*É um Lusófono com L grande? Então adira ao MIL: vamos criar a Comunidade Lusófona!*

MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da nossa sociedade civil, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia. Defendemos o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
SEDE: Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa)
NIB: 0036 0283 99100034521 85; NIF: 509 580 432
Caso pretenda aderir ao MIL, envie-nos um e-mail: adesao@movimentolusofono.org (indicar nome e área de residência). Para outros assuntos: info@movimentolusofono.org. Contacto por telefone: 967044286.

NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI

Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).

Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).

Desde 2008"a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".

Colecção Nova Águia: https://www.zefiro.pt/category/zefiro-nova-aguia

Outras obras promovidas pelo MIL: https://millivros.webnode.com/

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva
Mostrar mensagens com a etiqueta Movimento MaisDemocracia. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Movimento MaisDemocracia. Mostrar todas as mensagens

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Declaração +DP sobre o recurso ao referendo



Nós, +DP, somos, por princípio, a favor de referendos, de iniciativa popular e sobre questões relevantes – como se pode ler no primeiro ponto do nosso Documento “7 Ideias para Portugal”: “A situação que atravessa o nosso país exige a mobilização de todos os portugueses. Neste momento de profunda crise, todos somos chamados a contribuir para a definição de um novo futuro para Portugal. Precisamos de novas formas de participação que permitam uma maior intervenção política. Precisamos, em suma, de mais Democracia Participativa. Para tal, defendemos, desde logo, a promoção de mais referendos, a nível local e nacional.”.
Nessa medida, manifestamos o nosso repúdio pela forma como, uma vez mais, o referendo tem sido usado como arma de arremesso entre os vários partidos, agora a propósito da questão da co-adopção por casais homossexuais. Nenhum partido parece realmente interessado em credibilizar essa prática democrática por excelência. Pelo contrário, todos os partidos parecem apostados em minar essa possibilidade, o que, a nosso ver, é mais uma prova do esgotamento da nossa partidocracia. Ela tem medo da voz do povo e, por isso, insiste em calá-la.
Dito isto, não nos parece que o assunto em causa seja o ideal para referendar, dado que, provavelmente, não iria mobilizar muita gente. Os poucos referendos que temos tido têm sido ensombrados por uma grande abstenção e este ameaçava ser mais um, o que seria contraproducente. Nessa medida, defendemos a abertura de um debate nacional sobre o recurso aos referendos. A nosso ver, podem e devem ser discutidas hipóteses que promovam uma maior participação – como, por exemplo, a redução do número de assinaturas necessárias para a convocação de referendos de iniciativa popular e o alargamento dos assuntos passíveis de ser referendados simultaneamente. Isso seria uma forma não só de diminuir a abstenção como os próprios custos relativos a qualquer processo referendário.

+ Mais Democracia Participativa
Mais Participação, Melhor Democracia
www.maisdp.pt

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Declaração +DP sobre o sorteio governamental de automóveis topo de gama



