*É um Lusófono com L grande? Então adira ao MIL: vamos criar a Comunidade Lusófona!*

MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da nossa sociedade civil, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia. Defendemos o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
SEDE: Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa)
NIB: 0036 0283 99100034521 85; NIF: 509 580 432
Caso pretenda aderir ao MIL, envie-nos um e-mail: adesao@movimentolusofono.org (indicar nome e área de residência). Para outros assuntos: info@movimentolusofono.org. Contacto por telefone: 967044286.

NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI

Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).

Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).

Desde 2008"a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".

Colecção Nova Águia: https://www.zefiro.pt/category/zefiro-nova-aguia

Outras obras promovidas pelo MIL: https://millivros.webnode.com/

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva
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segunda-feira, 25 de maio de 2020

Sobre música e o MPMP, na Glosas

Desde o dia 23 de Maio, no sítio na Internet da revista Glosas, está (juntamente com outros nove... o meu é o oitavo) o meu artigo-depoimento «Eu “voto” no MPMP!»; trata-se de um texto que Edward d’Abreu, Presidente da Direcção do Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa e Director daquela revista, me pediu (tal como a várias outras individualidades) que escrevesse e enviasse para ser publicado como forma de assinalar os dez anos da fundação do MPMP; é o meu segundo contributo para a Glosas, depois de «Estrela cadente – Recordando e recriando a Ópera do Tejo», publicado em 2013 no Nº 8 da revista. Um excerto: «É necessário muito mais do que boas intenções por parte de amadores como eu: exige-se um trabalho colectivo e criativo constante de recuperação, execução e difusão realizado preferencialmente por equipas de profissionais com capacidades, competências, conhecimentos, e que em simultâneo sintam a paixão indispensável que os motive em permanência para a (re)descoberta de uma componente fundamental da cultura nacional. Num contexto em que o Estado continua a desiludir e o sector empresarial se revela, infelizmente, frequentemente indiferente, é óptimo que organizações emanadas da sociedade civil façam o trabalho indispensável, nesta área como em outras.» (Adenda - O Nº 20 da revista Glosas, edição especial comemorativa do décimo aniversário do MPMP, foi publicado em papel no mês de  Setembro, e o meu texto está nas páginas 70, 80 e 81.)

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

«Variações», 35 anos depois

Estreia hoje em Portugal o filme «Variações», realizado por João Maia e protagonizado por Sérgio Praia, obra que aborda a vida e a carreira, demasiado breves, de António Joaquim Rodrigues Ribeiro, ambas terminadas há 35 anos, mais exactamente a 13 de Junho de 1984. Porém, o impacto e a influência da personalidade e do talento do cantor e compositor minhoto que sonhava com Nova Iorque mantiveram-se e, quiçá, até aumentaram desde então entre os portugueses.
Entretanto, e numa coincidência curiosa, abriu no passado dia 18 de Julho, na Igreja de São Mamede, em Lisboa, e prolonga-se até ao próximo dia 16 de Setembro, a exposição «Welcome» da artista plástica Rueffa, que inclui um retrato de António Variações feito numa perspectiva interessante: ele é comparado e equiparado a Luís de Camões. Em outra curiosa coincidência, esse foi também o conceito que eu idealizei e utilizei no meu poema «Variações», escrito em 1994 e incluído no meu livro «Q - Poemas de uma Quimera», publicado em 2015 pelo Movimento Internacional Lusófono.
De notar ainda que aquele não é o único poema em que refiro o autor de «Estou Além»: faço-o igualmente em «1984», escrito em 2004 e incluído no meu livro «Espelhos», que continua por editar.

