom Jesus de Goa.

“É um hino tradicional de Goa. Dizem que data do século XIX, mas tenho um palpite que seja mesmo do século XVII”, admitiu.

A partir dos anos de 1880, porém, o compositor Raimundo Barreto (1837-1906) passou a ser considerado “o autor do mais comovente hino local, que ainda hoje fala ao coração do goês, tanto em Goa como na diáspora”.

“Em dezembro de 1961, houve romarias à velha cidade de Goa para pedir ao santo que salvasse Goa das mãos da União Indiana, mas não se realizou o pedido”, referiu Óscar de Noronha.

No dia 01 de dezembro, a versão do hino em concani teve estreia em Pangim, durante uma novena a São Francisco Xavier, com interpretação pelo coro da Igreja Matriz.

“A tradução será pelo menos um pequeno contributo à história da comunidade cristã de Goa”, disse.

Na década passada, fundou a editora Third Millennium, tendo publicado livros em português, inglês e concani.

Óscar Noronha divulga ainda a cultura indo-portuguesa através de um blogue pessoal e no Youtube, sendo também editor associado da Revista da Casa de Goa, que se publica em Lisboa. In “Bom dia Europa” Luxemburgo com “Lusa”

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Ásia - Ensino de português na China pode ser exemplo para a Índia

 O delegado da Fundação Oriente (FO) em Goa defende que a estratégia de ensino do português adoptada pela China, onde a aprendizagem da língua tem crescido nos últimos anos, pode servir de exemplo para a Índia


“Eu dou sempre esse exemplo da China (…), [onde] olham para o português como uma grande oportunidade, principalmente na área do negócio. Não só para Portugal, porque nós somos um território muito pequeno, mas para os PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa] essencialmente, pelas oportunidades de negócio que existem”, disse em declarações à Lusa Paulo Gomes, mencionando ainda "naturalmente o Brasil".

A China (excluindo Macau), onde o ensino universitário do português arrancou nos anos 1960, conta com pelo menos 30 licenciaturas em língua portuguesa e 50 instituições de educação superior com programas de ensino de português.

Já na Índia, cursos de língua portuguesa ao nível da educação superior são oferecidos apenas na Universidade de Goa, confirmou à Lusa o responsável pelo Camões – Centro de Língua Portuguesa em Goa, Delfim Correia da Silva.

"É preciso fazer muito mais", alertou Paulo Gomes, referindo que, sendo o português uma das línguas "mais faladas do mundo", quem a domina "tem uma vantagem competitiva".

"Porque os indianos têm uma particularidade, os goeses, em particular pela história, são poliglotas por natureza. A Índia tem 28 línguas oficiais, mais de 400 dialetos", reforçou.

Mas além do aspeto comercial, o responsável alertou para outras "áreas de oportunidade", nomeadamente ao nível da formação académica.

"Nas universidades, quer em Portugal, quer no Brasil, há uma grande procura, principalmente pelos jovens goeses. O domínio do português a este nível é, sem sombra de dúvida, uma excelente oportunidade", considerou.

Paulo Gomes referiu ainda que, em Goa, existe "documentação antiga em português que carece de traduções" e fluentes na língua podem contribuir neste trabalho.

A Fundação Oriente, em Goa há cerca de três décadas, tem também apoiado a promoção do português, mas ao nível do ensino secundário, sendo esta "uma das rubricas que consome maior investimento" da instituição.

É responsável pelo pagamento dos honorários de todos os professores goeses que ensinam português nas escolas secundárias públicas de Goa - um total de 22 docentes a trabalhar em cerca de 20 estabelecimentos e responsáveis por 1123 alunos.

Um aumento do número de estudantes em comparação com o ano passado (cerca de 800), lembrou Paulo Gomes, indicando que, depois de uma queda durante a pandemia da covid-19, registou-se uma subida, resultado de um trabalho de proximidade da FO com os professores e alunos e a realização de atividades que acabam por atrair interessados.

A Fundação Oriente nasceu em 18 de março de 1988 como uma das contrapartidas impostas pela então administração portuguesa em Macau à concessão em regime de exclusividade da exploração do jogo no território.

Desenvolve ações culturais, educativas, artísticas, científicas, sociais e filantrópicas, com vista à valorização e à continuidade das relações históricas e culturais entre Portugal e o Oriente.

Depois da abertura da delegação da FO em Macau, em 1988, seguiu-se Goa, em 1995, e Timor-Leste, em 2002. In “MadreMedia” – Portugal com “Lusa”

domingo, 30 de julho de 2023

Comemoração do aniversário de nascimento do autor Munshi Premchand em Goa

 Para marcar a ocasião, Dhaee Aakhar Goa apresentará uma leitura de seu conto 'Sadgati' na Biblioteca Central do Estado de Krishnadas Shama, Pangim, em 31 de julho de 2023...


O grupo de arte e cultura de Goa, Dhaee Aakhar Goa, em associação com a Biblioteca Central do Estado de Krishnadas Shama, Pangim, comemorará o 143º aniversário do renomado escritor hindi, Munshi Premchand, em 31 de julho de 2023.

