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MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da nossa sociedade civil, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia. Defendemos o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
SEDE: Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa)
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NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI

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Desde 2008"a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".

Colecção Nova Águia: https://www.zefiro.pt/category/zefiro-nova-aguia

Outras obras promovidas pelo MIL: https://millivros.webnode.com/

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva
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quarta-feira, 7 de abril de 2021

Malaca - Sara luta para preservar o dialecto português

 A pandemia obrigou uma luso-malaia a cancelar as aulas de dança e música no crioulo de matriz portuguesa de Malaca, mas a vontade de não parar levou-a a criar aulas e páginas online para esta língua não ser esquecida


Todos os sábados, desde outubro de 2020, Sara Frederica Santa Maria ensina, de forma gratuita, cerca de 20 pessoas, a maioria crianças luso-malaias do bairro português em Malaca, mas também adultos do bairro e de Singapura, contou a professora à agência Lusa.

“A minha aluna mais velha tem 90 anos”, detalhou.

Sara explicou que por causa da pandemia da covid-19 as aulas na sua casa de dança e música no crioulo de matriz portuguesa kristang tiveram de ser canceladas, para segurança dos cerca de mil a dois mil lusodescendentes que vivem nas quase 200 casas naquele bairro português.

“A dança não podia mais ser feita” por causa da pandemia, afirmou, ainda que, segundo Sara, não tenha havido qualquer caso entre a comunidade luso-malaia em Malaca.

A vontade de preservar a memória do pai, que morreu em 2008, e o “medo de perder a língua” fez com que decidisse, em 2012, abrir as portas da sua casa também todos os sábados, das 16h00 às 18h00, para ensinar dança e música em kristang às crianças do bairro.

O kristang surgiu há cerca de 500 anos quando os portugueses conquistaram o porto estratégico de Malaca (em 1511), uma cidade no coração de um lucrativo comércio de especiarias.

Ainda assim, a covid-19 não a impediu de continuar a preservar a memória, tanto do seu pai, como do kristang.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o kristang encontra-se “seriamente ameaçado”, estimando-se que pouco mais de duas mil pessoas ainda saibam falar este crioulo de matriz portuguesa.

Sara disse que não consegue ficar parada e por isso decidiu dedicar o tempo que tinha livre para dar aulas de kristang, na mesma hora das aulas de dança, mas não só: ensina também a cultura portuguesa, nas suas várias vertentes, entre elas a católica.

O objetivo, explicou, “é que as pessoas não percam o jeito” de falar este dialeto, que emprega a maior parte do seu vocabulário do português, mas a sua estrutura gramatical é semelhante ao malaio e extrai as suas influências dos dialetos chinês e indiano.

Além das aulas online, Sara criou um grupo na plataforma Whatsapp e ainda um canal no Youtube.

Agora que chegou a semana da Páscoa, no grupo de criou na plataforma Whatsapp, Sara partilha conteúdo em kristang sobre esta festividade católica, num país onde islamismo é a religião oficial e é praticado por mais de 50% da população malaia (31 milhões de habitantes) e onde catolicismo é praticado por cerca de 8% da população.

“Dumingu di ramo” (Domingo de Ramos) ou “Bong Semana Santa tudu” (Boa Semana Santa para todos), são alguns dos exemplos, juntamente com os vários agradecimentos à mestre – “Muitu merseh, mestri Sara”.

O próximo objetivo de Sara é ir a Goa marcar presença na 3.ª Conferência das Comunidades Portuguesas na Ásia. Devido à pandemia, ainda não é certo que poderá decorrer este encontro que, em 2019, na segunda edição, juntou no Bairro Português de Malaca representantes das comunidades asiáticas descendentes de portugueses, numa iniciativa de partilha das raízes culturais, com cerca de 300 luso-asiáticos, de várias comunidades do continente.

A relação de Portugal com Malaca remonta a 1509, quando Diogo Lopes Sequeira, enviado do Rei D. Manuel, aportou em Malaca para estabelecer relações com o soberano local e dois anos mais tarde Afonso de Albuquerque desembarcou em Malaca, demoliu a Grande Mesquita e levantou no local uma fortaleza que seria um importante entreposto comercial.

Depois de 100 anos de domínio português, a cidade foi tomada pelos holandeses, depois pelos ingleses, até à independência da Malásia, em 1957. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo com “Lusa”

sábado, 17 de outubro de 2020

Malaca - Criação de consulado português tem ordem para avançar

 O Governo português anunciou esta quinta-feira a criação de um consulado honorário em Malaca, Malásia, onde existe um legado patrimonial e imaterial desde a chegada de Afonso de Albuquerque, em 1511



O anunciou foi feito em Diário da República, em que se detalha que “é criado o Consulado Honorário de Portugal em Malaca, dependente da Secção Consular da Embaixada de Portugal em Banguecoque e com jurisdição sobre o estado de Malaca”.