O +DP contesta publicamente a recente iniciativa governamental de realizar sorteios de “automóveis de topo de gama” para incentivar o pedido de facturas. Pode até ser uma iniciativa eficaz para combater a chamada “economia paralela”. Mas nem por isso deixa de ser politicamente questionável. O que o Governo assume, com esta medida, é que não vale a pena promover uma cultura cívica em que todos nós, naturalmente, cumpramos as nossas obrigações fiscais. Mais radicalmente ainda, o que o Governo parece assumir com esta medida é que nem a vale a pena manter a ilusão de que alguma vez teremos um Estado justo e transparente, que faça uma gestão digna e criteriosa do dinheiro dos cidadãos, o que seria por si só suficiente para que todos nós nos sentíssemos mais motivados para cumprirmos todos os nossos deveres enquanto cidadãos.
Com esta medida, o que se estimula é apenas a cobiça – no caso concreto, por um “automóvel topo de gama”. E até aí esta iniciativa falha, por mais eficaz que se revele. A escolha por automóveis "topo de gama" é, além de um apelo a um consumismo estéril e ecologicamente insensível, um estímulo às importações num momento em que o equilíbrio da balança comercial é tão crítico para a recuperação do nosso país. É, para além disso, uma medida hipócrita, dado que muitos dos potenciais candidatos nem dinheiro terão para o Imposto de Circulação. A manter o sorteio, deveriam ter sido encontradas outras medidas de incentivo, por exemplo, através da possibilidade dos cidadãos cumpridores usufruírem de taxas preferenciais mitigadas no pagamento dos seus impostos. A manter o sorteio de carros, porque não sortear, por exemplo, carros eléctricos? São ainda quase “topo de gama” no preço mas, ambientalmente, são preferíveis. E assim daríamos algum uso aos muitos carregadores eléctricos de baterias que foram colocados por todo o país.
Seguindo um caminho diverso do Governo, o +DP defende, conforme se pode ler no nosso Documento “7 Ideias para Portugal”, “uma gestão pública transparente, de modo a que os cidadãos tenham um acesso livre à informação, enquanto requisito fundamental para uma maior participação cívica”. Só assim, por este caminho, recuperaremos a confiança no próprio Estado. Só assim, por este caminho, promoveremos a cultura cívica necessária que levará a que todos nós, naturalmente, cumpramos as nossas obrigações fiscais e todos os nossos demais deveres.


+ Democracia Participativa
Mais Participação, Melhor Democracia
www.maisdp.pt

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Declaração +DP sobre o caso dos submarinos



O acórdão do julgamento do caso das contrapartidas associadas à compra por Portugal de dois submarinos ao consórcio alemão German Submarine Consortium foi proferido na última sexta-feira, após conclusão das alegações finais. Recorde-se que, na primeira sessão dessas alegações, o Ministério Público pediu, para os dez arguidos – três alemães e sete portugueses –, uma pena de prisão por “crimes de burla e falsificação de documentos” e que o processo das contrapartidas “lesou o Estado português em mais de 30 milhões de euros”.
Mesmo não tendo acesso ao processo, fica na sociedade a sensação de que já era de esperar que todos os arguidos fossem absolvidos, como se verificou, apesar de, sobre este mesmo caso, ter havido condenações na Alemanha. Infelizmente, não obstante o particular mediatismo deste processo, este é apenas mais uma caso de gestão ruinosa do erário público e da conivência entre os interesses do poder político, financeiro e judicial, em que ninguém é depois devidamente responsabilizado.
Também nesta área, precisamos de mudar de paradigma. Para tal, conforme se pode ler no nosso Documento “7 Ideias para Portugal”, o +DP defende que, no âmbito de uma revisão da Constituição da República e de uma reforma mais geral da Justiça, devem ser responsabilizados, criminal e civilmente, todos aqueles que, propositada ou negligentemente, façam má gestão dos bens públicos, revogando, inclusive, mandatos que resultem de eleições. Sem essa revogação de mandatos, já em curso em muitos países, fica a certeza de que muito pouco pode ser  feito para combater essa grande praga da política portuguesa: a corrupção. Este caso, a vários títulos exemplar, é mais uma prova disso.

+ Democracia Participativa
Mais Participação, Melhor Democracia

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Declaração da Associação Mais Democracia sobre as próximas Eleições Autárquicas

Consideramos que as Eleições Autárquicas que se avizinham podem e devem servir para expressar o nosso repúdio pelo monopólio partidário que, cada vez mais, tem tornado refém a nossa Democracia.
Privilegiamos, por princípio, as candidaturas independentes face às candidaturas partidárias, se bem que tenhamos consciência de que nem todas as candidaturas que se apresentam como “independentes” nestas Eleições Autárquicas o sejam verdadeiramente. De igual modo, sabemos que mesmo as candidaturas verdadeiramente independentes, por si só, não são, a priori, uma garantia absoluta de isenção e de competência.
Nessa medida, apelamos aos nossos associados e simpatizantes para que, nas eleições que ocorrerão a 29 de Setembro, votem, sempre que haja essa alternativa e que esta se apresente como credível, em candidaturas independentes.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Uma receita para acabar de vez com o défice