quarta-feira, 14 de março de 2018

«Dissecando» uma pintura, no MNAA


Foi inaugurada a 18 de Janeiro último e prolonga-se até 27 de Maio próximo. É a exposição «Anatomia de uma Pintura», comissariada por Alexandra Markl e por Celina Bastos, n(o piso 1, sala 50, d)o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, e é assim apresentada no sítio na Internet da instituição: «Os dramáticos acontecimentos a que o pintor João Glama (c.1708-1792) assistiu levaram-no a pintar a tela conhecida como “O Terramoto de 1755”. Encenada como uma grande panorâmica das várias catástrofes que destruíram Lisboa nesse dia de Todos os Santos (tremor de terra, incêndio e maremoto), a pintura realça algumas das trágicas consequências vividas pela população. A recente intervenção de restauro a que foi submetida conduziu a um renovado olhar sobre esta pintura, na qual Glama trabalhou durante mais de 35 anos e que deixou inacabada. Os documentos entretanto reunidos permitem compreender melhor o artista e a sua vasta obra.» Manuel Augusto Araújo destaca também, em texto no blog Praça do Bocage, a importância da iniciativa… e da obra à qual aquela é dedicada: «João Glama começou a pintar o quadro imediatamente, quase sem desenhos preparatórios, recuperando alguns dos personagens de estudos muito anteriores, alguns feitos quando estava em Roma. O propósito do pintor era “escrever” uma narrativa feita de fragmentárias narrativas em que também participa. Dar uma ideia “cinematográfica” do acontecimento num cenário de destruição e desolamento que o tratamento das ruínas acentua. Em tantos anos de trabalho Glama vai mudando perspectivas e personagens, como as análises de raio-X revelaram. Provavelmente o impacto do terramoto, em Portugal e no mundo, conduzem-no a alterações que, não sendo substantivas, não deixam de ser relevantes.» (Também no Ópera do Tejo.)

domingo, 12 de maio de 2013

Sobre a Ópera do Tejo, na Glosas

Na edição de Maio de 2013 (Nº 8) da revista Glosas, apresentada ontem em Lisboa no Conservatório Nacional durante uma cerimónia que incluiu um concerto, está, nas páginas 64 a 67, o meu artigo «Estrela cadente – Recordando e recriando a Ópera do Tejo».
Um excerto: «Recordar e recriar a Ópera do Tejo não passa apenas pela sua reconstrução virtual, digital; também pode e deve fazer-se pela evocação musical, por tocar, gravar e divulgar as obras dos artistas contemporâneos daquela. Carlos Seixas e João Rodrigues Esteves morreram antes de ela ser construída, mas David Perez (de certeza), Pedro António Avondano, Francisco António de Almeida e António Teixeira (quase de certeza) conheceram-na e frequentaram-na. Já não tiveram esse privilégio, e entre outros, João de Sousa Carvalho, António Leal Moreira, Marcos Portugal e João Domingos Bomtempo – e isto só para referir os que nasceram no século XVIII. No entanto, todos merecem ser resgatados ao esquecimento em que (uns mais, outros menos) caíram e em que continuam; já é mais do que tempo que mais portugueses – e estrangeiros – saibam que houve compositores portugueses que atingiram a excelência – e, em alguns casos, a fama (raramente o proveito) – nas suas épocas. Em Portugal existe um passado musical magnífico que deve ser divulgado, aquém e além-fronteiras, e de que nos devemos orgulhar. E é uma valiosa herança que pode servir de caução a um presente musical que se pretende cada vez mais desenvolvido e relevante.»
A Glosas é uma das várias iniciativas desenvolvidas pelo Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa. Uma e outro têm direcção de Edward d’Abreu, a quem devo, e agradeço, o convite para escrever sobre um projecto que eu iniciei e que outras pessoas fizeram, e têm feito, por concretizar. 

