O deputado, eleito pelo círculo de Cabinda e vice-presidente da Comissão Parlamentar de Direitos Humanos, classificou a acção da polícia angolana como traduzindo o "desespero" do regime liderado pelo Presidente José Eduardo dos Santos.
Em causa está a detenção durante três dias do advogado e jurista Félix Sumbo, que trabalha na companhia petrolífera norte-americana Chevron, acusado de crimes contra a segurança de Estado.
"Isso mostra, a meu ver, o desespero deste regime, que sabe que tem um problema a resolver, que é o problema de Cabinda e sabe como resolver o problema, mas não quer a solução", acusou Raul Danda.
"Porque a solução está aí. A solução que nós temos estado a apontar é o diálogo com as populações de Cabinda, para se encontrar uma solução digna", acrescentou.
A detenção de Félix Sumbo ocorreu domingo passado, na sequência de curtas férias em Ponta Negra, na vizinha República do Congo.
Na fronteira, a polícia revistou a bagagem de Félix Sumbo e da mulher e como não encontrou nada que classificasse como ilegal, insistiu em revistar o carro, estacionado do lado angolano da fronteira.
"Não tendo encontrado nada, os agentes da polícia acompanharam-no até à sua viatura e disseram que queriam ver uma camisola" que estaria no interior.
"Isso só prova que eles terão utilizado uns mecanismos quaisquer para verificar o interior do carro", explicou Raul Danda.
"O que é mau. É criminoso", vincou.
A camisola então encontrada tem seis fotos de "destacados activistas de Direitos Humanos, de colegas e irmãos detidos arbitrariamente em Cabinda" na frente e nas costas a expressão "A Verdade nos Libertará", disse Raul Danda à Lusa.
Félix Sumbo foi posto em liberdade na terça-feira e no dia seguinte apresentou-se como requerido no Ministério Público, em Cabinda, onde, segundo Raul Danda, lhe deram a assinar um documento com alegadas declarações suas.
"Foi-lhe apresentado um documento que continha mentiras aberrantes. Um documento que diziam ter sido as suas declarações, segundo as quais nós nos tínhamos deslocado ao Congo para produzir 3 mil camisolas daquelas e aquela era o protótipo", relatou.
Para Raul Danda, a alegação constitui uma aberração: "A amostra fica em Cabinda e nós vamos ao Congo reproduzir as camisolas. Nem nisso tiveram inteligência suficiente".
O deputado Raul Danda enquadra este episódio no quadro do relacionamento do governo central, em Luanda, com os ativistas cabindas: "Está a perseguir sistematicamente a sociedade civil, sobretudo a intelectualidade, com uma vontade de meter toda a gente na cadeia".
Fonte: Notícias Lusófonas
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