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MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da nossa sociedade civil, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia. Defendemos o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
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NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI

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Desde 2008"a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".

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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O clubismo partidário na política portuguesa

Um fenómeno que sempre me tem chocado desde o meu inicial interesse pela política tem sido o que chamo de “clubismo partidário”, embora presente em boa parte da Europa este encontra em Portugal o seu expoente máximo. Já o senti na pele inúmeras vezes, quando acompanhando a comitiva de algum dos partidos pequenos (aparentemente as épocas eleitorais são as raras ocasiões em que um completo estranho pode falar seja com quem for na rua sem ser relegado ao ostracismo, basta meia dúzia de panfletos numa mão e um qualquer autocolante ou crachá na lapela do casaco) ouvi milhentas vezes a seguinte frase: “sabe, concordo plenamente com as vossas ideias, mas voto no partido ‘x’ desde o 25 de Abril”, sendo o partido ‘x’ na maior parte das vezes o PS e o PSD, e em menor número a CDU e o CDS/PP.

Choca-me esta falta de cultura democrática, aparentemente a esmagadora maioria dos portugueses encara os partidos políticos como se fossem clubes de futebol: por pior que seja o treinador, alguém muda de clube? Não. Tal explica em boa parte o actual Estado a que chegou a política nacional, num universo eleitoral que conta com a existência de 19 (dezanove) partidos políticos, 12 não têm qualquer representação parlamentar.

Partidos de quadros

Alguns dos pequenos partidos acabam por ser partidos de quadros para os dois grandes, de entre estes destacam-se claramente o Partido Popular Monárquico e o Partido da Terra, cujos dirigentes (locais e nacionais) acabam por integrar as listas do Partido Social Democrata, por vezes literalmente, sem o recurso a uma coligação oficial. Outro partido que a nível regional consegue estar próximo do poder, embora não dispondo de qualquer autarca ou deputado, é o Partido Democrático do Atlântico: seja o governo açoriano PS ou PSD o PDA acaba por agir como a consciência política invisível; trata-se afinal de um partido fundado há 30 anos cujos quadros foram quase todos membros fundadores da autonomia política da região.

Bom, assim sendo, votando o povo essencialmente somente nos partidos que surgiram logo após o 25 de Abril, como explicamos o Bloco de Esquerda? Pois bem, o BE resulta da fusão dos UDP – União Democrática Popular, o PSR – Partido Socialista Revolucionário e o Política XXI, todos eles partidos de quadros por direito próprio (normalmente chegando a acordo com o PCP ou com o PS), o que justifica plenamente o seu sucesso.

Curioso que todos estes partidos surgidos nos primeira década após o 25 de Abril de 1974 não tiveram que se submeter ao actual pouco democrático hábito da obrigatoriedade de apresentação de um mínimo de 7.500 assinaturas.

Bipartidarismo?

Embora por toda o mundo existam normalmente dois partidos de massas, todos do “centrão” (centro-esquerda e centro-direita), o modelo bipartidário adoptado pelos Estados Unidos da América (nos quais existem somente o Partido Democrático – que inclui toda a Esquerda, desde a mais liberal à mais radical e marxista – e o Partido Republicano – que inclui toda a Direita, dos nacionalistas aos capitalistas neo-liberais) aparentemente vai acabar por se impor de igual modo na Europa, com principal destaque para Portugal, “desde 25 de Abril de 1974 o principal tubo de ensaios da CIA”, confessou-me em tempos Oswald Le Winter aquando um dos nossos encontros (autor dos interessantíssimos “Desmantelar a América” e “Democracia e Secretismo”, ambos publicados pela Europa-América).

Porque destaco Portugal? Porque ao contrário da restante Europa, onde partidos fundados um ano antes ou até alguns meses antes das eleições conseguem eleger deputados ou até chegar ao governo, por cá os principais intervenientes da política nacional são sempre os mesmos, recordo há anos, numa entrevista à extinta “Tempo”, já António Costa Pinto destacava que “quem quiser fazer política, tem que aceder a um dos dois partidos do poder, PS ou PSD” (cito de memória, as palavras podem não ter sido exactamente estas).

Mesmo aqui ao lado, em Espanha, Rosa Díez fundou em 2007 o União, Progresso e Democracia (UPyD) após a sua saída do PSOE, passando logo a ser a quinta força política mais votada, elegendo representantes.

Em Portugal? Temos um exemplo perfeito de alguém com nome e influência suficientes ter tentado o mesmo: Manuel Monteiro com o seu Partido da Nova Democracia, o que deu errado? Simples, a base eleitoral que lhe permitia ser eleito pelo CDS/PP não mudou a sua orientação de voto com a sua saída. Creio que tal serviu de lição a quaisquer outros dissidentes que achem possível sobreviver politicamente fora dos partidos com representação parlamentar: só nestes há hipótese de aceder seja ao que for.

Como contornar?

Embora não seguindo eu próprio esta máxima (a minha veia libertária leva-me sempre a apelar ao voto nos partidos mais pequenos, dado romanticamente ainda os considerar como livres de pecado) creio que a única solução terá obrigatoriamente que passar por esses dois partidos do centrão. Já nestas páginas referi que, no que diz respeito ao eleitor e até aos próprios quadros e militantes base dos pequenos partidos – soube de casos em que candidatos e dirigentes desses mesmos partidos acabaram por admitir ter votado num dos grandes com assento parlamentar por duvidar do sucesso eleitoral do seu próprio partido – os partidos à Esquerda e à Direita são vistos como versões mais puras das ideias centrais fundacionais dos PS e PSD, mas havendo sempre a hipótese da regeneração desses dois partidos, é normal que absorvam os votos de todos os pequenos.

Então como afectar os destinos da nação? Dou-vos o exemplo de Passos Coelho, aparentemente insignificante demais para ser convidado por Pinto Balsemão para a reunião do Clube Bilderberg deste ano, vítima de uma quase purga pela anterior presidente laranja, Manuela Ferreira Leite, chegou ou não chegou à presidência do partido?

Pois bem, os grandes partidos aceitam já o “direito de tendência interna”, se no CDS/PP tal obriga à apresentação de um documento formal assinado por um mínimo de 300 militantes (que foi a morte da “Tendência Nacionalista Lusitana da Democracia Cristã do Barreiro) no PSD é permitida a criação de clubes de pensadores ou grupos de reflexão (prefiro estes termos ao “think tank”, como a plataforma de reflexão estratégia Construir Ideias. Democraticamente, estas plataformas bem podem acabar por se tornar nos únicos meios de alterar o actual estado das coisas, agindo como veículo ideológico.

31 de Agosto, 2010.
O Diabo

2 comentários:

Renato Epifânio disse...

Um bom complemento ao debate do último Sábado...

Abraço MIL

Flávio Gonçalves disse...

Nem mais. Nem sei porque acabo por não reproduzir os meus artigos aqui, alguns - como foi o caso - justificam-se.