Há pouco mais de um ano, em junho de 2019, à margem da 2.ª Conferência das Comunidades Portuguesas na Ásia, o então secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Luís Carneiro, afirmara à Lusa que o Governo português pretendia abrir um consulado honorário na cidade que tem um bairro português, onde se calcula que vivam cerca de mil a dois mil lusodescendentes em mais de 110 casas.

A relação de Portugal com Malaca remonta a 1509 quando Diogo Lopes Sequeira, enviado do Rei D. Manuel, aportou em Malaca para estabelecer relações com o soberano local e dois anos mais tarde Afonso de Albuquerque desembarcou em Malaca, demoliu a Grande Mesquita, e levantou no local uma fortaleza que seria um importante entreposto comercial.

Na mesma altura, surge o crioulo de matriz portuguesa kristang, uma língua agora ameaçada de extinção, que emprega a maior parte do seu vocabulário do português, mas a sua estrutura gramatical é semelhante ao malaio e extrai as suas influências dos dialetos chinês e indiano.

Depois de 100 anos de domínio português, a cidade foi tomada pelos holandeses, depois pelos ingleses, até à independência da Malásia, em 1957. In “Bom dia Europa” - Luxemburgo

sábado, 8 de agosto de 2020

Malaca - Lusodescendentes criticam proposta de mudar nome de colina com legado português


Lusodescendentes em Malaca, antiga colônia portuguesa na Malásia, criticaram a possível alteração do nome de uma colina que alberga ruínas de uma muralha e igreja construídas pelos portugueses e ainda a estátua de São Francisco Xavier.

“As autoridades devem pensar seriamente sobre a ideia de se alterar o nome da Colina de São Paulo para Bukit Melaka”, disse à Lusa o representante da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca, Joseph Santa Maria.

Joseph Santa Maria foi um dos lusodescendentes, a maioria a residir no bairro português em Malaca, onde vivem cerca de mil a dois mil descendentes de portugueses em mais de 110 casas, que se juntaram nas redes sociais para criticar as pretensões do diretor geral da Corporação dos Museus de Malaca.

“Gosto do que temos hoje, da diversidade na cultura. Unidade na diversidade”, afirmou à Lusa o ex-conselheiro da cidade Ronald Gan.

Os dois lembram que Malaca foi em 2007 considerada Patrimônio Mundial da UNESCO precisamente devido à sua história e singularidade.

Em resposta à Lusa, o diretor geral da Corporação dos Museus de Malaca, Mohd Nasruddin bin Rahman, confirmou que a mudança deverá avançar: “Estamos em vias de obter a permissão do Estado para alterar o nome”.

O responsável pelos museus de Malaca justificou esta pretensão com o facto de, segundo o próprio, Bukit Melaka ser o nome da colina antes da época colonial, “desde a era do Sultanato de Melaka”, por volta do século XIV, dissolvido em 1511 quando Afonso de Albuquerque, o 2.º Governador da Índia Portuguesa, desembarcou ali, demoliu a Grande Mesquita e levantou no local uma fortaleza.

A relação de Portugal com Malaca remonta a 1509, quando Diogo Lopes Sequeira, enviado do Rei D. Manuel, aportou àquela localidade malaia para estabelecer relações com o soberano local.

Após a chegada dos portugueses a Malaca, a colina foi batizada Nossa Senhora do Oiteiro e no cimo foi construída uma igreja com o mesmo nome, pelo capitão e fidalgo português Duarte Coelho, em agradecimento à Virgem Maria por lhe ter salvo a vida durante uma tempestade no mar.

Em 1590, uma torre de campanários foi acrescentada à frente da igreja, rebatizada Igreja de Madre de Deus.

“Nessa colina histórica está também o túmulo de São Francisco Xavier, que foi enterrado na colina e mais tarde exumado e enviado para Goa, na Índia”, recordou Joseph Santa Maria, sublinhando que o missionário católico visitou Malaca seis vezes e pregou várias vezes na colina.

Uma estátua em mármore de São Francisco Xavier, construída em 1953, encontra-se no cimo da colina, e foi erguida em homenagem ao missionário mais conhecido da Malásia. Contam as lendas que quando o português ia ser canonizado em 1614, o Vaticano exigiu o braço direito, o mesmo braço que São Francisco Xavier utilizava para abençoar os convertidos.

A estátua, sem o braço direito, encontra-se ainda hoje no topo da colina, assim como ruínas de arquitetura portuguesa, holandesa e inglesa.