Muito simples: taxar as barbaridades que se publicam nos nossos jornais. Bem sei que estamos em plena “silly season” – mas, garanto-vos, haveria grossa receita todo o ano, sem ser preciso cortar ainda mais nos salários e nas reformas. Apenas três exemplos recentes:
- ainda a propósito das famosas “swaps”, o PSD acusou o PS de “podridão política” e o PS acusou o PSD de “política baixa”. Decerto, não vale a pena explicar ao nosso bloco central que mesmo a infinita paciência dos portugueses tem limites para a alternância…
- uma associação de defesa dos animais resolveu dar o nome de “Mandela” ao (infelizmente) famoso cão “Zico”, que matou uma criança. A sua dirigente acha que, tal como Mandela foi um símbolo da luta anti-racista, também o cão se deve tornar num símbolo da luta “anti-especista”. Decerto, não vale a pena explicar à dirigente animalista que no nefasto regime do “apartheid” é que Nelson Mandela tinha um estatuto sub-humano…
- o provedor dos leitores do jornal “Diário de Notícias” considerou, com toda a convicção, que os famosos “briefings” do Governo, através dos quais este se tem afundado ainda mais, são um “prenúncio do fascismo”. Decerto, não vale a pena explicar ao tão perspicaz provedor a famosa história de “Pedro e o Lobo”; ou será a do “bicho-papão”?!...
Renato Epifânio

sábado, 10 de agosto de 2013

Da “podridão política”

O caso que envolve Rui Manchete, o novo Ministro dos Negócios Estrangeiros, é bem elucidativo da “podridão política” a que chegámos – para usarmos uma expressão do próprio. 
Num primeiro momento, houve muita gente a saudar o seu ingresso no Governo – finalmente, tínhamos “cabelos brancos”, “respeitabilidade”, etc. Logo, porém, essa aura se desvaneceu por inteiro quando se recordou o seu percurso político e, sobretudo, extra-político (para mais, omitido no seu currículo oficial).
Não é, porém, este caso particular que pretendo aqui denunciar, mas todo um sistema, o chamado “bloco central dos interesses”, que propicia este tipo de situações, sobretudo nos nossos dois principais partidos, que, eleição após eleição, têm assegurado a Governação. 
O que nos leva ao seguinte impasse: por um lado, os mais jovens líderes da nossa classe partidária são cada vez piores (basta lembrar a sequência: Durão Barroso > Santana Lopes > José Sócrates > Pedro Passos Coelho > António José Seguro); por outro, os menos jovens (com excepções, como acontece sempre) deixaram-se enredar na “podridão” dos negócios feitos à sombra do Estado. Urge, realmente, uma grande regeneração da nossa classe política.

Renato Epifânio
Publicado em:

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Tempo de falar claro

O Governo lá conseguiu, “in extremis”, aceder à sua sétima e última vida. Não se sabe quanto durará – pode ser apenas até ao próximo orçamento –, mas esta será mesmo a última.

Por toda a oposição, sentiu-se um grande suspiro de alívio, apesar da ruidosa retórica em contrário. Os nossos partidos de esquerda não conseguiram ainda passar da fase adolescente do “estar contra”. O Partido Socialista não quer, na verdade, ir já para o Governo: espera que estes façam todo o “trabalho sujo” por si e pela posterior retoma económica.

O pequeno-grande problema é que, por este caminho, não haverá retoma alguma. Ou a zona euro muda radicalmente – e não se vê como – ou o único caminho possível passará por negociar uma saída: a sós ou, idealmente, em conjunto com outros países.