Na ocasião, haverá leitura de seu conto Sadgati, na biblioteca. A história será narrada por Ramita Gurav e Mamata Verlekar.

Alguns fundos

Dhanpat Rai Srivastava, mais conhecido por seu pseudónimo, Premchand, foi um dos escritores mais famosos da literatura hindustani moderna. Escritor célebre e pioneiro da ficção em hindi e urdu, ele foi um dos primeiros autores a escrever sobre as castas e a situação difícil das mulheres e dos trabalhadores na sociedade indiana na década de 1880.

Premchand publicou sua primeira coleção de contos em Soz-e-Watan em 1907. Também tem mais de uma dúzia de romances, cerca de 300 contos, vários ensaios e traduções (de obras literárias estrangeiras para o hindi) em seu crédito.

Dhaee Aakhar é uma confluência de escritores, poetas e académicos que trabalham em teatro experimental, literatura e música.

Ramita Gurav, professora adjunta de Hindi no St Xavier's College, Mapusa, é PhD em Teatro Hindi Contemporâneo. Ela apresentou literatura e teatro e traduziu contos do escritor concani e premiado com o prémio Jnanpith, Damodar Mauzo.

Mamata Verlekar possui mestrado em hindi e é professora assistente de hindi na Escola de Línguas e Literatura Shenoi Geombab, Universidade de Goa. In “Gomantak Times” - Goa

Onde: Biblioteca Central do Estado de Krishnadas Shama, Sankruti Bhavan, Pangim

Quando: 31 de julho de 2023

Horário: 16h30

segunda-feira, 26 de junho de 2023

Goa – Lançamento do livro “Festas e Festas de Goa, o Sabor de uma Cultura Única” de Celina de Almeida

 O núcleo da cultura de Goa são as suas festas e festivais que os goeses celebram com calor e união. Destacando este aspecto, tão inerente à vida goesa, está Celina de Almeida no seu livro Festas e Festas de Goa, O Sabor de uma Cultura Única.


Contando-nos por que decidiu escrever sobre esta faceta omnipresente do estilo de vida goesa, ela diz: “Sou goesa. Por nascimento, por coração, por alma, por mente e eu tenho que saber sobre os meus festivais e quero que os outros também saibam sobre eles. As pessoas no norte de Goa não sabem sobre alguns dos festivais celebrados no sul de Goa e vice-versa. Então, a maneira que eu queria criar consciência era pesquisar, participar, tirar fotos, entrevistar, escrever e publicar.”

Beleza das festas goesas

As festas e festivais de Goa refletem a unidade e a harmonia comunitária que existe em Goa, diz Celina. Ela diz: “Somos um estado com muita harmonia comunitária. Somos um povo muito pacífico. Temos sido assim por séculos.”

Ilustrando com exemplos do seu livro, ela fala do Shigmo em Surla Tar, onde as comunidades hindu e muçulmana se reúnem para celebrar. “Isso mostra a harmonia comunitária de Goa. Nunca brigamos, ajudamos, comemoramos juntos. Isso é o que o livro te diz.”

Ela ainda dá o exemplo da festa de Cuncolim, Sontrio (Procissão de sombrinhas). “É um festival de duas comunidades – hindus e católicos”, diz ela.

O livro de Celina oferece aos leitores uma perspectiva histórica. “Apresentei a história, a geografia e o conhecimento científico do festival. Quero que as pessoas saibam que isso faz parte de nós”, diz Celina, natural de Pangim.

Superando obstáculos

Celina levou mais de quatro anos para escrever este livro. Ela nos conta o porquê: “Eu tinha de participar do festival. Sempre que não conseguia, tinha de faltar e ir no ano seguinte.”

Celina, que está há mais de três décadas no magistério, conta que foi durante a COVID, quando as coisas pararam, que ela começou a escrever sobre o assunto.

“Eu me aposentei como diretora da People's High School, Pangim. Fui convidada para dar aula de português e fiz isso 13 anos antes do COVID, e depois parei. Aproveitei o tempo da pandemia para pesquisar sobre os festivais, visitando bibliotecas e consultando arquivos”, conta Celina, sobre como trabalhou no seu livro de estreia.

Celina, que já contribuiu com artigos para revistas, diz que o desafio para ela durante a pesquisa foi que ela não conseguia ler Devanagari porque estudou no meio português. Mas ela diz que contratará uma pessoa qualificada que possa ajudá-la a traduzir do Devanagari para o inglês para a sua pesquisa subsequente.

Segundo livro?

Celina afirma que um livro não é suficiente para mostrar as festas e festivais de Goa. “Se Deus permitir, gostaria de escrever sobre mais festivais porque ainda faltam muitos para serem pesquisados ​​e divulgados. Já tenho cerca de cinco na minha lista.” E, a lista cresce.

Reiterando numa nota de despedida, Celina diz: “É minha filosofia que os goeses, quer estejam em Goa ou tenham migrado por qualquer motivo, não se esqueçam que somos um povo pacífico e temos uma cultura rica. Somos uma síntese de várias culturas que nos foram passadas de geração em geração e que não devemos perdê-la.”