Depois de cerca de 100 anos de domínio português, a cidade foi tomada pelos holandeses, em 1641. O complexo ficou parcialmente destruído, tendo sido mais tarde reparado e renomeado Igreja de São Paulo, designação que permanece até aos dias de hoje, assim como a colina, com igual denominação mesmo durante a administração inglesa, até 1957, data da independência da Malásia.

De acordo com vários historiadores, defendeu Joseph Santa Maria, a Colina de São Paulo era referida como “Monte dos Animais ou Monte Delimaria”.

“O diretor do Museu de Malaca deve fazer mais investigação e justificar as suas afirmações de que a Colina de São Paulo era originalmente conhecida como Bukit Melaka, sem se tornar [em motivo] de riso para historiadores e para o mundo, incluindo a UNESCO”, afirmou o luso-malaio.

“Espero que tenhamos historiadores qualificados para realizar o estudo necessário”, acrescentou.

Nas declarações à Lusa, o diretor geral da Corporação dos Museus de Malaca assegurou que o que está em causa não é apagar a História de Malaca, mas sim repor a designação original.

“O seu local histórico será preservado como habitualmente pela agência responsável”, prometeu. In “Mundo Lusíada” – Brasil com “Lusa”

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Malaca - No Bairro português celebram-se os santos populares



O São João foi ontem celebrado no bairro português em Malaca, Malásia. E para a semana está prometida a festa do São Pedro, apesar de este ano as celebrações serem mais restritas devido à Covid-19.

“Apesar da atual pandemia mundial”, frisou à Lusa Joseph Santa Maria, os lusodescendentes do bairro português em Malaca “vão fazer as suas celebrações tradições do San Juang (São João) e do San Pedro (São Pedro)”, tradição que “remonta há vários séculos, introduzida pelos portugueses”.

Os cerca de mil a dois mil lusodescendentes em mais de 110 casas vão acender velas “na frente das casas hoje à noite”, garantiu o representante da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca.

Além disso, sublinhou Joseph Santa Maria, “as tradições também incluem crianças vestidas com roupas verdes”, uma cor que representa a “pureza das crianças”.

Já na próxima semana, em 29 de junho, é assinalado o São Pedro.

“Estamos a planear algo também com o apoio do Governo para permitir que as restrições da Covid-19 sejam agora um pouco mais flexíveis. Esperamos ter um programa de uma hora, em particular a bênção dos barcos de pesca, que é feita todos os anos”, afirmou.

No ano passado, o então secretário de Estado das Comunidades Portugueses, José Luís Carneiro, participou na procissão e bênção dos barcos de pesca, dois eventos que juntam centenas de luso-malaios no Bairro Português da cidade, após ter marcado presença na 2ª Conferência das Comunidades Portuguesas na Ásia.

Em 2019, o encontro juntou no Bairro Português de Malaca representantes das comunidades asiáticas descendentes de portugueses, numa iniciativa de partilha das raízes culturais, com cerca de 300 luso-asiáticos, de várias comunidades do continente.

A relação de Portugal com Malaca remonta a 1509 quando Diogo Lopes Sequeira, enviado do Rei D. Manuel, aportou em Malaca para estabelecer relações com o soberano local e dois anos mais tarde Afonso de Albuquerque desembarcou em Malaca, demoliu a Grande Mesquita, e levantou no local uma fortaleza que seria um importante entreposto comercial.

Na mesma altura surge o crioulo de matriz portuguesa kristang, uma língua agora ameaçada de extinção, que emprega a maior parte do seu vocabulário do português, mas a sua estrutura gramatical é semelhante ao malaio e extrai as suas influências dos dialetos chinês e indiano.

Depois de 100 anos de domínio português, a cidade foi tomada pelos holandeses, depois pelos ingleses, até à independência da Malásia, em 1957. In “Mundo Português” - Portugal

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Malaca - Lusodescendentes querem manter tradição do bairro português

Líderes da comunidade luso-malaia afirmaram que espaços de restauração no bairro português em Malaca estão a ser indevidamente arrendados a pessoas que não pertencem à comunidade lusodescendente.

Pelo menos quatro restaurantes, num total de 10, foram subarrendados por pessoas externas à comunidade do Bairro Português em Malaca, onde se estima viverem ainda entre mil a dois mil lusodescendentes em cerca de 180 casas, denunciou o regedor cultural do Bairro português em Malaca, Martin Theseira.

Também Joseph Santa Maria, um dos representantes da minoria luso-malaia perante o estado de Malaca, confirmou à Lusa a existência destes casos, que estão a gerar revolta dentro da comunidade do bairro.

O Governo local determina o arrendamento destes espaços exclusivamente à comunidade lusodescendente, explicou Joseph Santa Maria.

