"A minha posição é definitiva." Bagão Félix continua a ser desafiado, mas não muda de ideias.
Os católicos descontentes com Cavaco Silva continuam a insistir com o ex-ministro das Finanças do governo PSD/CDS para que se candidate à Presidência. Bagão Félix afirma que não pode "deixar de ficar grato", mas avisa que a insistência não dará quaisquer frutos. "Isso não muda a minha posição. É uma questão que não ponho sequer a mim próprio. Nem sou candidato nem candidato a candidato. Esta questão não se põe. Ponto final, parágrafo", disse ontem ao i António Bagão Félix.
Mas, ao contrário de outros senadores da direita, Bagão Félix encara agora "com naturalidade" a existência de uma segunda candidatura na primeira volta das presidenciais. A de Santana Lopes ou outra. Sobre a eventual candidatura de Santana Lopes, considera-a "uma hipótese teórica", mas vai avisando que "se isso acontecer tem de ser encarado com naturalidade e não como uma heresia".
Para o principal conselheiro de Paulo Portas em matéria de economia e finanças, "o conceito de unicidade política não deve existir numa primeira volta das presidenciais". Sem defender a necessidade de uma segunda candidatura, Bagão acha que se isso acontecer "daí não virá nenhum mal". Esta semana, em conversa telefónica, Santana Lopes e Bagão Félix voltaram a falar das presidenciais e o ex--primeiro-ministro insistiu novamente com Bagão para que avançasse para Belém. Nada feito.
Interrogado pelo i sobre se admitia apoiar uma eventual candidatura presidencial de Santana Lopes, Bagão Félix adia a decisão: "Se ele se candidatar, logo veremos." Mas vai avisando que a existir, "em tese", uma segunda candidatura à direita "tem de ser vista de uma perspectiva inteligente" e "não pode ser apenas uma reacção a um diploma que foi promulgado".
Há claramente uma mudança no discurso de Bagão Félix em menos de um mês. Hoje, o ex-ministro acredita que uma segunda candidatura só prejudicaria a direita "se não houvesse segunda volta". "Mas não acontece isso." Mas no fim de Maio, quando foram tornadas públicas as pressões dos sectores católicos para que se candidatasse a Belém, o ex-ministro de Durão e Santana considerava que "uma candidatura na mesma área" podia "originar uma segunda volta e numa segunda volta tudo é possível". Em declarações à agência Lusa, no dia 29 de Maio, Bagão Félix afirmava: "Além de provavelmente não ter condições para ganhar [...] poderia ter sempre o ónus de poder fazer perigar a vitória do actual Presidente da República e isso parece-me negativo."
Na sondagem recente do Expresso/SIC/Rádio Renascença, Santana Lopes era a personalidade da direita mais bem colocada para avançar com uma candidatura presidencial alternativa à de Cavaco Silva. Apesar da grande maioria dos portugueses acreditar que o actual Presidente da República se vai recandidatar e ser reeleito (67,3%), o nome mais bem colocado para assumir uma candidatura alternativa à direita é o de Santana Lopes (25,6%), seguido pelo ex-líder do CDS, Adriano Moreira (23,5%). Na sondagem, Paulo Portas, com 10,8%, ficava em terceiro lugar e Bagão Félix, com 9,8%, em quarto.
Para o CDS, o assunto da candidatura alternativa está encerrado com a negativa de Bagão Félix. O apoio de Paulo Portas à recandidatura de Cavaco Silva é tão indiscutível como o da direcção do PSD.
O entusiasmo de Santana Lopes pelas presidenciais tem sido evidente nas suas últimas intervenções públicas. Quando Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que se houvesse segunda volta Cavaco Silva sairia derrotado, Santana considerou que essa afirmação seria "muito desagradável" para o actual Presidente. "Com efeito, dizer que Cavaco Silva, se for sozinho com Manuel Alegre, perde, é muito forte. É a maior crítica que se pode fazer a um candidato: só ganha se não for mais ninguém da sua área política. É que há segunda volta nas eleições presidenciais exactamente para poderem ir à primeira volta os que sentirem que o devem fazer", escreveu Santana Lopes no seu blogue no início de Junho. E continuou: "Em França, Dominique Villepin, ex-primeiro-ministro de Jacques Chirac, deverá ser candidato na área de Sarkozy. Como sempre aconteceu, 'à direita' e 'à esquerda'."
No seu último artigo no "Sol", na sexta-feira, Santana reafirmou que "as primeiras voltas de eleições servem para que se possam apresentar e ser debatidas as diferentes posições que existam numa sociedade pluralista. O tempo dos condicionamentos do MFA já passou. Ou não?". Até Julho, como defende o próprio, o assunto deve ficar resolvido.
Fonte: i
2 comentários:
O Santana é maluco o suficiente para avançar. Se o fizer, é positivo, pois, abre a possibilidade de uma segunda volta.
Cuidado com os homens que não têm nada a perder. São os mais perigosos...
Dito isto, Santana Lopes como candidato da "direita católica" não passa. To much woman...
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