O livro de Celina de Almeida Festas e Festas de Goa, O Sabor De Uma Cultura Única foi lançado na Fundação Oriente, Fontainhas, Pangim a 24 de Junho de 2023. Casey Monteiro – Goa in “Gomantak Times”

sábado, 3 de junho de 2023

Goa - O encanto da herança, cultura e espiritualidade aguarda os delegados do G20...

 


Atravessando Goa de ponta a ponta, em ambos os distritos, os delegados visitantes do G20 embarcarão numa viagem no tempo enquanto exploram locais de interesse em excursões cuidadosamente selecionadas para mostrar o melhor do estado.

De museus e praias a galerias de arte, templos e quintas de especiarias, “Goa em poucas palavras” é o tipo de experiência que o G20 Goa deseja que os delegados estrangeiros apreciem durante esta estada de viagem. Estas excursões foram planeadas para as próximas reuniões de junho e julho, programadas para Goa.

Os delegados serão acompanhados por guias experientes que lhes proporcionarão uma experiência cativante, mergulhando na rica herança, história e outros aspectos, incluindo arquitetura, folclore e muito mais através de cada local visitado.

“Pensamos muito e nos esforçamos para escolher e organizar os melhores lugares para os delegados do G20 visitarem durante a sua estada em Goa para mostrar a variedade e riqueza das atrações de nosso estado. Goa é um tesouro de cultura, património e história, com influências de diferentes regiões e religiões”, disse Sanjit Rodrigues, Nodal Officer (G20).

Os passeios incluem visitas ao Indian Customs & GST Museum, ao Museum of Christian Art, ao Archaeological Survey of India Museum e ao Goa Chitra Museum, cada um oferecendo informações únicas sobre a história, cultura, arte e tradições de Goa.

O Indian Customs & GST Museum em Panjim exibe artefatos confiscados, civilizações antigas e exibe galerias sobre armas e munições, cultivo de papoila e a Marcha Dandi de Mahatma Gandhi.

O Museu de Arte Cristã na Velha Goa, no histórico Complexo de Santa Mónica, exibe artefactos de valor inestimável, incluindo ícones, pinturas, esculturas e o famoso Ostensório Pelicano.

O Archaeological Survey of India Museum na Velha Goa apresenta 7 galerias que exibem pedras esculpidas, estátuas, moedas, retratos, um diorama de martírio e uma galeria de navegação. O Museu da Cadeia do Forte Aguada em Sinquerim é um forte histórico português com vista para o mar que foi convertido em museu.

Os delegados também terão a oportunidade de explorar o Templo Sri Vijayadurga em Querim, Ponda; o Templo Sri Saptakoteshwar em Narva, Bicholim; e o Templo Sri Mahalsa Narayani em Verna, que foram selecionados para entender o significado histórico e cultural desses santuários espirituais, bem como experimentar os costumes e rituais do estado.

Nenhuma viagem a Goa está completa sem um passeio à praia. Tendo isso em mente, as excursões também incluirão visitas a quatro belas praias do estado, incluindo Colva, Utorda e Benaulim no sul, bem como a praia de Morjim no norte.

Locais históricos como Fontainhas, Mala e São Tomé em Pangim, uma área residencial conservada, necessariamente requalificada com um facelift, assim como o Raj Bhavan em Dona Paula, que simbolizam a história da região, também foram incluídos na lista.

O bem preservado Forte dos Reis Magos e o Forte Tiracol oferecerão aos delegados algumas luzes sobre a história militar e deslumbrantes vistas panorâmicas da paisagem.

Os delegados também conhecerão a rica herança cultural de Goa com uma visita a uma fazenda de especiarias em Ponda. Esta bela quinta dedica-se à preservação das ocupações hortícolas tradicionais e da riqueza patrimonial.

A Casa Figueiredo em Loutolim, a mansão mais antiga de Goa transformada num museu vivo preservado, e o Destilador de Licor Fazenda Cazulo em Cansaulim ajudarão os delegados a aprender sobre a história colonial e provar alguns dos melhores destilados que Goa tem para oferecer. In “Gomantak Times” - Goa

quarta-feira, 6 de julho de 2022

“A última dança em Goa”, de Joaquim Correia, editado em inglês...

 Lançado em 2018, “A última dança em Goa – Música popular nos últimos anos do Estado da Índia Portuguesa” traça o retrato da cultura da antiga colónia até 1961, ano em que Goa, Damão e Diu deixaram de estar sob administração portuguesa. O livro, editado recentemente em inglês, na Índia, traça um paralelismo entre o teatro tradicional de Goa e o teatro de Macau, em patuá...


“Once Upon a Time in Goa: Music and Dance in a Charming Region and its Diaspora” é o nome da versão em inglês, recentemente editada na Índia, do livro que Joaquim Correia lançou em 2018 sobre a cultura de influência portuguesa que existiu em Goa, antiga colónia portuguesa, até 1961, e que se intitula “A última dança em Goa – Música popular nos últimos anos do Estado da Índia Portuguesa”.

Joaquim Correia, advogado, professor e autor, traça aqui um “retrato de Goa antes da transição de poder para a Índia”, sobretudo em matéria de música de influência portuguesa. Não são esquecidos os goeses que, em Portugal, contribuem para a preservação desta cultura.