“O Governo não pode permitir esta transferência a pessoas de fora da comunidade”, frisou o regedor cultural do Bairro português em Malaca, cidade onde em 1509 Diogo Lopes Sequeira, enviado do rei D. Manuel, aportou para estabelecer relações e dois anos mais tarde Afonso de Albuquerque desembarcou, demolindo a Grande Mesquita e levantando no local uma fortaleza que seria um importante entreposto comercial, durante cerca de 100 anos, até à tomada da cidade pelos holandeses.

As denúncias já chegaram ao ‘mayor’ de Malaca, Mansor Sudin, que assegurou, em declarações ao jornal The Malaysian Insight, que vai investigar o caso.

“Se estas denúncias forem verdadeiras, o Conselho Histórico da Cidade de Malaca vai encerrar os contratos com os inquilinos”, prometeu o autarca.

Os dois lusodescendentes mostraram-se satisfeitos com a tomada de posição do ‘mayor’ de Malaca.

“Protegendo o interesse da comunidade, o Governo tomará uma ação se alguém vender ou alugar o espaço a um empresário que não seja português de Malaca. É uma notícia positiva para a comunidade”, congratulou Joseph Santa Maria.

Este caso só acontece porque membros da comunidade decidiram trespassar os restaurantes a pessoas que não pertencem ao bairro. Quanto a isso, o regedor cultural mostrou-se compreensivo e solidário para com estes membros da comunidade. “Não tinham dinheiro e decidiram fazer isto”, afirmou.

Para além da ilegalidade destes casos, a perda da autenticidade gastronómica nestes restaurantes é vista também como um problema sério que a comunidade não pode virar as costas.

“Quem não é da comunidade não cozinha como nós e por isso a autenticidade gastronómica vai-se perder”, afirmou.

Para além da gastronomia, a comunidade do bairro português em Malaca mantém ainda vivas muitas tradições e costumes portugueses, como o crioulo de matriz portuguesa kristang, uma língua agora ameaçada de extinção, que emprega a maior parte do seu vocabulário do português, mas a sua estrutura gramatical é semelhante ao malaio e extrai as suas influências dos dialetos chinês e indiano.

Outro dos laços que esta comunidade ainda mantém com a antiga metrópole são as tradições católicas, que fazem parte da identidade cultural desta população como por exemplo o Natal e as festas de São Pedro. In “Bom dia Europa” – Luxemburgo com “Lusa”

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Malaca - Guardião da herança portuguesa desapontado com falta de apoio

O responsável do museu do Bairro Português em Malaca, Malásia, está desapontado com Portugal por não ajudar na remodelação do espaço, visivelmente degradado, que conta uma história do legado português com mais de 500 anos



Em entrevista à Lusa no museu situado no coração do Bairro Português em Malaca onde se estima viverem ainda mil a dois mil luso-descendentes em cerca de 180 casas, Jerry Alcantra afirma estar desapontado com os portugueses que “dizem querer ajudar”, sem que esta chegue. “Não quero ofender ninguém, só digo o que deve ser dito”, sublinha o lusodescendente.

Carpetes velhas, molduras partidas e danificadas, quadros rasgados, pratos do séc XVI partidos, entre algumas outras relíquias em relativo bom estado, é o cenário que se vê ao entrar neste espaço, no qual se procura preservar uma história que remonta a 1509 quando Diogo Lopes Sequeira, enviado do Rei D. Manuel, aportou em Malaca para estabelecer relações e dois anos mais tarde Afonso de Albuquerque desembarcou, demoliu a Grande Mesquita, e levantou no local uma fortaleza que seria um importante entreposto comercial.

“Um museu precisa de ter boas molduras, boas luzes (…) isto assim não pode ser considerado um museu”, diz, visivelmente triste e revoltado, Jerry Alcantra, que toma conta do museu há sete anos.

O lusodescendente explica que antigamente o museu era em parte subsidiado pelo estado de Malaca, mas que “agora eles não têm dinheiro” e por isso toma conta do local de forma gratuita, pedindo apenas a quem entra algum donativo.

Para Jerry Alcantra, o facto de as autoridades malaias não ajudarem resulta de os luso-descendentes serem praticamente todos católicos romanos, num país onde o islamismo é a religião oficial, praticado por mais de 50 por cento da população malaia (31 milhões de habitantes). O budismo (17 por cento) e o taoismo (12 por cento) estão à frente do catolicismo, que é praticado por cerca de 8 por cento da população do país. “O Governo [da Malásia] não nos ajuda porque nós não somos malaios, isto é um país muçulmano, eles não nos vão ajudar, nós somos católicos romanos”, afirma.