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Ópera do Tejo no Expresso

Mais uma vez, o Dia de Todos os Santos não tem de ser uma data totalmente triste… O projecto Ópera do Tejo/Lisboa Pré-Terramoto de 1755, que eu iniciei em 2004, está em destaque no Expresso (online) desde ontem.
No artigo «Visite Lisboa antes do Terramoto de 1755», assinado por Virgílio Azevedo refere-se que «a realidade a recriar pelo projecto da Universidade de Évora pretende abranger o desenho urbano de Lisboa, o tecido arquitectónico do conjunto desaparecido e os interiores de alguns edifícios mais emblemáticos, tais como o Palácio Real, a Patriarcal, a Ópera do Tejo, o Convento de Corpus Christi e o Hospital de Todos-os-Santos. (…) No futuro, haverá também componentes áudio e de animação, com a introdução de sons do ambiente citadino setecentista, e a reconstituição de espectáculos de ópera, touradas, procissões e outros eventos de destaque no quotidiano da Lisboa da primeira metade do século XVIII.» Outros pormenores, e um ponto da situação mais completo sobre a actual fase do projecto, são dados – em português correcto, não sujeito ao abjecto AO90 – pelo meu amigo e colega Luís M. R. de Sequeira, tanto no (nosso) sítio da Ópera do Tejo como no Arundel, o seu blog pessoal.
Entretanto, outro projecto, como que paralelo a este, e desenvolvido por outro grupo de amigos – os Músicos do Tejo – tem agora concretização: a sua gravação da ópera «La Spinalba», de Francisco António de Almeida, editada pela – estrangeira, importante e prestigiada – Naxos. E o meu livro «Espíritos das Luzes», de que resultou a ideia da iniciativa de que o Expresso dá conta, e que foi escrito ao som da música de, entre outros, Francisco António de Almeida, é já… uma memória da ficção científica

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Alfredo Margarido (1928-2010)

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O Daniel Ribeiro, correspondente do "Expresso" em Paris, acaba de dar-me conta da morte, ontem, em Lisboa, de Alfredo Margarido.

Margarido foi uma espécie de figura mítica para a minha geração. Oriundo das artes, viria a revelar-se como uma personalidade de recorte cultural eclético - da ficção à sociologia, da pintura à antropologia, da história das ideias às questões africanas. Viveu em vários lugares, que sempre marcaram o seu percurso intelectual. Paris foi, a partir de 1964, o seu "porto de abrigo". Aqui dirigiu os "Cadernos de Circunstância", uma revista policopiada, de edição irregular, que marcou um tempo importante nos meios portugueses no exilio em França (e de que, por sorte, tenho todos os exemplares da muito rara edição original, embora os seus textos tenham sido editados em Portugal depois do 25 de abril, creio, pela "Afrontamento", não sei se em versão completa).

Presumo que datará da sua estada em S. Tomé, nos anos 50, o encontro com aquela que iria ser sua mulher, Manuela, uma figura muito interessante, também já falecida.

Francisco Seixas da Costa in Blog
“Duas ou três coisas – Notas pouco diárias do Embaixador Português em França"

domingo, 15 de agosto de 2010

Morreu o mestre Figueiredo Sobral

F R I D A Y , A U G U S T 1 3 , 2 0 1 0
Faleceu o Pintor Figueiredo Sobral

Biografia

José Maria de Figueiredo Sobral (Lisboa, Portugal 1926). Pintor, desenhista, tapeceiro, gravador, escultor, ceramista, cineasta. Estuda artes gráficas na Escola de Artes Antônio Airoró em Lisboa. Até os 20 anos, trabalha com publicidade e ilustrações, além de escrever poesias, textos teatrais e ser cineasta; e convive com o grupo surrealista português, composto por Antônio Maria Lisboa e Cesariny Vasconcelos.
No final da década de 1960, monta um ateliê dedicando-se primeiro à escultura e, depois, à cerâmica. É também co-fundador da Revista Minotauro e colaborador gráfico do Diário de Notícias E. N. P. Crítico do regime salazarista, é preso várias vezes por razões políticas. Em 1975,
muda-se para Americana, São Paulo, onde executa uma escultura para a entrada da cidade, a convite do ex-prefeito Ralph Biasi.
in
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:cYIrSmlUWKs e
http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=1775&lst_palavras=&cd_idioma=28555&cd_item=1