“Em Goa havia uma profusão de anúncios de música de influência portuguesa por todo o lado. Fiquei espantado com isso e resolvi escrever sobre a música de influência portuguesa em Goa até 1961. O livro em português foi editado em 2018, mas depois gerou muito interesse da parte de pessoas em Goa no sentido de editar uma versão em inglês, que saiu há cerca de dois meses.  Não se trata de uma segunda edição do livro porque fiz muitas mudanças, embora haja um paralelismo”, contou Joaquim Correia ao Hoje Macau.

O leitor encontra, logo no primeiro capítulo, a descrição das várias bandas musicais que existiam na altura, bem como a história do aparecimento do rock em Goa. Surgem depois novos elementos sobre a cultura na diáspora, sem esquecer a influência do fado em Goa.

No prefácio, Edgar Valles, antigo presidente da Casa de Goa em Lisboa, destaca que a música sempre esteve muito presente na comunidade, fazendo parte “do dia-a-dia dos goeses”. “Se é verdade que a música tradicional indiana é apelativa a muitas famílias, especialmente para a comunidade Hindu, existe uma forte influência ocidental, especialmente da língua inglesa. O inglês é a língua falada em Goa, por isso a disseminação da música é algo natural. Mas persiste a influência portuguesa”, pode ler-se.

Semelhanças com patuá

“Once Upon a Time in Goa: Music and Dance in a Charming Region and its Diaspora” descreve ainda a semelhança que existe entre o teatro tradicional em Goa, conhecido pelos termos “Teatr” ou “Tiatr” e feito no dialecto Konkani, com o teatro feito em patuá, actualmente preservado graças ao grupo Dóci Papiaçam di Macau.

“Existem ligações porque ambos os teatros têm ligação à revista portuguesa, ambos são teatro de crítica social, têm uma linguagem crioula com influência portuguesa. O que é curioso é que esse teatro está, de novo, a ter muitos espectáculos”, disse Joaquim Correia.

Na obra, é descrito que “há muitas semelhanças com o teatro macaense em patuá”, que constitui “uma ligação emocional entre a comunidade macaense espalhada pelo mundo e Macau”.

Nalini Elvino de Souza, uma das colaboradoras do livro, actualmente a fazer um doutoramento na área da cultura goesa na Universidade de Aveiro, descreve que há cerca de dez palavras em Konkani que são muito semelhantes ao português e que apresentam também alguma semelhança ao patuá, tal como mez (mesa) ou vistid (vestido).

De frisar que Nalini Elvino de Souza faz, para este livro, um levantamento de todos os discos de 75 rotações de música tradicional goesa editados desde a década de 20 até 1961. Andreia Silva – Macau in “Hoje Macau”

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Goa - Atividades na Cátedra Camões – Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara da Universidade de Goa



Concluíram-se no dia 2 de agosto de 2019, as atividades do 1.º triénio da Cátedra Camões - Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara, instituída na Universidade de Goa em 2016.

Hugo Cardoso, Amélia Polónia, Ângela Barreto Xavier, Susana Sardo e Walter Rossa, cinco conceituados professores e especialistas em áreas concomitantes dos estudos portugueses, e muito relevantes na região do subcontinente indiano, como são os casos do contacto linguístico, das relações históricas indo-portuguesas, da etnomusicologia e das influências portuguesas no património, desenvolveram na Universidade de Goa, nos últimos três anos, um conjunto de atividades variadas, desde a docência dirigida a mais de 350 alunos de diversos departamentos, palestras, participação em seminários e conferências e apoio a investigadores locais.

Walter Rossa, professor do Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra, e um dos mais credenciados investigadores na área da influência portuguesa no Património na Ásia, esteve em Goa de 15 a 23 de julho, tendo assegurado, a cerca de 50 alunos, o curso “Heritage(s) of Portuguese Influence on the Indian Ocean Borders” no Goa College of Architecture e participado em encontros com especialistas locais. No dia 20 de julho, apresentou uma conferência muito concorrida, no Camões - CLP em Pangim, sobre o “Azulejo Português”, ação integrada na preparação do Festival de Arte Serendipity, que decorrerá de 15 a 21 de dezembro em Pangim.

Ângela Barreto Xavier, professora e investigadora do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, iniciou o seu trabalho em Goa, proferindo, no passado dia 23 de julho, a conferência inaugural das Comemorações Magalhânicas “From 1498 to Magellan. Memories and Archives”. Ministrou ainda o curso “The Government of Difference in the Portuguese Empire (15th-18th centuries)” que decorreu na Universidade de Goa, de 24 de julho a 2 de agosto 2019.