Este cenário, juntamente com o facto de os portugueses os “terem deixado para trás”, põe em risco a própria manutenção deste legado. “Os portugueses deixaram-nos para trás”, acusa, garantindo que, apesar de tudo, aqui neste pequeno recanto de Malaca o bailado, a música, o português ‘antigo’, o Natal e as festas de São Pedro são rituais respeitados e praticados religiosamente por esta população.

“A cultura é o que nos resta para nós termos a noção que somos portugueses, mais nada. Nós não parecemos portugueses, nós somos a quinta geração”, diz, sublinhando que o cruzamento de culturas tem sido feito ao longo de 500 anos, até através do casamento.

“Se eu falar devagarinho vocês [os portugueses de Portugal] entendem”, dando depois alguns exemplos como “comer, beber, branco, janela”, em crioulo de matriz portuguesa kristang, uma língua agora ameaçada de extinção, que emprega a maior parte do seu vocabulário do português, mas a sua estrutura gramatical é semelhante ao malaio e extrai as suas influências dos dialectos chinês e indiano.

“O meu pai é português e a minha mãe é chinesa, o que é que isso faz de mim? Como é que querem que eu me pareça convosco?”, aponta. Miguel Mâncio – Portugal in “Hoje Macau” com “Agência Lusa”

terça-feira, 2 de julho de 2019

Malaca – Bairro português pode desaparecer



O presidente da AMI Portugal, Fernando Nobre, alertou no passado sábado que o Bairro português em Malaca, cidade costeira da Malásia onde ainda vive uma forte comunidade que se assume portuguesa, “pode já não existir” em 25 ou 30 anos.

“Eles mantiveram-se unidos enquanto permaneceram fechados isso durou cerca de três séculos e meio, mas atualmente com a revolução cultural, o mundo está a voltar a uma sociedade nómada e as “novas gerações vão procurar novos destinos onde eles se poderão melhor desenvolver”, afirmou Fernando Nobre, em Malaca.

Em entrevista à Lusa à margem da 2.ª Conferência das Comunidades Portuguesas na Ásia, que juntou no Bairro Português de Malaca representantes das comunidades asiáticas descendentes de portugueses, numa iniciativa de partilha das raízes culturais, com cerca de 300 luso-asiáticos, de várias comunidades do continente, Fernando Nobre disse que não é só a comunidade luso-malaia que “pode já não existir” em 25 ou 30 anos.

Todas as comunidades de descendentes de portugueses um pouco por toda a Ásia “estão em perigo de implosão, de dissolução”, frisou.

Defende que cabe ao Governo perceber a importância destas comunidades para a afirmação de Portugal como nação. Acrescenta instituições “como a AMI e outras” que possam vir e dar carinho e apoio financeiro para que sejam desenvolvidos projetos, é o caminho apontando por Fernando Nobre para que os luso-asiáticos continuem a praticar a sua cultura, língua e rituais, que herdaram dos portugueses durante a época dos descobrimentos.

“Eles sobreviveram 350 anos sozinhos, no espaço de duas gerações podem desaparecer. Desintegração total”, disse.

A 2.ª Conferência das Comunidades Portuguesas na Ásia decorreu hoje em Malaca, com vários alertas dos participantes sobre o risco de extinção que enfrentam comunidades herdeiras do período colonial português no século XVI, mas também com mostras musicais e de dança de algumas destas comunidades. In “Bom dia Europa” – Luxemburgo com “Lusa”

