MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia
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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)
A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)
Agostinho da Silvasexta-feira, 3 de agosto de 2012
O galo e a tampa
domingo, 20 de março de 2011
O voo do pássaro
Agostinho da Silva, COMPOSTELA, Carta sem prazo a seus amigos. Publicação do autor,. Lisboa. 1971
Voltar a este texto quarenta anos decorridos, a par da imensa alegria e epifania que me são sempre as palavras de Agostinho, como um reencontro com o amigo mais sábio que existe em mim, tem por outro lado, neste tempo de Quaresma, a verificação de que o cenário continua a ser o da crucificação. A par da extrema actualidade, porque, como sempre, continua existindo um clero "regressista", como lhe chama Agostinho, existem também os outros ainda tão empenhados na crucificação do Mesmo: o "Pobre". aquele que deveria ser o "Rei", o centro das preocupações de todos.
Assistimos hoje a uma tremenda luta dos poderes. Mas voltam às ruas as canções que talvez nunca, nos últimos ano, tenham estado tão actuais. Falam de liberdade, alegria e responsabilidade.
Confiemos. Após uma crucificação vem sempre uma ressurreição. Porque a vocação da humanidade é o voo. (Já) só lhe faltam as asas. Que não sejam as de Ícaro. Mais sólidas, mais leves, mais simples. Mais invisíveis. Mais naturais.
domingo, 1 de agosto de 2010
Voo de pedra

Cerca-a um profundo e denso ar, invisível muralha prende o pássaro que desaprendeu de voar.
Criou ele tal rede, tal estatuar. Tem altura, asas, penas, forma, estatura, falta-lhe fé. O tão simples e inocente acreditar.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
O voo do pássaro 4

O pássaro era um enviado. Ou um emissário, como quiserem chamar-lhe.
Aproximou-se da terra em voo poderoso, mas discreto. A firmeza das asas com imperceptível movimento permitia-lhe planar sem vento.
Aproximou-se dos rios, das casas e das gentes.
Desta vez queria ser olhado, gostaria que o vissem, que se sentissem observados, que percebessem da existência, no céu, de uma vontade, uma curiosidade ou um desejo pela ordem na terra.
Mas estavam todos tão ocupados nos seus negócios, seus medos e paixões, pressas e obsessões que ainda que descesse em voo picado e lhes beliscasse as pálpebras, mesmo assim não dariam por ele.
Percorreu ruas, sobrevoou estádios, seguiu barcos em percursos de rios. Inutilmente.
Aproximou-se então do sítio menos recomendável, aquele sobre o qual lhe tinham dado as piores informações: lugar de ladrões e pequenos negociantes, desgraçados e artistas pobres, rufias e mulheres da rua, imigrantes e drogados, bêbedos e marginais... aproximou-se, primeiro com cepticismo, esperava, no meio de tanta azáfama, um total alheamento, um não querer saber do céu. Mas era curioso como apesar do caos aparente, tantos objectos espalhados pelo chão, havia nos olhares dos que procuravam pelo meio da imensa e surpreendente variedade das mais inesperadas coisas, um olhar ainda humano, um procurar ainda atento, um silêncio pelo meio do burburinho baixo das vozes, uma lentidão por entre o movimento dos corpos, um saber estar.
Foi no meio do improvável local que lhe haviam descrito e nomeado como "Feira da Ladra", que o enviado encontrou, finalmente, o precioso elemento perdido e com paciência o foi recolhendo no meio das penas para, sobrevoando o resto da cidade, poder espalhar pelas zonas mais doentes de civilização, o tão precioso, refrescante, raro e cobiçado tempo. Sem preço.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
O voo do pássaro 3

Voltar atrás em busca da pena
é penar.
O caminho é teu
está consagrado
conquistado foi já.
Hoje és um Chefe,
prova-o teu saco de talismãs
onde concentras todas as forças do bando.
O teu avanço far-se-á em vários planos
a avaliar pelas penas que adornam tua cabeça, tuas asas.
Leva contigo o experimentar
deixa as velhas penas
molda com a quilha cruzando o vento
teu destino
e alento.
Conta mentalmente vitórias e troféus
que é hora de largar.
Chegou o futuro aqui
eleva-te
com merecidas honras
esquece-as
com altos pensamentos.
Ensina-nos a coragem
o impulso
não esqueças as raízes
o que é certo
fala connosco
em torno da Fogueira do Conselho.
E vai.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
O voo do pássaro 2
húmidas asas
pesadas penas
infinitas grades
Tinha tudo para ser Ele
o Ser:
um voo amplificado por um único passo
de pássaro.
Tudo passou:
água pena grade.
Ficou
o que voou.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
O voo do pássaro 1
da Lua e dizia
das mil cores
e das flores.
- Ao que vieste, então?
- Procuro a distância,
que o olho colado à cor ...
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... não vê a flor.