Este deveria ter sido o momento em que emergisse da sociedade civil um Governo de Salvação Nacional que promovesse esse debate nacional, eventualmente até com um referendo sobre a nossa adesão à zona euro. E que, no plano interno, promovesse uma profunda reforma das leis eleitorais, de modo a regenerar o nosso Parlamento. Com as leis eleitorais e os partidos que temos, não vale a pena ir já para eleições. O resultado será sempre mais do mesmo.

Face a isso, os diversos movimentos políticos emergentes têm que tomar uma decisão – já que o Parlamento não se abrirá, do modo próprio, às candidaturas independentes, das duas, uma: ou avançam para a constituição de um partido que os represente e tente mude as coisas por dentro ou, caso não o queiram (ou o não consigam), só lhes resta encetar uma campanha pelo voto branco (ou nulo) nas próximas eleições legislativas. É tempo de falar claro.
Renato Epifânio
Texto publicado em:

domingo, 7 de julho de 2013

Elogio politicamente incorrecto a Mandela

Não parecem ser frequentes as situações em que a elevação ética coincide com a racionalidade político-económica. Às vezes parece até que estas duas posições são por inteiro incompatíveis…
Vem isto a propósito de Mandela. Justamente, ele tem sido elogiado pela sua elevação ética – em particular, na sua relação com a minoria branca sul-africana. E todos os elogios que se lhe possam fazer nesta área não são demais.

Aqui, porém, vamos elogiar Mandela pela racionalidade da sua posição político-económica. Com efeito, ao não se ter vingado da minoria sul-africana, que impôs, durante séculos, um dos regimes mais hediondamente racistas de que há memória – e ele teria todas as razões para o fazer, pois foi, como se sabe, uma das pessoas que mais sentiram na pele a brutalidade do regime –, Mandela preservou a viabilidade política e sobretudo económica do seu país.
Ao contrário de outros líderes africanos que cederam a essa tentação e, com isso, desmantelaram as alavancas maiores das economias dos seus países – lembre-se o caso exemplar do Zimbabué de Mugabe –, Mandela percebeu bem que expulsar a minoria branca (ou “atirá-la para o mar”, como ainda hoje se ameaça) seria suicidário no plano económico.
Não é pois por acaso que, não obstante todos os seus graves problemas sociais, a África do Sul continua a ser o país mais economicamente pujante daquela região. Ao contrário de outros países – incluindo, é bom não esquecê-lo, algumas ex-colónias portuguesas –, a África do Sul percebeu bem que um regime democrático deve distribuir o mais justamente possível a riqueza criada. Mas, para que tal aconteça, importa primeiro que se crie riqueza. Só se pode distribuir o que existe. Não o que se destrói, por muitas razões que se tenham para tal.
Renato Epifânio
Publicado em: http://democracia-em-movimento.blogspot.pt/2013/07/opiniao-d-elogio-politicamente.html
 

sábado, 29 de junho de 2013

Nós, “reaccionários”, nos confessamos

É sempre constrangedor pormo-nos do mesmo lado da barricada de François Hollande, um dos maiores bluffs políticos dos últimos tempos. Mas, no seu recente diferendo com o nosso “compatriota” Durão Barroso, somos obrigados a fazê-lo, com toda a convicção.
Recordemos, sucintamente, os termos do diferendo: havendo, em cima da mesa, uma hipótese de acordo de livre comércio entre o espaço europeu e o espaço norte-americano, Hollande reclamou, contra Durão Barroso, uma “excepção para os produtos culturais”.
Como se sabe, não é esse o único entrave ao acordo de livre comércio, mas esse já seria suficiente para o travar de vez. Sabendo disso, Durão Barroso, formado na velha escola do esquerdismo primário, usa as palavras que, retoricamente, mais doem: e nada mais dói a um homem de “esquerda”, como Hollande gosta de parecer, do que ser acusado publicamente de “reaccionário”.
Perante tal palavra “maldita”, há muita gente que fica confundida. Por isso, importa falar claro, usando até outra palavra igualmente “maldita”: proteccionismo. Sim, do que se trata é disso: de proteger a cultura europeia, melhor dito, as diversas culturas europeias, perante a força avassaladora da cultura pretensamente universal de matriz norte-americana.
Da parte do “revolucionário” Durão Barroso, de resto, já nada surpreende. Nem sequer nos espantaremos se, daqui a algum tempo, anunciar, com toda a pompa, a sua candidatura à Presidência da República. Acreditamos até que ele possa ganhar. Perante um povo que, de há muito, deixou de valorizar a sua cultura (para não parecer “reaccionário”), Durão Barroso será, decerto, o Presidente da República que melhor o representará. A menos que, entretanto, acordemos…
Renato Epifânio