sábado, 26 de dezembro de 2015

Crioulo português de Malaca luta por sobreviver à extinção

O crioulo português de Malaca, na Malásia, luta por sobreviver e os seus falantes tentam preservar, através de aulas e contactos culturais, um idioma que só é falado em pleno por cerca de cem pessoas.
O chefe da comunidade, Raymond Lopez, reconhece que a língua é falada "talvez por cerca de dez por cento" das pessoas, sobretudo pescadores, numa comunidade com perto de mil elementos.
Apesar de os lusodescendentes em Malaca tentarem manter as suas tradições e de até considerarem o idioma "interessante", o líder do grupo reconhece que o crioulo está em perigo de extinção.
Na visão de Raymond Lopez, se as crianças não forem "educadas usando este tipo de língua", quando têm sete ou oito anos ficam facilmente aborrecidas ao tentarem aprendê-la.
A língua da comunidade, que mistura português antigo com palavras malaias, era conhecida como 'papiá kristang' (falar cristão, no idioma da comunidade), mas agora os seus defensores querem distanciar-se da palavra "kristang" por ser limitadora.
Sara Frederica Santa Maria, coordenadora adjunta do centro de estudos Livio, situado no Portuguese Settlement (povoado português, em inglês), acredita que a língua começou a cair em desuso no "princípio dos anos 1990".
O pai de Sara tinha tudo preparado para começar a ensinar o idioma em Janeiro de 2009, mas morreu um mês depois e, por isso, em 2012, ela pegou no material que herdou do progenitor e passou a transmiti-lo "todos os sábados" à tarde na sua casa.
Sara deseja "prosseguir" o trabalho do pai e ensinar até que a voz lhe doa, porque, "caso contrário, a língua morrerá", diz, lembrando que o crioulo em causa não é leccionado nas escolas.
Numa zona onde o inglês é a língua predominante, resultados dos tempos da colonização britânica que durou até aos anos 1940, e num país onde o idioma oficial é o malaio, os casamentos dos descendentes de portugueses com pessoas de outras culturas também não ajudam a manter um crioulo que não é encarado como importante.
Além de ensinar cerca de 20 crianças e algumas mães que se juntam às classes, Sara tem apostado num ensino criativo, por exemplo, convidando habitantes para fazerem chá e introduzindo palavras do crioulo português na receita.
Rosa Vieira, bolseira do Instituto Camões, terminou agora um trabalho de onze meses, em parceria com a organização Korsang di Melaka (Coração de Malaca, no crioulo português de Malaca).
O projecto, iniciado em 2009 por outros bolseiros, passou por "colaborar com a comunidade na preservação da sua identidade, da sua cultura e também da religião" católica, conta.
Além de acompanhar a comunidade nas suas festividades, como a festa de São Pedro, Rosa tentou ensinar às crianças a cultura e a língua da comunidade através de visitas de estudo, actividades e brincadeiras.
"Não foi somente [transmitir] o português de Portugal. É verdade que temos o nosso programa, mas ao mesmo tempo também temos de nos adaptar", sublinha, em entrevista à agência Lusa antes de partir de regresso para a Madeira.
Segundo Rosa Vieira, "aquilo que dizem é que se chegarmos com o português moderno e o implementarmos, o «papiá» morrerá".
"Nota-se que esta nova geração já está mais internacional. Acho que daqui a uns anos pode perder-se esta pérola", lamenta, vincando que os lusodescendentes têm muito orgulho na sua portugalidade específica e não admitem alterar a sua forma de falar, cantar ou dançar.
Rosa tentou também trabalhar com um grupo de adultos falando de cultura e música, mas os alunos mostraram-se "pouco persistentes", talvez por as aulas serem ao final do dia.
O presidente da delegação malaia da Korsang di Melaka, Richard Hendricks, defende que Portugal deve parar de enviar professores de português moderno, mas apostar antes em especialistas em português do século XVI ou, em alternativa, acolher um elemento da comunidade de Malaca e ensinar-lhe essa língua em Portugal.
"Eles querem ajudar e têm um bom coração, mas têm de ter alguma visão", até porque "se nós perdermos a nossa singularidade, nós perderemos a nossa identidade, a nossa cultura e imensas coisas", alerta.
Richard Hendricks, que vai assumir o cargo de líder da comunidade em Janeiro, acredita que "a língua apenas morrerá se não houver Portuguese Settlement".
Na sua perspectiva, o ideal é " ensinar as crianças antes de elas irem para a escola" e continuar a praticar o idioma com elas nos anos subsequentes.
Neste sentido, o representante da Korsang di Melaka está à espera de um patrocinador para aumentar o número de computadores e instalar um programa informático para crianças que ensine palavras de forma divertida.
Richard Hendricks tenciona também envolver os adultos em projetos de culinária, sketches, entre outros, para ir passando palavras da língua da comunidade.
Os portugueses administraram Malaca durante 130 anos, até 1641, quando foram expulsos pelos holandeses, mas, desde então, os lusodescendentes têm conseguido manter as suas tradições culturais e linguísticas e a religião católica.

Lusa

quinta-feira, 30 de junho de 2011

"O Espírito da Lusofonia": mais fotos chegadas...

Conversa luso-poética - um sonho real.
A nossa língua ninguém pode comprar "patacas" (dinheiro). Noel Felix.
Fotografia por Florisa Dias Candeias.
























Cátia Bárbara Dias Candeias

Nussa linggu kum alma nang podi kompra kum pataca. Nus papia mutu tantu antigu, linguasa di cinkocentu anu. "A nossa língua e alma ninguém pode comprar com pataca (dinheiro). Nós falamos à antiga, 500 anos. Noel Felix ( Natural de Malaca, descendente de portugueses )











Bamos canta, bamos baila. Vira di Bairru Português.
Fotografia de Cátia Bárbara Candeias enviada por Ricardo Jorge.
Malaca, Bairro Português de Malaca















As ruas e os abraços.
Fotografia de Cátia Bárbara Candeias enviada por Carolina Santos.
Kuala Lumpur











“De pequenino que se torce o pepino”
Fotografia de Cátia Bárbara Candeias enviada por Patricia Silva
Malaca, Bairro Português de Malaca

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

E Malaca?



