Figueiredo Sobral nasceu em 1926. Foi discípulo dilecto de Lino António, Paula Campos, e Rodrigues Alves, na Escola de Artes Decorativas António Arroio. Até finais da década de 50, foi criativo gráfico de publicidade e ilustrador de fina sensibilidade de obras poéticas e literárias; colaborador da ENP - Diário de Notícias, veio posteriormente a ser co-fundador da Editora Minotauro. Dedicou-se à poesia, escreveu originais dramatúrgicos, vindo a colaborar também como maquetistacenarista. As suas primeiras aparições como pintor ocorrem nos salões Gerais de Artes Plásticas da SNBA, ainda no rescaldo da Segunda Guerra Mundial. Na segunda metade dos anos 60, sem abandonar a pintura inicia experiências na área da escultura. As suas obras constituem monumentos integrados em espaços urbanos ou decoram lugares públicos, sobretudo em Portugal e Brasil. Os seus trabalhos desenhos e gravuras, aguarelas, colagens, cerâmicas, tapeçarias, pinturas murais e esculturas, pertencem actualmente a acervos de arte estatais,
institucionais e empresariais privados e colecções particulares Europeias, Americanas, Médio Oriente e Australianas. Prémio MAC’2000 – Carreira, atribuído pelo Movimento Arte Contemporânea, Lisboa.
in
http://www.movimentoartecontemporanea.com/

Os anjos e as máscaras de um pintor do sonho
por Maria Augusta Silva
27 Março 2005
in Diário de Notícias

Numa relação infinita com o sonho, surpreendente, sempre, nos rostos dos anjos e nas máscaras dos homens, Figueiredo Sobral é um dos grandes mestres das artes plásticas portuguesas. Até 8 de Abril podem ser olhadas de perto as mais de três dezenas de trabalhos que integram a exposição A Pintura e a Escrita, na galeria do MAC-Movimento Arte Contemporânea (Rua do Sol ao Rato, 9C), em Lisboa. O nome de Figueiredo Sobral começou a destacar-se na década de 50
como pintor e ilustrador, levando, inclusive, a sua invulgar sensibilidade para muitas obras literárias. Também ele poeta e dramaturgo, tem colaborações nas páginas do Diário de Notícias e foi co-fundador da editora Minotauro. Os domínios da pintura, desenho, gravura, cerâmica,
colagens, tapeçaria e escultura afirmam-no, logo nos anos 60, com um discurso artístico original e com uma dupla exigência um sentimento do belo e o jogo apaixonante da transfiguração. Servindo-se de diferentes materiais e técnicas, Figueiredo Sobral enunciou o sublime, tanto no
que passa pela manifestação do sagrado como nos seres líricos e cúmplices que se multiplicam na depuração dos seus relevos, nos diálogos das aguarelas, na unidade do amor, na ironia e nos paradoxos da condição humana.
A mostra agora apresentada no MAC inclui, entre outras, obras como O Nazareno, Mater Dolorosa, Irmã, Soror Saudade me Chamaste e O Tormento de Cristo e de Sísifo. Nesta exposição, Figueiredo Sobral realiza um velho desejo de ter a sua arte (pintura e escultura) de mãos dadas a alguns dos seus escritores eleitos, das mais diferentes épocas Eça, Camilo, Pessanha, Antero, O'Neill, Bocage, João Rui de Sousa, Natália Correia, Florbela Espanca, Fiama, Alberto Lacerda, Manuel Bandeira, Garrett, Umberto Eco.
No dia 7, mestre Figueiredo Sobral vai ser homenageado no MAC, às 19.00. Hermínia Tojal e Mário Barradas , acompanhados à guitarra, vão dizer poemas alusivos à exposição, nomeadamente poesia do pintor.
...
Na verdade, Mestre Figueiredo Sobral é um buscador incessante de materiais e de formas a fim de dar sentido ao seu universo estético como suporte do discurso moderno.Quer utilizando a sua técnica dos relevos, cultivada desde os anos 60, em massa esculpidas num compromisso entre a pintura e a escultura de inspiração surrealizante ou de um realismo fantástico, ou quer expressando-se nas linhas simples de cores suaves das suas oníricas aguarelas ou materializando o pastel na criação esfíngica da boneca, no seu eterno feminino, ou nas visões cósmicas, Mestre Figueiredo Sobral configura a sua obra de grande qualidade no rigor e procura do surpreendente e do imprevisível. O mesmo labor e criatividade se projectam na escultura que merece um
lugar à parte na sua obra e na história da escultura portuguesa. Com larga actividade em Portugal e no Brasil e noutros trabalhos monumentais, em lugares públicos espalhados pelo mundo, aplaudido pela melhor crítica, é tempo que Mestre Figueiredo Sobral ganhe o lugar
universal que lhe compete.O Movimento Arte Contemporânea (MAC) é o espaço cultural que neste momento, muito se orgulha em o ter presente, com a sua excelente exposição individual "A Pintura e a Escrita”.