No segundo triénio 2019-2022 da Cátedra J.H.da Cunha Rivara prevê-se, para além da continuação das atividades já desenvolvidas, a abertura de um programa de doutoramento em Estudos Portugueses, com o apoio dos professores visitantes e das parcerias já estabelecidas com reputadas instituições e centros de investigação e de ensino superior. In “Camões – Instituto da Cooperação e da Língua” - Portugal


sábado, 16 de março de 2019

Goa - Fado promove língua e cultura portuguesas

Entre diversas iniciativas, o fado assume popularidade em Goa na promoção da língua e cultura portuguesas

Num país onde alguns milhares ainda falam a língua portuguesa, o dedilhar das guitarras faz com que, para além de falar, também se cante. O legado de Amália Rodrigues faz-se ouvir nas noites tropicais de Goa, onde «a história do fado remonta há mais de um século e tem vindo a ganhar enorme popularidade» afirmou Delfim Correia da Silva, leitor do Camões - Instituto da Cooperação e Língua da Universidade de Goa (UG) em entrevista à agência Lusa.

Pela voz Sónia Shirsat, de 38 anos, «a principal intérprete de fado e uma das mais dinâmicas na sua promoção», de acordo com Delfim Silva, a canção património cultural e imaterial da humanidade continua a viver e a inspirar «jovens que podem a breve trecho seguir-lhe as pisadas», como é o exemplo de Nádia Rebelo, de 22 anos, mestre em Estudos Portugueses pela UG.

Em 2014, o concerto de Cuca Roseta no I Concurso de Fado na Kala Academy e no restaurante Alfama do Hotel Cidade de Goa, «revelou-se decisivo para impulsionar o projeto de revitalizar o fado», contou Delfim SIlva.

A inundar de música os poemas da saudade, Orlando de Noronha e Franz Schubert Cotta acompanham, respetivamente, Sónia e Nádia, a quem, entre outros, costumam juntar-se Allen de Abreu, Carlos Menezes, Reiniel Costa Martins e Shiddarth Cotta.

O representante do Camões explicou que «as artes performativas e o canto em particular permitem otimizar as estratégias de aperfeiçoamento das competências da compreensão oral e da interação e expressão oral, na aprendizagem do Português como língua estrangeira (PLE)». Delfim Silva é também o responsável pelo Concurso de Fado da Semana da Cultura Indo-Portuguesa apoiada pelo Camões, pelo Consulado Geral de Portugal e pela Fundação Oriente.

O fado português está hoje bastante integrado nos programas de Estudos Portugueses «como estratégia didática para desenvolver as competências linguísticas e comunicativas no contexto do ensino e aprendizagem do PLE» revelou Delfim, como é o caso do bacharelato em Artes dos colégios de Goa, que inclui a disciplina “Reading, Listening and Signing the Fado” (ler, ouvir e assinar o fado, em português).

O projeto "Fado de Goa", um dos principais patrocinadores do Concurso de Fado, tornou-se, em 2017, uma iniciativa decisiva «para manter e aumentar a popularidade» do fado na região. No âmbito deste projeto, concertos e outras ações de promoção do fado foram feitas, algumas delas sob orientação de Sónia Shirsat, artista de estatuto internacional que, quando cantou fado pela primeira vez, fê-lo «sem praticamente saber falar português» realçou Delfim Silva.

A Companhia de Teatro da Universidade de Goa foi premiada a dobrar no Midas Trophy 2018, no estado de Maharashtra, «em grande medida devido à magistral interpretação de trechos» dos imortais hinos “Chuva” de Mariza e “Fado Português” de Amália, cantados numa adaptação do “Auto da Índia” de Gil Vicente. In “Mundo Português” - Portugal


Ouça na ligação a voz de Sonia Shirsat:

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Goa - Exposição fotográfica “Viagem Oriental” de Nalini Elvino de Sousa em Macau

Está a decorrer até quinta-feira, dia 18 de Outubro, no jardim Lou Lim Ioc, a exposição de fotografia “Viagem Oriental” da goesa Nalini Elvino de Sousa. As imagens retratam peças decorativas de porcelana e de colecção com origem em Macau. Foi Nalini Elvino de Sousa quem teve a ideia de seguir os vestígios dos vasos de porcelana, dos potes azuis, das figuras chinesas e dos serviços de chá, guardados em prateleiras de armários nas casas senhoriais de Goa. Na sequência dessa intenção, foi organizado um concurso de fotografia que levou à abertura das portas destas casas a fotógrafos para que pudessem fixar em imagem as porcelanas e outros objectos de valor.

Para esta exposição em Macau foram seleccionadas 20 fotografias do livro “Viagem Oriental”, que mostra o levantamento feito das peças decorativas e de colecção oriundas de Macau, que permanecem guardadas nas casas senhoriais. De acordo com os autores desta iniciativa, “estes objectos ajudam a divulgar a herança de séculos de intenso intercâmbio cultural e comercial entre as duas regiões”.



De origem goesa, Nalini Elvino de Sousa nasceu em Lisboa. Há 19 anos mudou-se para a região de Goa. A autora realizou, apresentou e produziu mais de 100 documentários para a série “Contacto Goa”, que foram transmitidos na RTP Internacional e na RTP África. É actualmente a responsável na Índia pelo programa “Hora dos Portugueses”, difundido na RTP Internacional e RTP1. Produz, também, curtas-metragens e outros documentários através da produtora Lotus Film & TV Production. Nalini Sousa dirige igualmente a organização não governamental Communicare Trust, que ensina a comunicar em diversas línguas, incluindo a portuguesa, organizando ainda eventos na área. In “Ponto Final” - Macau

terça-feira, 17 de abril de 2018

Regresso a Goa


Que tem Goa, que magoa
meu coração português?...
(– Índia sonhada em Lisboa,
diz-me segredos de Goa,
diz-mos baixinho de vez...)