"O JOTHI QUER SABER PORQUE É QUE MALACA NÃO APARECE NESTE MAPA...

E também porque não aparece na maioria dos mapas da nossa história divulgados por Portugal.

Foi uma das perguntas que me fizeram no Bairro Português de Malaca, alegando que Afonso de Albuquerque esteve em Malaca em 1511."

Cátia Bárbara Dias Candeias
Community Development
Projecto Povos Cruzados Futuros Possíveis
Malaca - Malásia
www.povos-cruzados.blogspot.com
www.malaca-portugal.blogspot.com

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

MAR PORTUGUÊS

Mar salgado, quanto do teu sal
Mar salgadu, kai kuantu di bos se sal

São lágrimas de Portugal!
Se largri di Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Treversah kum bos, kuantu mai ja chura

Quantos filhos em vão rezaram!
Kuantu fila filu ja reza seng per nada

Quantas noivas ficaram por casar
Kuantu noiba fikah nungka kazah

Para que fosses nosso, ó mar!
O mar fika nus se mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Teng se balor? Tudu teng balor

Se a alma não é pequena.
Si alma ngka keninu

Quem quer passar além do Bojador
Keng kerey passa rentu ne Bojador

Tem que passar além da dor.
Mesti tokar passa kum tantu sufra.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Dios ja dah mar eli se perigu kum se fundezu.

Mas nele é que espelhou o céu
Mas ne eli te speladu ungwa seo.


Poema enviado pela professora Madalena Canas que lecciona em Portugal, na Escola do Paião. O poema de Fernando Pessoa foi traduzido para Papia Português de Malaca.

Publicado em:
http://malaca-portugal.blogspot.com/2010_10_31_archive.html

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Mensagem que nos chegou...

Com grande satisfação damos a conhecer que o esperado Navio Escola Sagres vai chegar a Malaca dia 24 de Outubro às 9horas, que consideramos a abertura das comemorações dos 500 anos da chegada dos Portugueses.

A Embaixada de Portugal em Banguecoque já obteve as autorizações para a entrada nas águas territoriais da Malásia e de atracagem.

A pedido do Senhor Embaixador a Associação Korsang di Melakade está encarregada de ajudar na preparação do programa, visitas e negociações com entidades para a visita de cumprimentos que o Senhor Comandante Proença Mendes, deseja realizar, bem como visitar o Museu de Malaca para entregar um conjunto de lembranças do Museu da Marinha. Está agendado a oferta de um almoço VIP na SUA Camarinha para 7 extra navio. Bem como a realização de uma conferência de imprensa a bordo.

Sentimos grande orgulho neste evento, ainda que em Portugal não se faça a cobertura na comunicação social que o assunto merece.

Um abraço fraterno

Luisa Timóteo
Presidente da Associação Korsang di Melakade (Coração em Malaca)

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Em Malaca

Os institutos politécnicos de Portugal vão disponibilizar um professor de português e oferecer seis bolsas de estudo anuais à pequena comunidade que em Malaca, na Malásia, faz perdurar a herança dos antepassados portugueses

São cerca de cinco mil falantes de um português com alguns séculos, o chamado cristang, que agora vão poder reatar o contacto com a língua materna dos antepassados ao abrigo de uma cooperação académica que está a reforçar o ensino do português no sudeste asiático, disse à Lusa Sobrinho Teixeira, presidente do Instituto Politécnico de Bragança e do CCISP, Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos.

Macau vai receber, entre 7 a 10 de Setembro, o encontro anual das Associações das Universidades de Língua Portuguesa (AULP), que terá como tema 'A China, Macau e os Países de Língua Portuguesa'.

Desta organização fazem também parte os 15 politécnicos portugueses que celebraram, em Janeiro, protocolos de cooperação com o congénere de Macau para o desenvolvimento do ensino do português no sudeste asiático.

Aproveitando a oportunidade deste evento, os representantes destas organizações vão deslocar-se a Malaca, no dia 4 de Setembro, para oficializarem uma parceria que vai disponibilizar um professor para ensinar português à comunidade local, disse Sobrinho Teixeira.

A cooperação disponibilizará também seis bolsas anuais a elementos daquela comunidade que queiram estudar nos politécnicos portugueses.

Esta iniciativa cumpre um dos propósitos dos protocolos celebrados, em Janeiro, de apoiar a qualificação das escolas portuguesas que ainda existem em Macau e nas comunidades descendentes de portugueses.

