Portugal tem quatro vertentes: ibérica, europeia, mediterrânica e atlântica. Quem não compreender isto, escusa de nos vir falar de Pátria.
O equilíbrio das quatro é o grande desafio de filosofia política que se coloca ao Portugal contemporâneo. Hipostasiar uma só é trair a Alma Portuguesa.
Hipostasiar a vertente europeia coloca-nos numa fileira política que vai do neo-liberalismo ao racismo brancóide mais alarve e anacrónico.
Hipostasiar a vertente ibérica fecha-nos num destino pequeno, a que escapámos há 500 anos encontrando no mar e no longe uma pátria maior, em que se realizou o sentido civilizacional de Portugal, enquanto pátria de pátrias.
Hipostasiar a vertente mediterrânica encerra-nos no império velho (Grécia, Roma, Islão), de que Portugal foi o quarto e finalizador movimento, superando as Colunas de Hércules e demandando as Ilhas Afortunadas pelo Mar Oceano, transmutando o Império do Mundo em Império do Espírito.
Hipostasiar a vertente atlântica abandona-nos à fraqueza pretérita de ter havido um Império, a viver numa saudade inútil que nunca realizará o Portugal por vir.
Previamente publicado no blogue Crónicas da Peste.
Imagem: (Da série) O pequeno Mundo, Jorge Molder, 2001.
1 comentário:
Belo texto
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