Que tem Goa, que destoa
do mundo que à volta sei?...
(– Índia das noites à toa,
canta-me a voz do Pessoa,
conta-me a volta do Rei...)

Que tem Goa, qu'inda ecoa
nas águas mortas do mar?
(– Índia, vem... moro em Lisboa...
deixei meus barcos em Goa,
preciso de navegar...)

Casimiro Ceivães, in Revista NOVA ÁGUIA, nº 2 (2ª semestre de 2008)

Foi decerto um regresso, ainda que nunca lá tivéssemos estado. Olhando, porém, para os monumentos, sobretudo em “Goa Velha”, para o bairro tão típico das “Fontainhas”, em Pangim, para os nomes das ruas, das próprias pessoas, foi decerto um regresso. Um regresso, decerto, agridoce. Essa memória histórica está a apagar-se progressivamente e, se se mantiver esta inércia e esta erosão, daqui a poucas décadas já quase nada restará. Sendo que já não resta muito.

Seria fácil apontar o dedo a Portugal e aos restantes países lusófonos mas, neste caso, é a própria Índia a principal responsável. Mais de meio século após a anexação, a Índia continua a querer “indianizar” Goa, não percebendo que seria do seu próprio interesse que Goa mantivesse a sua relativa singularidade, tal como a China já percebeu há muito no caso de Macau, ainda que por meras razões económicas.

Assim, enquanto a China promove o ensino da língua portuguesa e faz de Macau um canal de comunicação e comércio com o espaço lusófono, em Goa desincentiva-se o ensino da língua portuguesa. Segundo os “media” locais, conforme pudemos testemunhar, só os “velhos” (ou os “saudosistas”, para não dizer pior) insistem em aprender a nossa língua. O que é falso. Vimos dezenas de jovens em aulas de português. Se não fosse este ambiente adverso, difundido pelas próprias autoridades indianas, essas dezenas seriam decerto centenas, senão milhares.

O que torna a situação mais absurda é o facto de, neste caso, a Índia estar a lutar contra si própria. Mais de meio século após a anexação, não há ninguém em Portugal que, seriamente, pretenda questionar o estatuto de Goa. Enquanto houver Índia, Goa fará pois parte da Índia. Neste caso, a história é absolutamente irreversível e é mais do que tempo da Índia perceber isso. Sendo que os fantasmas indianos não têm a ver apenas com Portugal. É ainda sobretudo o trauma da cisão do Paquistão que leva a Índia a querer “indianizar” o mais possível todo o território.

As posições públicas do Primeiro-Ministro da União Indiana, Narendra Modi, são a esse respeito preocupantes. Há um assumido propósito de fazer do hinduísmo a única religião de referência do país, tornando assim “estrangeiros” os católicos e os muçulmanos. Mas se quanto à ultra-minoria católica (não chega a 2%) Narendra Modi sabe que nada deve temer, já quanto aos muçulmanos, que são cerca um terço da população, a situação é muito diferente. Decerto, eles não ficarão calados nem quietos. A Índia é também o país deles. E eles – penso, em particular, num muçulmano goês, que fala razoavelmente bem a nossa língua (e que até partilha connosco as mesmas cores clubísticas) – têm decerto o direito a continuar a viver na Índia.

Entretanto, há uma série de comunidades em Goa que se sentem igualmente ameaçadas. Falo, com conhecimento de causa, de uma série de comunidades do interior de Goa que durante séculos se dedicaram à agricultura e à pecuária, cuja autoridade sobre as suas terras foi reconhecida pelo Estado Português (oficiosa e depois oficialmente através de um “Código das Comunidades”, datado de 1904 e reiteradamente confirmado em 1933 e em 1961), e que agora vêem essa autoridade questionada, pondo assim em causa um secular modo de vida. No regresso a Portugal, é sobretudo nessas pessoas que penso. Quando regressar de novo a Goa, espero reencontrá-las mais esperançadas no seu futuro.

 

quarta-feira, 14 de março de 2018

Palestras em Goa...


