(Parafraseando Antônio de Castro)
A ti, nobre embaixador do intelecto, da orgulhosa teimosia de viver,
da honesta palavra que nem sempre benefícios traz a quem as profere,
parabéns pela tua vida no momento da tua despedida. Até sempre!
I
Quando a noite
(ao coito) se entrega
o poeta alça seu sagrado masculino ao céu...
Faz-se de morto... Vela o espírito do sexo...
Cria poeticamente o sândalo...
Vê que seu poema agudo intermitente
(porque cãibra precoce e alienígena)
ejacula desmedidamente gotinha de silêncio
sobre o cálido broto do cálculo:
Torna-se gosma solitária da multiplicação
dos pães ateístas - E o é!
- Mas estando a par da símile brochura
poupa-se do cru,
penteia a franja do vento
e se entrega de vez à sórdida nudez
do orvalho.
II
Oh, vida minha!
Tu és igual ao enigma do inseto.
Por ti arde no escuro
o voo da genitália masturbada,
e a quilha copulada do segredo
invade os cornos poéticos
dos fracos...
Oh! Sê, para mim, o amanhecer gorduroso...
Com flores à porfia
corro do acocho que alimenta
o poderio das agruras reconvexas,
todavia eu sei me juntar
ao sabor de reconheçer-te imêmore
qual o mormaço que cerceia
o abraço.
III
Quando o dia
(ao poeta se entrega) cala a poesia
- morna e sem fôlego -
Cios e gritos revelam-se fotografias carnívoras
cujo album não resulta nem tão cult
nem tão objeto quase
quanto o estigma do belo
(que estufa o peito em aspiral)
afinado pela cobiça de amar
o lugar-comum da irmã-lágrima,
o códice do fim-tempo,
o aplauso da pá-lavra...
Oh! Nenhuma poética seria tão beat
nem tão insana
quanto aquela que no-la faria
acossar o prepúcio do medo,
o acinte da verve.
IV
Pensar, poema, no teu despir,
despe-se-me o coração,
o gozo da palavra - o medo e a não-poesia:
essa abdução cruel da fome
à baila do ato
de impelir-me à boca
outras soberbas gramáticas sadomasoquistas
(as mais palatáveis...)
sobretudo as que não prosperem
em circulo.
V
Despe-se. Despe-se
a ferrugem da idade - a audácia e o torpor que se contorce:
A locução adverbial da fala
quando atravessa corpos
como faca aguçada...
Cio que fode o texto...
Elegia quando alanceia o instante...
Nojo do erro do acrobata em cacho...
Elo lustrante do cigarro que ilude...
Vulva de clímax masturbada
- Essa ave sem palavra que margeia a lança -
que ama o sândalo qual machado
que bafora seus primeiros respingos
de borra e lanternagem
ao amanhecer do primeiro escarro.
VI
Devasso:
O célere cervo
imita o glúteo ermitão da palavra;
é o nervo-álibi do coito imponderável;
o ato-falho da cópula no sacrifício.
VII
Revelação:
(Nada a temer...)
O que vos nunca cuidei a dizer com tanta seiva,
vo-lo direi, porque me vejo
já por fugir do silêncio
- esse ódio que corta tal como o boquiabrir da língua;
o asno-estorno do cadafalso;
a afta-falação da partida;
a contramão do mano orgasmo;
o fim do fim.
© Benny Franklin
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