Álvaro Lobato de Faria
Director coordenador do MAC

"A PINTURA E A ESCRITA" é o título escolhido para esta exposição de pintura de Figueiredo Sobral, no MAC - Movimento Arte Contemporânea, cumprindo um seu velho sonho de aliar a poesia e os seus escritores de cabeceira à sua arte pictórica e escultórica. Deste modo, nestes 37 quadros povoam ecos de Eça de Queirós , em figuras representativas de uma sociedade de final do século XIX, onde a paixão, o vício e a ociosidade se entrelaçam em obras como A Relíquia, O Crime do Padre Amaro e Os Maias , cujo peso é bem sentido por aqueles que se intitularam a si próprios «Os Vencidos da Vida». Mas ainda dessa época , o pintor é fascinado por Camilo , na ironia da Queda dum Anjo e, por essa personagem de Calisto Elói, o político provinciano, que vai
deixando cair as suas asas brancas à medida da sua ascensão, tal como diria Almeida Garrett no belo poema , com o mesmo nome, que é aqui pintado a espátula e a escárneo. É igualmente tocado pelo lado romântico de Camilo, em Amor de Perdição, nesse trio trágico-amoroso de Simão-Teresa-Mariana ou pela poesia de Flores sem Fruto de Garrett ou dos Sonetos de Bocage. Mas é Antero de Quental , o seu companheiro das noites insones, atormentado entre a fé e a descrença num Deus que sonhou e que é corporizado em quadros como «Ignoto Deo», «Na Mão de Deus», «O Crucificado» e «Mater Dolorosa» ou nesse poema contundente e desesperado de Alberto Lacerda, «Deus é uma blasfémia», que o pintor intitula «Carregando a terrível pedra de Sísifo ….Ehh, humanidade!!». No sentido crítico, mesmo no âmbito do sagrado, estão as suas preocupações sociais que são desmitificadas através da ironia, plasmada em tinta e pincel e ilustrada com poemas de Alexandre O’Neill ou de Manuel Bandeira. Num libelo contra a guerra erguem-se as vozes do poeta medieval João Zorro, ou de Fiama Hasse Pais Brandão. O
seu próprio lirismo de pintor-poeta é assumido em poemas como «A morte de Manolete» e «Histórias com gritos de sevilhanas», encarnando a História Ibérica e ecos de Guernica. Portugal e os seus mitos, D.Sebastião e Marquês de Pombal, ressurgem nas suas telas e na voz de Camões ou na sageza histórica de Latino Coelho. A dimensão filosófica de Umberto Eco ou de João Rui de Sousa é captada na subtileza do relevo e da subversão da forma e da cor.Erguem-se, num cântico de amor, D. Quixote e Dulcineia, celebrando o sonho e a aventura dos eternos amantes. A beleza da mulher e a sua nudez visualizam-se na beleza cristalina da poesia de Camilo Pessanha ou de Adalberto Alves. Natália Correia e Florbela Espanca sugerem o mistério do amor, corporizado pelo pintor na sua forma surrealizante e barroca de se exprimir.E, finalmente, numa homenagem à mulher palestina e ao seu povo, Figueiredo Sobral dá vida ao poema de Mahmoud Darwish,(poeta palestino): «Juro! / Que hei-de fazer um lenço de pestanas / onde gravarei poemas aos teus olhos»É esta a mostra que o Mestre nos tem para oferecer, numa fase difícil da sua vida, em que cada vez mais interioriza a sua visão do mundo, isolando-se para se encontrar a sós com a sua arte, num diálogo que só ele entende, como dádiva miraculosa e perene que os deuses lhe ofertaram.