Palestras em Goa (I): Os caminhos do Oriente*


Não obstante ser um país do Ocidente, do extremo-Ocidente, não obstante ser o país mais ocidental da Europa, Portugal nunca perdeu de vista o Oriente. Ele foi sempre, nas suas navegações, nas suas viagens, através de todos os ventos, para além de todos os desvios, o seu, o nosso Norte, o seu, o nosso Horizonte. Dissemos “não obstante” quando, porventura, deveríamos antes ter dito, ter escrito, “por isso mesmo”, “precisamente por isso”. Pois que, porventura, é precisamente pelo facto de Portugal ser um país do Ocidente, do extremo-Ocidente, o país mais ocidental da Europa, que ele nunca perdeu de vista, apesar de todos os desvios, o Oriente. Tal como o Homem ama a Mulher porque ela é o seu Outro, assim também nós amamos o Oriente porque ele é o nosso Outro
Como aqui veremos, é precisamente assim, como o nosso Outro – do nosso ser, do nosso próprio pensar –, que alguns dos nossos filósofos contemporâneos olham para o Oriente. Eis o que, de uma forma mais detida, veremos a respeito do pensamento de José Marinho, e, de passagem, a respeito do pensamento de Antero de Quental, de Sampaio Bruno e de Fernando Pessoa. Antes disso, importa, contudo, esclarecer desde já o seguinte: essa viagem que esses nossos filósofos encetam rumo ao Oriente não é uma viagem de regresso – nem de regresso à origem, nem, muito menos, de regresso ao passado. Muito pelo contrário. E isto, muito simplesmente, porque esse Oriente que eles visam não é o Oriente do nosso passado, o Oriente de que todos nós partimos na aurora do tempo, da história, mas o Oriente do nosso próprio futuro, precisamente esse Outro que importa ser, precisamente esse Outro que importa pensar.
Eis, desde logo, o caso de José Marinho, para quem, com efeito, o Oriente não simboliza, de modo algum, o tempo passado, mas, ao invés, o tempo, “o fluxo de tempo”, que “não chegou a ser”, que ainda “não chegou a ser”, qual “aurora de um dia ainda impossível” – nas suas palavras: “Nós empregamos Oriente no sentido real e simbólico: como fluxo de tempo que não chegou a ser, como semente que não germinou, como aurora de um dia ainda impossível. Oriente é, para nós, a autêntica pré-história, a sub-história, o Paraíso Perdido.”. É certo – replicarão os mais conhecedores da obra marinhiana – que José Marinho nos fala de uma “tradição mais antiga”, “mais remota”, da qual, como chegou mesmo a escrever, “estão mais perto os indus e os orientais”. É certo – replicar-se-á ainda – que o nosso pensador chegou mesmo a referir-se ao “saber do Oriente”, ao “pretérito saber do Oriente”.
Simplesmente, replicaremos agora nós, José Marinho em momento algum pretendeu tornar-se um mero porta-voz desse dito “saber do Oriente”. Muito pelo contrário. O “saber do Oriente” a que ele reiteradamente se refere, enquanto “saber outro” – ou, mais precisamente, enquanto “saber do Outro” –, é um saber que ele próprio descobre ao longo da sua própria viagem. É, aliás, por isso que esse saber é fiel a essa “mais remota tradição”, não fosse muito mais fiel à tradição aquele que a reinventa, assim a renovando, do que aquele que apenas a repete, assim a petrificando – ainda nas palavras de José Marinho: “Quando referimos o significado e valor da tradição, entendemos, como é evidente, uma tradição viva: não pode esta transmitir ideias feitas, conceitos definitivos, razões indeclináveis. A tradição transmite, sim, a virtualidade incessantemente aberta de conferir o que foi aceite como verdade, com os renovados modos de apreender a mesma verdade, e o labor que requer compreendê-la e explicitá-la.”

* Para “Philosophy and Literature Meeting: The West(s) and The East(s)”, Universidade de Goa: 19-20 de Março de 2018.


Palestras em Goa (II): Filosofia e Poesia em José Marinho*

 

Ainda que nem sempre explicitamente, o pensamento de José Marinho teceu-se no seu constante diálogo com alguns filósofos – em particular, Sampaio Bruno e Leonardo Coimbra. De tal modo que o seu pensamento mais estritamente teorético pode ser mesmo interpretado como uma tentativa de sintetizar essas duas cosmovisões, tão, a priori, antitéticas entre si: a brunina afirmando o primado ontológico da homogeneidade originária do ser sobre a heterogeneidade actual do existente, a leonardina afirmando o inverso, fazendo, nessa medida, a apologia deste “mundo de distâncias e separações”.

Como ele próprio escreveu, na sua obra “A Alegria, a Dor e a Graça”: “Como é belo este mundo de distâncias e separações! Que perda não seria reduzir tudo a uma simples unidade possuindo-se!”. Daí, de resto, segundo Marinho, a subtil, a abissal diferença do pensamento de Leonardo não só em relação ao de Bruno, como ainda ao de Antero – nas suas palavras, para Leonardo “os seres não se anulam, pois que neles se manifesta Deus, a pluralidade não é imperfeição, como o é em Antero ou Bruno, mas expressão de todas as infinitas virtualidades de ser do absoluto”.

Ainda que por vezes de forma tácita, o pensamento de José Marinho teceu-se igualmente no seu constante diálogo com alguns poetas: Antero de Quental, Fernando Pessoa, Guerra Junqueiro e, sobretudo, Teixeira de Pascoaes. Dentre estes quatro poetas, foi, com efeito, Pascoaes aquele cuja obra mereceu de Marinho mais profunda meditação, a ponto de, na nossa perspectiva, algumas das suas teses mais fundamentais não serem senão o desenvolvimento filosófico de algumas intuições pascoaesianas. Eis, em última instância, o que procuraremos aqui verificar, fazendo, para tal, uma breve retrospectiva da relação filosófica que Marinho manteve com estes quatro poetas, também eles, ainda que não na mesma medida, filósofos.