As redes de cooperação são um dos temas em foco no XX Encontro da AULP, entre 7 e 10 de Setembro, em Macau, com os membros desta associação lusófona a terem a oportunidade de apresentarem os seus projectos a congéneres da República Popular da China e Taiwan.

O encontro servirá também para abordar as dificuldades da internacionalização da língua portuguesa e terá ainda em foco as ligações multilaterais entre a China, Macau e os Países de Língua Portuguesa.

Esta organização, constituída por universidades e instituições de ensino e investigação dos países de língua oficial portuguesa e Macau, tem como objectivo promover a cooperação e a reflexão sobre a função do ensino superior.

O próximo encontro anual decorrerá em Bragança, entre 6 e 9 de junho de 2011, segundo avançou Sobrinho Teixeira.

Lusa / SOL

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Em Malaca...

Malásia: Crianças de Malaca aprendem português para preservar a identidade

A consciência de que o número de falantes do seu crioulo português está a diminuir e a ligação afectiva a Portugal que ainda persiste, levou os líderes da pequena comunidade de ascendência portuguesa em Malaca a incentivarem as crianças a aprenderem a língua portuguesa…
Em Malaca, a cidade malaia que esteve sob domínio português entre 1511 e 1641, classificada em 2008 como património da Humanidade pela UNESCO, o bairro português acolhe o desenvolvimento de um projecto que pretende manter viva a língua portuguesa. Desde Outubro de 2009, crianças da pequena comunidade de descendentes de portugueses estão a aprender português, inseridas num projecto da Associação «Coração em Malaca», uma ONG portuguesa, apoiado pelo Instituto Camões.
Licenciada em desenvolvimento comunitário, a professora Cátia Candeias, é responsável pelas aulas, numa ideia nascida após auscultação aos líderes da pequena comunidade.
O projecto partiu da percepção das aspirações e características da comunidade: “ser religiosamente cristã, falar um crioulo português oral, nunca escrito, possuir grupos folclóricos que dançam música portuguesa e que trajam com sinais evidentes de ligação a Portugal, demonstrar práticas culturais de ligação afectiva e patrimonial a Portugal”, explicou a docente num texto divulgado peo Instituto Camões. Cátia Candeias acrescenta ainda que aquela comunidade ter “um historial de reivindicação de valores e argumentos para a sua autonomia e diferenciação no conjunto dos povos da Malásia”.
O projecto, que a princípio deverá prolongar-se por oito meses, partiu também, segundo a docente, da “própria consciência da comunidade de que o número de falantes do seu crioulo português está a diminuir” e de que não bastava a mera repetição do que existe para que este pequeno grupo de cerca de três mil pessoas que vivem no bairro português de Malaca, pudesse manter a sua identidade, em meio à diversidade cultural e linguística do país.
Nas reuniões com os representantes da comunidade foram definidos os objectivos do projecto. “O maior interesse da comunidade é que os mais novos não deixem de falar o crioulo português de Malaca para, através deste, se chegar ao português”, sintetiza Cátia Candeias.

Dos 6 aos 75 anos

O projecto é liderado pela Associação Cultural Coração em Malaca, uma entidade civil sem fins lucrativos, que tem por objectivo manter o “legado português e luso-descendente” e a promoção da relação histórica, cultural e turística com Malaca. Cátia Candeias sublinha que a motivação para estudar a língua portuguesa passa, em primeiro lugar, pelo “amor e orgulho profundo” no seu crioulo e na sua “cultura própria de raízes portuguesas”. “Querem aprender português porque nunca tiveram esta oportunidade”, diz. Esta percepção da docente resultou da própria inquirição que fez junto dos alunos logo nas primeiras aulas.
A professora sublinha que os frutos do ainda trabalho desenvolvido “estão já à vista”, não só pelo número de alunos que frequentam as aulas de português, como pelas fotografias e vídeos que são continuamente colocados no blogue criado em Malaca para o projecto: www.povos-cruzados.blogspot.com.
As aulas estão a decorrer no «Portuguese Settlement - Open air Stage», na praça principal do bairro português. Foram organizadas duas classes, uma para as crianças entre os 6 e os 15 anos, outra para os jovens e adultos em simultâneo, entre os 16 e os 75 anos. A turma das crianças começou 20 de Outubro e, no primeiro dia, apareceram 18 alunos. Logo no segundo, já foram 26. A turma dos jovens e adultos iniciou-se a 3 de Novembro de 2009. No primeiro dia apareceram cinco alunos, número que aumentou subsequentemente para 16 alunos. Na opinião da professora, “com a divulgação das aulas de Português pela comunidade o número de alunos terá tendência a aumentar”.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009