Esta defesa assumida do interesse nacional poderá ser vista por algumas pessoas como uma posição “nacionalista”, mas o Doutor Fernando Nobre já provou não estar refém desse tipo de preconceitos e complexos – e o “Financial Times” bem tentou assustar as almas mais susceptíveis, ao ter acusado o Governo Português de ter tomado uma “atitude colonialista” (?!). Mas era o que mais faltava que os responsáveis políticos de qualquer país, ou candidatos a tal, renunciassem a defender os interesses próprios. Alguém duvida que a Grã-Bretanha não o faz?
Qualquer pessoa lúcida sabe que todos os países, sem excepção, têm interesses específicos. Reconhecer isso e agir em consequência não significa, contudo, assumir uma posição isolacionista. Tomemos este caso por exemplo: o facto de, na matéria em análise, Portugal e Espanha terem interesses divergentes não significa que não tenham interesses convergentes noutros planos, nomeadamente, em muitas questões no âmbito da União Europeia. Esta, aliás, é um excelente exemplo de como os alinhamentos entre os países se alteram naturalmente – numas questões, Portugal tem interesses convergentes com a Espanha e até com outros países do Sul da Europa; noutras questões, a convergência maior será com os países de dimensão equiparável a Portugal, não necessariamente da Europa do Sul…
Isto no espaço europeu. Poderíamos também falar no espaço lusófono – onde, por vezes, mesmo entre os países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), os interesses não são por inteiro convergentes. Isto para não falar à escala global, nomeadamente no âmbito da ONU (Organização das Nações Unidas) – onde, como sabemos, as negociações são sempre, em geral, muito complexas…
Mas tal como as pessoas adultas sabem negociar pacificamente os seus diferendos, também os países adultos podem fazê-lo. Não há nenhum drama nisso.
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