Loch Ness, Vitor Vicente, Dezembro de 2009
1.
Se quiseres que eu me perca
buscarei outra ilha.
Esperarei a sombra diante dos olhos,
o milhafre na ravina de crisântemos.
Ao longe, correndo para a primeira luz do dia,
estarei à tua espera,
acenando com a mão esquerda,
avançando sobre o mar.
Não te esqueças,
aprendi um dia como deus nos traz um sono
leve que nos cega.
3.
Sabias ser o augúrio a adivinhação do futuro pelo voo das aves?
Sob a promessa faremos então discorrer as nossas penas?
Acalentarás o adulto milhafre, serpejando a vazante,
ou pretendes me detenha na venerável contemplação do corvo?
Minuciosa é a travessia para o coração sereno, sem lástima;
pois anda e comigo reparte o ofício do condutor de cotovias.
Pelos quintais seguiremos o seu trilho na erva molhada,
também com ele formaremos um cortejo, pobres
aprendizes por chegarem os anos e o que vivemos, um
dia, indiferentes, sem perguntarmos que só isso podia importar.
Rui Coias, A Função do Geógrafo, Quasi Edições, Dezembro de 2000
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