Pelos vistos, a notícia da morte de Espanha estava ligeiramente exagerada. Há quem defenda que é sobretudo pelo carisma que o actual Rei ainda tem: ou seja, quando ele morrer, os dados do jogo poderão mudar substancialmente. Por mais que os “media” incensem o herdeiro, o carisma desta continua muito mirrado. Mas também é verdade que este não teve a “sorte” de apanhar com um golpe de estado…
Tenho para mim que a brecha, a abrir-se, começará na Catalunha. Apesar dos resultados deste “referendo” (sobretudo, mal organizado) e, não obstante, o nacionalismo catalão ter muito de burguês: o que, em tempos de crise, pode dar resultados ambivalentes. Apesar da Catalunha ser uma região particularmente rica, os tempos não convidam à aventura…
O país basco, dada a questão do terrorismo, nunca será a primeira brecha: não há dinheiro que pague o “orgulho”. A Galiza ainda menos – aliás, no debate promovido pelo MIL, as informações prestadas não foram nada animadoras para a causa independentista galega: ao contrário do que acontece na Catalunha e no País Basco, a língua galega está em clara regressão…
Resta saber se a desintegração de Espanha seria boa para Portugal. Aqui, como em tudo, as doutrinas dividem-se. Dada a lógica pendular da histórica (movimentos centrífugos/ centrípetos), é de especular que a essa eventual desagregação sucedesse um fenómeno reintegracionista à escala ibérica. E aí o fantasma da “união ibérica” – uma coisa aparentemente ultrapassada e, na actual situação, por inteiro irrealizável (por mais que o Saramago deseje o contrário) – poderia ser algo bem real…
É caso para dizer ao Rei: Queres a “união ibérica”? Morre primeiro! Desconfio que ele não aceitará o repto. Já não há Reis que morram pela sua Pátria. Apenas alguns Soldados…
P.S.: A este (des)propósito, tem havido revelações interessantes sobre o quão próximo esteve a Espanha de invadir Portugal no contexto da II Guerra (voltaremos a isso).
2 comentários:
Bem, eles não viram como um revés, mas como uma grande vitória, já que mais de 94% disseram que sim. Estão pensando em fazer um referendo vinculativo em breve... Acho difícil interpretar as abstenções...Vamos ver no que dá...
A Espanha, tal como a conhecemos estã a dar as últimas. O referendo na Catalunha é mais um sinal de muitos outros. Zapatero e não O Rei têm essa consciência e a prová-lo o facto do Governo espanhol não ter aprovado aquele que seria o precedente Kosovo.Depois do Kosovo, o País Basco, a Galiza, a Catalunha e outros poderão declarar unilateralmente a independência. Entretanto e mais uma vez revelando a inexistência de uma estratégia nacional os nossos governantes falam em Regionalização... esse é neste momento para os portugueses o grande perigo de virmos a ser pulverizados na impulsão da Espanha.
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