
O transnacionalismo não é um nacionalismo. Não é um nacionalismo porque é um imperialismo – que não é um imperialismo. Não é um imperialismo porque não é um nacionalismo expansionista, mas é um imperialismo porque se coloca acima dos estados.
A primeira vez que o termo «transnacionalismo» me ocorreu eu andava obcecado a tentar entender a globalização, e o termo era empregue por alguns economistas de um modo politicamente inócuo: falavam muito em economia transnacional, que a globalização era transnacional, etc.
Nessa altura outra inquietude me dominava: renovar o âmbito ideológico do patriotismo, farto que estava de o ver avassalado por neo-nazismos e neo-fascismos a tentarem ressuscitar um património ideológico ao qual a história fez o funeral, com os mesmos métodos, as mesmas tácticas de propaganda, em que a nação se torna o único bem, e o inimigo é o outro, as mesmas faixas de «morte ao preto» e «morte ao judeu», etc.
O meu objectivo não era o de encontrar uma forma de nacionalismo «bem comportado», mas sim o de poder ser patriota sem que fosse confundido com gente medíocre que espanca minorias rácicas às esquinas; em Portugal, os Africanos, os Brasileiros, na Alemanha, os Africanos, os Brasileiros, os Portugueses – poderia continuar os exemplos –, e sabia bem que até no Brasil isso poderia acontecer a um Português, nalguns bairros de S. Paulo, por exemplo. O nacional-socialismo tinha ressuscitado como um Lázaro cego e podre, uma múmia mal-cheirosa do cadáver que sempre foi... Nos ditos bairros de S. Paulo poderia acontecer-me ser espancado simplesmente pelo meu sotaque, por indivíduos de cabeça rapada, imitando SS, quase todos com alguma parcela de sangue africano, mesmo que não aparente, e que me agrediriam em nome da «ariana raça brasiliense», sendo eu um caucasiano europeu. De loucos!
Quando o conceito de transnacionalismo começou a fermentar com o meu intuito de inventar um novo patriotismo, eu percebi que o transnacionalismo seria uma superação do nacionalismo e, como tal, o nacionalismo teria que ser um dos polos dessa síntese. Sem dúvida o nacionalismo só poderia ser a minha antítese, uma vez que nunca fui nacionalista, qual seria então a minha tese?
O que havia dentro de mim que impedia que o meu patriotismo se tornasse nacionalismo? Seria ao achar esta resposta que eu encontraria a minha tese, e encontrei-a: eu amava mais a civilização do que a nação. Esta descoberta foi uma verdadeira surpresa para mim, e percebi que o meu patriotismo era uma força emocional, uma inspiração terrível semelhante à poesia, porém o meu amor à civilização residia na minha mente culta e educada. Eu próprio era de algum modo a contradição, mas depois concluí que essa contradição era uma tensão política da história: o Estado e o Império.
K. N.
7 comentários:
Um abraço a todos os Amigos do Movimento Internacional Lusófono!
Bela entrada...
Abraço MIL
Abraço MIL, Renato.
Isto promete. Como dizia Confúncio, "Todos os homens se nutrem, mas poucos sabem distinguir os sabores."
Abraço MIL.
Em nos arquetipos astrologicos a Patria equivale ah nossa casa e ah nossa mae. Sendo simbolizada pela lua.
Se tivermos uma lua confortavel no momento de nascimento a nossa relacao com aquelas entidades tambem eh confortavel.
E sabemos cuidar de nohs mesmos e dos nossos devidamente. Adequadamente. Maternalmente.
Abraço MIL, Pires.
"....uma força emocional, uma inspiração terrível semelhante à poesia, porém o meu amor à civilização residia na minha mente culta e educada. Eu próprio era de algum modo a contradição...."
. e dos contrários iluminantes se fez o texto. imperial no adentrar.
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