Publicado em:
http://democracia-em-movimento.blogspot.pt/2013/06/opiniao-d-nos-reaccionarios-nos.html

domingo, 23 de junho de 2013

Que música deve tocar a banda do Titanic?

Mais uma greve, agora na Educação. Mas, de ambos os lados, o que se discute é a música que deve tocar a banda do Titanic. Como se isso impedisse o nosso afundamento colectivo…

Olhemos então, de frente, a realidade: por razões desde logo demográficas, há cada vez menos jovens no nosso sistema de ensino e cada vez mais pessoas qualificadas para ensinar. Logo, o desemprego dos professores só pode aumentar. Independentemente do contexto económico em que estamos e dos acordos com a Troika. Também aqui não há milagres.

O caso do desemprego, cada vez mais massivo, dos professores em Portugal é, de resto, um excelente exemplo da miopia estratégica dos nossos partidos e sindicatos. Pois o que há a fazer é óbvio e entra pelos olhos dentro, apesar de ninguém falar disso.

Existem vários países lusófonos que assumem, publicamente, a necessidade de professores qualificados para ensinar (e não apenas a língua portuguesa). O que o Governo deveria fazer era estabelecer protocolos com os Governos desses países de modo a corresponder a essa procura. Obviamente, haveria questões a discutir e a solução não poderia ser a mesma para todos os países: desde logo, na forma como esses professores seriam pagos.

No limite, porém, mesmo que alguns desses países (como, por exemplo, a Guiné-Bissau) não pudessem, de imediato, partilhar esses custos, ainda assim valeria a pena: esses professores teriam emprego e o futuro da língua portuguesa ficaria bem mais garantido. Seria pois um investimento a médio-longo prazo que interessaria a todos. E que teria, mais cedo ou mais tarde, retorno, inclusive no plano económico. É assim tão difícil percebê-lo?

Publicado em:

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Em França também há palhaços…

O circo indígena continua fulgurante. Esta semana, destaque-se, pelo grau de farsa, a enésima promoção, desta vez por Mário Soares (sim, aquele que, ufanamente, “meteu o socialismo na gaveta”), de uma “frente de esquerda”. Como as restantes, já está devidamente arrumada no caixote do lixo da história, mas sempre deu, por uns dias, para entreter as boas consciências. E, como a memória é, nestes, em geral (muito) curta, em breve, decerto, haverá uma iniciativa análoga. A capacidade de auto-ilusão da nossa “esquerda” é mesmo infinita. Para bem do nosso circo, que não vive apenas de palhaços. Os ilusionistas também fazem falta.

Não nos orgulhemos, porém, excessivamente, do nosso circo. Apesar da sua fulgurância, todas as semanas comprovada, há outros circos que não lhe ficam atrás. Destaquemos, esta semana, o circo francês. Sim, porque em França também há palhaços, a começar por François Hollande, que, num curto espaço de tempo, conseguiu a proeza de defender em público duas posições por inteiro contrárias entre si: no discurso que assinalou o seu primeiro ano de mandato (em que bateu todos os recordes negativos de popularidade), anunciou, com toda a pompa, um “Governo Económico para a Europa”; mais recentemente, perante algumas directrizes da Comissão Europeia (sobre, precisamente, política económica), clamou pela “independência da França”, num tom de causar inveja à líder da Front Nacional, Marine Le Pen.

