Infelizmente, tal como já ocorrera com o poeta Rodrigo Emílio, por sobrecarga de trabalho (tenho várias obras a traduzir e a rever a tempo de estarem nas livrarias em Outubro e tenho estado também a finalizar, com o auxílio do professor António Marques Bessa, o lançamento da revista “Finis Mundi” dentro de duas semanas) falhei não só os lançamentos da revista “Nova Águia”, da qual sou colaborador pontual, em que esteve presente António Telmo, como me vi obrigado a não ir ao pré-lançamento da obra “O Portugal de António Telmo” (que chegará em Setembro às livrarias) no passado dia 8 de Agosto, aparentemente o último acto público que contou com a presença do filósofo.
Os primeiros dois livros que li, ainda em tenra idade, não teria eu nem 20 anos, foram “História Secreta de Portugal” e “Horóscopo de Portugal” (ambos reeditados em 1997, o primeiro pela Vega e o segundo pela Guimarães Editora). As suas obras mais recentes, “Congeminações de Um Neopitagórico” e “A Verdade do Amor” (ambas da Zéfiro) aguardam ainda leitura numa pilha de livros que se ergue cada vez mais alto na cabeceira da minha cama… mas a sua hora chegará, acredito, romântica e misticamente, que certos livros nos encontram na hora certa, não somos nós que os encontramos.
António Telmo foi, desde a primeira hora, colaborador da “Nova Águia” e membro do Movimento Internacional Lusófono (recordo a confusão que foi quando apresentei ambos os projectos na Horta, na antiga fábrica da baleia, dada a confusão entre os exercícios militares que a CPLP leva a cabo, confundindo-se a CPLP com o MIL, dois órgãos completamente diferentes, na mente de algum do público presente). Tal como sucede também com Pinharanda Gomes, António Telmo além de colaborador e colega era, e continuará a ser, uma inspiração para todos nós que sonhamos com um Portugal mais justo e elevado.
Partilho convosco a declaração do MIL no dia do seu funeral (22 de Agosto):
“No dia do seu funeral, o MIL: Movimento Internacional Lusófono apresenta aos familiares de António Telmo as suas mais sentidas condolências. Membro do MIL desde a primeira hora, António Telmo foi um dos autores maiores da Filosofia Lusófona. Discípulo de Álvaro Ribeiro, José Marinho e Agostinho da Silva, defendeu sempre o princípio de que “sem autonomia cultural não pode haver autonomia política”. Foi, por isso, de forma coerente e consequente, ainda que de modo muito singular, um patriota. Tal como nós, ele sabia que a autonomia política de todos os países de língua portuguesa só se manterá enquanto se mantiver essa autonomia cultural lusófona. Manter-nos-emos fiéis a esse princípio, assim honrando a memória de António Telmo.”
Tem-nos sido pesada em baixas este ano, a cultura, principalmente as letras, em Portugal tem sido fustigada nos últimos meses, até José Saramago nos deixou, na sétima arte (o cinema) vimos partir António Feio, actor que tantas gerações fez rir e sorrir, haverá arte mais nobre numa época tão cinzenta e pesada como a que testemunhamos?
Espero bem já conseguir debruçar-me, na minha próxima intervenção, acerca dos problemas do quotidiano, os incêndios sazonais que parecem apanhar sempre de surpresa as instituições responsáveis, alguém devia estudar antropologicamente e psicologicamente o estranho fenómeno de amnésia colectiva que faz com que todos os anos surja o mesmo problema nos mesmos moldes, quase nos mesmos locais… sem que se tenham reunido os meios necessários (aéreos principalmente) para o evitar.
Será amnésia? Terão algo a ganhar com isso? Ou, pura e simplesmente e alarmantemente, estão-se completamente nas tintas? Valeria a pena uma análise científica do fenómeno…
Incentivo, 1º título da imprensa faialense
30 de Agosto, 2010.
Sem comentários:
Enviar um comentário