Aqui está um artigo de uma japonesa sobre a língua portuguesa no Japão:
Desafio da língua portuguesa no Japão contemporâneo
Atsushi Ichinose
Universidade Sophia, Tóquio, Japão
O ano 2008 é um ano muito especial para as relações entre o Japão e o Brasil na medida em que se comemora o centenário da imigração japonesa para o Brasil. Este fenómeno migratório, embora com tantos sacrifícios e dificuldades, faz parte de histórias de sucesso na História de um país de imigrantes que é o Brasil.
Quando o Brasil sofria de agonizante situação económica na década de 80 do século passado (a chamada década perdida), o Japão, pelo contrário, usufruía do excelente resultado do desenvolvimento económico iniciado depois da Segunda Guerra Mundial. Esta situação contrastante desencadeou o fluxo migratório dos brasileiros de origem japonesa (os nikkeis) para trabalharem no país do sol nascente e da sua origem. Neste momento, encontram-se mais de 300 mil brasileiros a viver e trabalhar no Japão. Isto significa que há, neste país, mais de 300 mil falantes nativos da língua portuguesa.
Em Portugal, quando se discute a situação do português na Ásia, pensa-se logo em Timor-Leste. Não se deve esquecer, no entanto, de que há mais falantes do português no Japão que em Timor-Leste. É claro que o “regresso” ao Japão dos “nikkeis” não é isento de dificuldades e problemas, entre eles, sobretudo para as crianças brasileiras, a língua é uma das maiores barreiras na sua vida quotidiana. Embora no vocabulário japonês haja palavras de origem portuguesa como “botan” (botão) ou “kappa” (capa), este facto não ajuda muito na comunicação entre japoneses e brasileiros.
Uma das razões do sucesso da imiigração japonesa na sociedade brasileira é a vonade dos pais de oferecer o melhor ensino escolar aos seus filhos. Mas agora as crianças brasileiras de idade escolar no Japão são obrigadas a enfrentar obstáculos maiores, pois elas não têm habilidade suficiente da língua de ensino que é o japonês nem podem desenvolver a capacidade linguística da língua materna que é o português.
O resultado desta situação é o aumento de crianças com semi-literacia. Na realidade, como a sociedade japonesa ainda não está bem preparada para aceitar imigrantes estrangeiros, os seus direitos linguísticos não são suficientemente respeitados. O que é necessário e urgente é que se criem infra-estruturas para as crianças brasileiras aprenderem tanto português como japonês. No início do Século Vinte Um, impõe-se um grande desafio para o Japão se tornar uma sociedade aberta e multicultural. Ao mesmo tempo, o português deverá tentar ser um “membro” do mapa linguístico do Japão.
Fonte: Internet www.app.pt/RESUMOS-B/Ichinose-B.doc
NB: Artigo copiado tal como é publicado. Nada foi alterado.
3 comentários:
Sadiri, excelente contributo. Muito obrigado.
O Brasil está a virar-se para o Pacífico, e muito pouco para o Atlântico... Nisto convém também meditar...
Oportunissimo artigo, na medida em que entre japoneses e descendentes de japoneses perfazem cerca de 5 milhões, inclusive o comandante da Força Aérea Brasileira é um general, sansey (neto de japoneses).
Faraone.
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