Bem sei que a velha (e grega) lógica aristotélica não cabe nesta nova Europa, mas não consigo apreciar tanto contorcionismo. Felizmente, há quem consiga. O jornal “Público”, por exemplo, naquela “secção das setas” que agora aparece em (quase) todos os jornais, deu a mesma seta positiva às duas posições de Hollande. Bem sei que não vale a pena, mas vou recordar o óbvio: é defensável um Governo Económico para a Europa, numa lógica mais ou menos federal, de maior integração europeia. Se esse caminho é possível (e desejável) ou não, isso é decerto discutível (eu, por mais que não acredite na exequibilidade desse caminho, reconheço que há bons argumentos em seu favor). O que, contudo, é indiscutivelmente impossível é defender mais “integração” sem menos “independência”. Pourrait comprendre cela, Monsieur Hollande?
 
Renato Epifânio
 
Publicado em:

sábado, 1 de junho de 2013

Os “palhaços”

Cada vez mais, o debate político em Portugal circunscreve-se a falsas querelas – o que é, decerto, um dos sinais maiores da verdadeira crise em que estamos.
A mais recente dessas falsas querelas opõe Cavaco Silva e Miguel Sousa Tavares, que se referiu ao primeiro como um “palhaço”. A querela irá agora dirimir-se em tribunal – o que, num país em que os tribunais estão literalmente soterrados, sem conseguir dar resposta em tempo útil, constitui, também literalmente, uma palhaçada.
Uma palhaçada tem sido também o debate que se tem gerado em torno desta querela, dado o empenho, de muita gente, em defender que Cavaco Silva, enquanto Presidente da República, tem sido diferente dos seus antecessores, merecendo por isso o epíteto.
Nunca tendo votado em Cavaco Silva, constato o óbvio: ele não tem sido menos isento partidariamente do que foram, por exemplo, Mário Soares e Jorge Sampaio. Por isso, sejamos coerentes e consequentes: se criticamos, como podemos e devemos criticar, Cavaco Silva por estar refém do sistema partidocrático e a dar, por isso, cobertura política a um Governo do seu partido de sempre, então estendamos a nossa crítica.
Para quem tem memória curta (e parece que são cada vez mais), Mário Soares, enquanto Presidente da República, não descansou enquanto não teve um Primeiro-Ministro do seu partido de sempre, António Guterres, e o mesmo se diga de Jorge Sampaio relativamente a José Sócrates. Não nos venham pois impingir a ideia de que Cavaco Silva é realmente diferente dos seus antecessores. Politicamente, não há a menor diferença substantiva.
Por isso, a crítica que há a fazer não é a Cavaco Silva em particular mas ao nosso sistema político, que tem impedido a eleição de um Presidente da República não refém da partidocracia. Essa é que é a questão – afirmo-o e reitero-o, acrescentando o seguinte: sou, no plano dos princípios, convictamente republicano, mas começo a perder a esperança de conseguirmos algum dia eleger um Presidente da República realmente independente dos jogos partidários. Se perder essa esperança de vez, só me resta tornar-me monárquico. Espero que isso não aconteça.
Renato Epifânio
Publicado em:
http://democracia-em-movimento.blogspot.pt/2013/05/opiniao-d-os-palhacos.html

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Eleições na Alemanha: a prova dos nove

Mesmo os mais convictos federalistas europeus já não acreditam realmente que ele, o federalismo europeu, seja possível – essa foi a grande conclusão que retirei do Debate + Democracia de Sábado, com o Viriato Soromenho-Marques e o Paulo Trigo Pereira. 
Podem ainda salientar (de forma brilhante, como foi o caso) o quanto ele seria desejável – e há decerto argumentos bem fortes para o defender. Simplesmente, todos esses argumentos esbarram no que há de mais fundamental: a realidade. 
A última grande esperança parece ser agora uma mudança de atitude da Alemanha. Mas, também aí, a realidade é cruel. O Governo da Chanceler Merkel tem taxas de aprovação significativas (sobretudo no que respeita à sua política europeia) e não parece nada verosímil que algo realmente mude nas Eleições marcadas para o final deste ano. Para todos aqueles que ainda acreditam no federalismo europeu, essas Eleições serão, pois, a prova dos nove. 