Elsa Rodrigues dos Santos
Lisboa, 9 de Março de 2005
in
http://www.movartecontemporanea.blogspot.com/

Esta é uma Homenagem prestada pelo Casamarela 5B jornal online ao Pintor Figueiredo Sobral no dia em que a memória de si se vai juntar aos rostos dos seus "sonhados" anjos.
PUBLICADA POR MARIA JOÃO FRANCO EM 8:56 AM ETIQUETAS: NOTÍCIAS

Q U E M S O M O S

A Casa Amarela 5B -Jornal Online surge da vontade de vários artistas, de, num esforço conjunto, trabalharem no sentido de criar uma relação forte com o público e levando a sua actividade ao seu conhecimento através do seu jornal online.
Este grupo de artistas achou por bem dedicar o seu trabalho pintor Nelson Dias, cuja obra terá sido muito pouco divulgada em Portugal, apesar de reconhecido mérito na banda desenhada, a nível nacional e internacional e de várias vezes premiado em bienais de desenho e pintura.
Direcção e coordenação: Maria João Franco.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Pensamentos políticos que me assaltam às Terças...

Há vida para além do facebook.


Torre de Belém, Fortaleza e Ex-Libris de Lisboa (A. 66 X L. 48 cm; gesso; Museu Militar),
Vitória Pereira, 1904

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Obra de Arte – Breves considerações histórico-culturais sobre o valor simbólico, patrimonial e estético da Arte

O sapato de Joana Vasconcelos ( obra de arte patente no Museu Berardo, no CCB, em Lisboa )

É de grande complexidade a definição de uma obra de arte, e não querendo imiscuir-me em alongadas discussões académicas, deixo aqui esta simples enunciação conceptual: uma obra de arte é o produto de qualquer um dos domínios da criação estética ou simbólica do Homem ( literatura, música, teatro, artes plásticas, artes decorativas, sétima arte, arquitectura, etc) .

Desde os tempos mais recônditos da Pré-História, durante o Paleolítico, o Homem inventou maneiras de se exprimir simbolicamente através de pinturas rupestres, ou de pequenas estatuetas, que representavam elementos fundamentais da sobrevivência humana. Já, nesta época, se faziam sentir, pois, as necessidades de expressão artística, não obstante a sua forte ligação com as iminentes necessidades de ordem material. Este relevante instinto humano faz-nos compreender a verdade da afirmação Bíblica: “nem só de pão vive o Homem”…

Numa segunda fase da História da Humanidade, em particular com a Civilização Helénica nasce a dimensão estética da arte associada à humana capacidade de reflexão . Neste período predomina em toda a criação artística um conjunto de cânones (ordem, equilíbrio, proporcionalidade, simetria, estabilidade, etc) que concorrem para uma beleza ideal visando a harmonização do corpo e do espírito. Atingindo-se, deste modo, o clímax do desenvolvimento artístico da Humanidade.

