A revista A Águia foi uma importante revista cultural do início do século XX,
em Portugal, que congregou muitas figuras de destaque das Humanidades, das
Artes e das Ciências com distintas mundividências que veicularam visões
plurais. Sobressaíram na História Cultural Portuguesa, no conjunto dos seus
inúmeros colaboradores, intelectuais como Teixeira de Pascoaes, Jaime Cortesão,
Raul Proença, Hernâni Cidade, Afonso Lopes Vieira, Fernando Pessoa, António
Sérgio, etc. A revista nos seus 22 anos de vida comportou temas literários,
artísticos, filosóficos e de crítica cívica, que tanto inspirou os fundadores
da Nova Águia.
A Águia alicerçou-se numa matriz nacionalista e neorromântica, no
combate sem tréguas contra a tese da decadência nacional
que
pairava na mentalidade da sociedade portuguesa desde o fim do século XIX. Com
efeito, aos mentores da revista, em pleno contexto de instauração do novo
regime Republicano, moveu-os o espírito de promoção da autoestima nacional que
os mobilizou contra a tese de declínio da nação portuguesa deixada pairar pelo
poeta Antero de Quental desde as Conferências do Casino de 1871 e contra a
mentalidade positivista de Auguste Comte que contaminava a intelectualidade
europeia
.
A revista Nova Águia, tendo por base esta magistral fonte espiritual de
inspiração, pretende ser uma homenagem às várias gerações de personalidades que
souberam dar corpo à revista A Águia.
Os pontos de partida dos diversos números têm sido núcleos temáticos e no
número 11 um dos seus elementos aglutinadores é “O Mar e a Lusofonia” partindo
da emblemática frase do escritor Virgílio Ferreira “Da minha língua vê-se o
mar”. Esta revista privilegia artigos ensaísticos literários, filosóficos,
históricos e científicos de uma pluralidade de colaboradores, de onde se
destacam pessoas como Adriano Moreira, Miguel Real, Pinharanda Gomes, Manuel
Gandra, António Cândido Franco, António Braz Teixeira, José Eduardo Franco,
João Bigotte Chorão, etc.
Os diversos números da revista,
de que este é já o número 11, repartem-se por várias secções, designadamente
pela temática central, por evocações de obras ou de vidas de homens de
espírito, ensaios variados, críticas literárias e poemas, muitos deles, de
jovens autores de grande valia estética. Cumpre-se, assim, um projeto
ideológico Humanista que pretende revalorizar as tradições culturais
portuguesas, para revigorar o espírito do país numa conjuntura de desânimo
coletivo, com um sentido eclético que se desenha nas novas pontes que se
pretendem construir para um futuro coletivo mais auspicioso que contemple o
sentimento Lusófono que pulsa na nossa Alma. Deste modo, surgiu como um
imperativo Ético combater o dogmatismo da cultura tecnocrática que tem
aniquilado a liberdade de opinião, de expressão e de ação que constituem
elementos fundamentais de um ambiente democrático.
Já foram temas centrais dos
diversos números da
Nova Águia desde
2008
:
António Veira e o futuro da Lusofonia; O legado de Agostinho da Silva, 15 anos
após a sua morte; Pascoaes, Portugal e a Europa: 20 anos após a queda do Muro
de Berlim; Os 100 anos da
A Águia e a
situação cultural de hoje; A república, 100 anos depois; Fernando Pessoa:
“Minha pátria é a Língua Portuguesa” (nos 15 anos da CPLP); O Pensamento da
Cultura de Língua Portuguesa: nos 30 anos da morte de Álvaro Ribeiro; Nos 100
anos da Renascença Portuguesa: como será Portugal daqui a 100 anos?; Leonardo
Coimbra, Dalila Pereira da Costa, Manuel Laranjeira e João de Deus: Razão e
Espiritualidade; e “Da minha língua vê-se o mar”: o Mar e a Lusofonia.
Em suma, o objetivo supremo da Nova Águia é alimentar o ego nacional de uma forma realista
baseada numa rica tradição Humanista, escorados os colaboradores na inspiração
criadora da revista mãe que lhe deu ânimo para que pudesse voar, mas plenamente
convictos da importância para o nosso futuro comum do projeto e do sentimento
de identidade Lusófona no seio de uma Humanidade a necessitar urgentemente de
se transfigurar Eticamente.
Nuno Sotto Mayor Ferrão
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