Não nos debruçaremos aqui sobre a relação entre José Marinho e José Régio, apesar de ele ter sido igualmente para si um poeta de eleição, como atestam as seguintes palavras: “É ele [José Régio] não apenas o homem que com Teixeira de Pascoaes, no juízo vesânico dos melhores, revela entre os portugueses vivos os mais altos dons, como um dos mais nobres e sérios amigos da verdade e inquiridores ou julgadores de responsável juízo.”. Ainda assim, julgamos que quem mais valorizou José Régio foi Álvaro Ribeiro, ao considerá-lo “o nosso maior poeta do paraíso perdido”, “a figura central da literatura portuguesa no século XX”, tese que desenvolveu na sua conhecida obra “A Literatura de José Régio” [1969].

* Para o Encontro “Diálogos Cruzados - Filosofia e Literatura, Ocidente o Oriente”, Fundação Oriente, Goa, 22 de Março de 2018.

Renato Epifânio

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Goa – Concurso de promoção de línguas


Joana Yee, aluna do 11º ano da Escola Portuguesa de Macau (EPM), viajou para Goa no mês passado para participar na competição “Kaleidoscope”, organizada pela Communicare Trust, uma organização vocacionada para a promoção de aprendizagem de línguas. Com a jovem foram também outras duas estudantes da mesma instituição, Leonor Silva e Teresa Senna Fernandes, acompanhadas por Henrique Caetano, docente do estabelecimento de ensino. As três jovens, divididas em duas equipas, venceram o primeiro e o terceiro lugar do concurso na vertente em língua portuguesa.

Em declarações ao Ponto Final, Henrique Caetano considerou ter sido cumprido o objectivo principal de “enriquecimento pessoal proporcionado pelo contacto com estudantes de língua portuguesa num contexto diferente do de Macau”: “Para além do concurso, a visita incluiu uma componente cultural com a visita a locais emblemáticos de Goa, nos quais a história local é também a história de Portugal, cruzando-se igualmente, por razões óbvias, com a história de Macau”, disse o professor.

O “Kaleidoscope” teve este ano a sua oitava edição dividida em cinco línguas: português, hindi, konkani, marathi e francês. Ao longo das várias eliminatórias os alunos tiveram que responder a perguntas de cariz cultural, desportivo e de cultura geral. O concurso foi filmado nos estúdios da Universidade de Goa com a presença de um público a quem, por vezes, era pedida ajuda para responder aos desafios. O programa vai ser transmitido no próximo mês num canal local da antiga capital da Índia Portuguesa. In “Ponto Final” - Macau

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Exposições, música e gastronomia promovem lusofonia em Goa

Exposições, música e gastronomia promovem lusofonia em Goa


Uma coleção de fotografias do século XIX, exposições sobre Macau, Angola e Timor-Leste e mostras de gastronomia e de danças tradicionais de países lusófonos são exibidas a partir desta sexta-feira em Goa, no primeiro festival dedicado à lusofonia.

O festival, que decorre entre 20 de fevereiro e 20 de março, pretende promover a cultura e as regiões lusófonas, com destaque para Angola, Brasil, Cabo Verde, Macau, Portugal e Timor-Leste, disse à Lusa o presidente da Sociedade Lusófona de Goa, Aurobindo Xavier, responsável pela organização.
A Fundação Oriente na capital de Goa, Panjim, acolhe a exposição «Viagem ao leste do século XIX», com imagens dos primórdios da técnica da fotografia, retratando locais tão diversos como os territórios indianos de Mumbai, Goa, Damão ou Nagar-Aveli, o Egito, Lisboa, Canal do Suez, Sri Lanka ou Indonésia.
Diário Digital / Lusa

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

"Goa Antiga e Moderna"

Lançamento: Museu da Cidade – Pavilhão Preto, Campo Grande, nº 245, em Lisboa, quarta-feira, 19 de Outubro, às 19h30.



A apresentação da obra estará a cargo da Dra. Maria José Vidigal, escritora e pedopsiquiatra, de famílias luso-descendentes de Goa.


Durante a sessão será apresentado um espectáculo de Danças Tradicionais Goesas pelo Grupo EKVAT.


O Dr. Adalberto Alves, responsável pela revisão e organização crítica da obra, encerrará a sessão, seguindo-se um beberete com especialidades goesas.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Voluntários para Goa precisam-se

A Delegação em Goa da “Fundação Cidade de Lisboa” pretende apoiar grupos de conversação em língua portuguesa constituídos por antigos alunos dos cursos de português ministrados em Panjim e Margão.Os grupos serão constituídos por um máximo de 10 pessoas, funcionarão durante cerca de 8 semanas e deverão ser orientados por monitora em regime de voluntariado.Aquela Instituição pretende obter a colaboração de voluntária portuguesa, de preferência com licenciatura de nível superior, que se proponha monitorar os referidos grupos de conversação.Viagens aéreas de ida e volta, custos de permanência e “dinheiro de bolso” assegurados.

Para mais informações, contactar:Dr. Jorge Renato Fernandes
Promoting Friendship
http://ineslongedeportugal.blogspot.com/2007/08/antes-de-virum-grande-presente-de.html