Bissau – A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) considerou a decisão das autoridades guineenses em expulsar os órgãos de comunicação portugueses RTP, RDP e Lusa como “um sinal preocupante para o pluralismo e para o direito à informação”.
A Guiné-Bissau anunciou, na passada sexta-feira, 15 de Agosto, a expulsão de dois órgãos de comunicação social portugueses: a agência de notícias Lusa e os canais públicos RDP/RTP, cujos programas se encontram desde então suspensos. A decisão foi comunicada sem qualquer explicação oficial por parte das autoridades guineenses.
Para o director do escritório da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) para a África Ocidental, Sadibou Marong, trata-se de um “sinal preocupante para o pluralismo e para o direito à informação”.
Em declarações à imprensa, Sadibou Marong, afirmou que a medida constitui “uma espécie de aviso” que poderá reforçar a auto-censura nos meios de comunicação locais e nacionais, sobretudo num contexto em que a Guiné-Bissau se prepara para eleições presidenciais. Segundo o responsável da RSF, a decisão das autoridades pode contribuir para reforçar a auto-censura em torno de temas de interesse nacional.
A organização recorda ainda que este episódio não surge de forma isolada. Recentemente, o correspondente da RTP na Guiné-Bissau, Waldir Araújo, foi alvo de uma agressão perpetrada por indivíduos ainda não identificados. Para a RSF, este ataque não deve ficar impune, sob pena de agravar a auto-censura já disseminada entre os jornalistas no país.
“É extremamente importante que as autoridades levantem esta suspensão”, apelou Sadibou Marong, acrescentando que é necessária uma investigação transparente para identificar e levar à justiça os autores da agressão contra o jornalista da RTP. A RSF defende a adopção de todas as medidas indispensáveis para garantir que os profissionais da comunicação social possam exercer o seu trabalho sem receio de represálias.
Este domingo, em visita a Cabo Verde, o Presidente guineense recusou dar esclarecimentos sobre o caso, limitando-se a afirmar que “o problema é entre a Guiné-Bissau e Portugal”. A medida tem gerado fortes críticas: em Portugal, o governo manifestou o seu repúdio, e a Liga Guineense dos Direitos Humanos denunciou um “ataque contra a liberdade de imprensa e contra o Estado de Direito”. In “Agência de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau
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