Na época contemporânea, durante o século XX, com a multiplicação dos estilos artísticos, por exemplo na pintura, entrou-se numa dinâmica destrutiva dos antigos cânones clássicos, dando-se primazia à subjectividade criativa. Esta tendência desconstrutivista desembocou na “fabricação” de obras de arte polémicas, e bem provocadoras, da consciência pública. Artistas como José Sobral de Almada Negreiros , em Portugal, ou Salvador Domingo Felipe Jacinto Dalí i Domènech, em Espanha, foram peritos nas polémicas e provocações que lançaram na opinião pública portuguesa e europeia, embora as suas obras-primas tenham fugido destes seus critérios de ruptura canónica.

A inspiração do criador de arte é a essência do trabalho espiritual, pois este é um dos elementos que traduz a qualidade da obra realizada. A invenção de um novo patamar simbólico e/ou, principalmente, estético pode alavancar o artista, ou a sua obra de arte, ao estrelato.

Os bons materiais e as operações mecânicas de precisão manual fazem um artesão, mas não fazem um artista de génio. No entanto, sem a associação airosa, dos conhecimentos técnicos e da inspirada criatividade, a obra de arte parece, muitas vezes, um embuste com que se sentem justamente indignados muitos cidadãos. É, assim, esta magistral síntese, qual centelha do divino, que permite alguns homens criarem obras de arte, embora o “esforço, suor e lágrimas” não permita a muitos outros homens, aprendizes de artistas, ultrapassarem a velha dicotomia entre “corpo e espírito”.

Wim Wenders no seu filme “As Asas do Desejo” (1987) dá-nos conta desta ambivalente emoção: “(…) É fantástico viver espiritualmente. Dia após dia testemunhar para a eternidade o que há de puro, de espiritual nas pessoas, mas gostaria de não pairar eternamente. (…) Não me entusiasmar só com as coisas do espírito (…) Experimentar o que se sente quando se tiram os sapatos debaixo da mesa e se estendem os dedos descalços. (…)”.

Miguel Ângelo di Ludovico Buonarroti Simoni foi um genial artista do Renascimento, porque conseguiu aliar uma apurada técnica, denotando elevado perfeccionismo, com uma expressiva criatividade que se manifesta, de forma bem evidente, na escultura “Pietá”. Irradia, desta obra de arte, uma expressividade emocional que tocou, os seus mecenas e o público em geral, ao longo dos últimos séculos.

Marcel Duchamp foi um escultor francês, muito indolente, do início do século XX, segundo nos contam os estudos mais recentes, oriundo de uma afamada família de artistas, que inventou o conceito artístico de “Ready made” ao imprimir às suas esculturas um arrojo provocador de excentricidade na utilização de objectos de uso comum, sem os trabalhar, nas suas obras. Causou estupefacta sensação a apresentação pública da sua obra simbólica intitulada “A fonte” resultante do reaproveitamento inestético de um urinol.

Joana Vasconcelos é uma jovem e promissora escultora portuguesa que, partindo de uma das premissas do “Ready made” – a utilização de objectos comuns, conseguiu pôr a criatividade ao serviço do seu labor artístico que lhe tem permitido forjar obras com um bafejado sentido simbólico e estético. É disso exemplo, “o sapato” prateado (patente no Museu Berardo do CCB), feito da harmoniosa junção de tachos, que permite à peça compaginar estes inestimáveis valores. Advém daí, o enorme reconhecimento nacional e internacional que está a receber, na actualidade, o seu trabalho com a conquista de Prémios importantes e a venda de algumas das suas peças a montantes exorbitantes.

Para finalizar estas considerações, direi que uma obra de arte tem tanto mais valor patrimonial quanto mais a sua marca histórica nos ensina algo.

Nuno Sotto Mayor Ferrão
Publicado originalmente e com notas acrescidas em 9 de Abril de 2010:
http://www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt/