Hoje, 5 de
Outubro, é a primeira vez desde há muitos anos que não é dia feriado. Porém, e
insolitamente, isso não significou que os mais altos dirigentes políticos
portugueses deixassem de participar na (habitual) cerimónia oficial na Câmara Municipal de Lisboa…
… Que
decorreu não cá fora, na Praça do Município, mas lá dentro, no salão nobre dos
Paços do Concelho, não devido à instabilidade climatérica mas sim ao receio de
serem ouvidas (novas) vaias, que o «Movimento Que se Lixe a Troika» se
encarregou de providenciar – imbecis que ainda não perceberam que, se não fosse
a «Troika», quem se lixava, e com «F grande», éramos todos nós. A palhaçada
fora de portas esteve em consonância com a palhaçada dentro de portas: o
presidente da (falida, e não só financeiramente) república lá esteve para
proferir rotineiros discursos com o recentemente – e infelizmente – reeleito
presidente da câmara, que bem podia ter convidado o «mais alto magistrado da
nação» e demais convidados para o seu gabinete no Intendente, alugado em 2011
por dez anos a uma renda de quase seis mil euros por mês…
Dado que
diversas «altas individualidades» marcaram presença para celebrar a (implantação
da) república, podemos esperar que elas façam o mesmo a 1 de Dezembro para
celebrar a (restauração da) independência, cujas festividades têm sido
organizadas – há décadas – pela Sociedade Histórica da Independência de Portugal?
Considerando que nunca apareceram em anos anteriores, tal hipótese é altamente
improvável. O que demonstra que as principais figuras deste regime, e não só,
dão mais importância a serem republicanos do que a serem independentes. Em
Agosto último, num dos seus artigos no Público, Vasco Pulido Valente escreveu
que «ninguém hoje acredita na
República, no comunismo ou na ditadura. De resto, o Exército, profissionalizado
e pacífico, não é capaz de um verdadeiro "golpe" e menos de tomar
conta dos sarilhos correntes.» Não é bem assim: Aníbal Cavaco Silva, Assunção
Esteves, Pedro Passos Coelho, António Costa, António José Seguro, e outros, se
não acreditam verdadeiramente na república, pelo menos acreditam… que têm que
(continuar a) fingir que acreditam. Que mais lhes resta? Muito pouco ou nada. Ao
menos este ano não puseram o porco pano verde e vermelho – símbolo de
terroristas imposto como bandeira nacional – ao contrário. Já é um «progresso»…
… E, ao contrário do que
afirma o conhecido articulista, as forças armadas – e, acrescento eu, as forças
policiais e a magistratura – são capazes de fazer um «verdadeiro golpe» e de
«tomar conta dos sarilhos correntes». Desrespeitadas como têm sido pelo poder
vigente, também não lhes faltaria legitimidade para estabelecer alguma
disciplina neste «sítio muito mal frequentado».
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