Texto publicado em:
http://democracia-em-movimento.blogspot.pt/2013/05/opiniao-d-eleicoes-na-alemanha-prova.html

quarta-feira, 8 de maio de 2013

"É preciso que algo mude para que tudo fique na mesma"

Se isso não fosse tão prejudicial a Portugal e à grande maioria portugueses, até seria capaz de achar graça à forma como o nosso sistema político-mediático segue a célebre máxima de Lampedusa.
Vem isto a propósito do último Congresso do Partido Socialista e da cobertura mediática que este, em geral, teve. Face à cada vez mais óbvia falência do Governo, o nosso sistema político-mediático tudo faz para nos convencer de que há realmente uma alternativa, que possa ainda salvar a nossa falida Partidocracia.
O guião, porém, é sempre o mesmo, de tal forma que já não deveria impressionar ninguém: simula-se uma falsa abertura à “sociedade civil”, inclusive estimulando a criação de falsos movimentos cívicos. Sim, nós lembramo-nos. Também Pedro Passos Coelho fez o mesmo. E antes dele…
Tudo isto quando, no próprio Congresso do Partido Socialista, se rejeitou uma proposta que, essa sim, propiciaria alguma abertura: desde logo na eleição dos candidatos partidários. Não importa. O que interessa agora é convencerem-nos que António José Seguro será o líder do próximo Governo, porque sim. Todo o nosso sistema mediático seguirá agora esse guião, não estivesse ele também refém da nossa falida Partidocracia. Por mais que ninguém acredite realmente em Seguro, é preciso manter a farsa. Até ao fim.
 
Publicado em:

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Foi você que pediu um candidato presidencial?


Foi uma daquelas ideias não definidas à partida, mas que foi emergindo naturalmente: em concreto, na sessão do último Sábado do + Democracia, em Viseu.
Já tinha ouvido falar do Dr. Paulo Morais, já o tinha ouvido na televisão e na rádio, já tinha lido também alguns textos seus. No Sábado, porém, presencialmente, essa boa impressão que já tinha cresceu exponencialmente: trata-se de alguém que tem um discurso claro, lúcido e estruturado sobre a realidade portuguesa. Como muito poucos entre nós.
Em conversa com outras pessoas, no final da sessão e já na viagem de regresso, surgiu então a ideia de uma candidatura presidencial do Dr. Paulo Morais. O único contra-argumento tinha a ver com a sua idade: alguém, talvez, “demasiado novo”. Mas isso, a meu ver, pode ser visto como um trunfo e adequar-se até melhor ao perfil de alguém que tem um discurso de ruptura. 

Desde há muito que tenho para mim que a reforma do sistema político passa necessariamente pela eleição de um Presidente da República realmente independente, não refém da partidocracia, que tanto tem sufocado e pervertido o nosso regime. Por isso tanto me empenhei na eleição do Dr. Fernando Nobre. Independentemente das desventuras dessa candidatura, de que não cabe aqui falar, continuo a pensar o mesmo. Por isso, estaria disposto a empenhar-me da mesma forma numa eventual candidatura do Dr. Paulo Morais. Obviamente, a decisão será dele e só dele. Mas fica a ideia.
Renato Epifânio


Texto publicado em:
http://democracia-em-movimento.blogspot.pt/2013/04/opiniao-d-foi-voce-que-pediu-um.html