Vhils e Pauline Foessel são os curadores da exposição de artes visuais enquadrada no Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que se inaugura a 8 de Julho. O programa do evento revela uma mostra de fôlego com grande enfoque nas artes visuais e de rua, de 27 artistas emergentes e consagrados dos oito países lusófonos, assim como de Macau, Hong Kong e China continental.
O artista urbano Alexandre Farto, que assina as suas obras com o nome Vhils, e Pauline Foessel, directora da Galeria Underdogs, em Lisboa, são os curadores da exposição de arte integrada no Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa, organizado pelo Instituto Cultural da RAEM. O trabalho de 27 artistas dos oito países de língua portuguesa, de Macau, Hong Kong e China continental, vai ser apresentado entre 8 de Julho e 9 de Setembro de 2018, em espaços de exposição espalhados pela cidade. O programa do evento revela uma mostra de fôlego com grande enfoque nas artes visuais e urbana, dividida por seis exposições, incluindo instalações de arte de rua, que exploram as dimensões do conceito de “Alter Ego”.
“O conceito da exposição é criar um diálogo entre a China e os países de língua portuguesa, para mostrar que há muitas diferenças, mas muitas semelhanças também”, explicou ao Ponto Final Pauline Foessel, a partir de Lisboa.
O diálogo faz-se entre artistas já bem estabelecidos na cena artística internacional, como o moçambicano Gonçalo Mabunda, que já expôs um pouco por todo o mundo as suas esculturas feitas a partir de desperdícios de armamento militar, o português Vhils ou o chinês Zhang Dali, e artistas emergentes, como a portuguesa Wasted Rita e o brasileiro Guilherme Gafi.
“Penso que é um diálogo muito interessante entre os artistas, sobre tópicos que os preocupam, de certa forma, somos todos seres-humanos, temos que interagir uns com os outros, todos temos linguagens, choques culturais, a globalização afecta-nos, todos os artistas vêm de lugares muito diferentes, mas partilham as mesmas preocupações. Essa foi a ideia desde o início, criar um diálogo entre artistas chineses, macaenses, de Hong Kong, e países de língua portuguesa”, salientou a curadora.
Conhecer-me a mim, para poder conhecer o outro
Cada uma das seis exposições, dentro do tema central ‘Alter Ego’, funciona como um conceito independente, reunindo as obras e perspectivas de artistas diferentes, adiciona a directora da plataforma de arte fundada por Alexandre Farto.
A primeira exposição, “The Self”, “explora a consciência do eu e o seu papel na nossa capacidade de interagir com o que nos rodeia, preciso de me conhecer a mim para poder conhecer o outro”, explicou a curadora. Nesta exposição, programada para o Museu de Macau, as instalações da dupla de Macau, João Ó e Rita Machado, vão conviver em termos de conceito com os diários fotográficos do são-tomense Herberto Smith, as estruturas em papel do chinês Li Hongbo, as fotografias de interiores e detalhes do quotidiano do moçambicano Mauro Pinto, a instalação de luz de Vhils ou os retratos íntimos do director de fotografia de Hong Kong Wing Shya.
A segunda exposição, “The Other” (“O Outro”), expressa “como precisamos do outro para existir e como isso impacta a maneira como vemos e nos percebemos a nós mesmos”. Nesta sequência, no Edifício do Antigo Tribunal, cruza-se o trabalho de auto-retrato do guineense Abdel Queta Tavares, as esculturas em papel da artista de Macau Ann Hoi, e o trabalho do artista urbano cabo-verdiano Fidel Évora (1984). Nesta secção, destaca-se também a obra do trio de artistas que chega de Timor-Leste, Tony Amaral e Xisto Soares, timorenses que trabalham em diálogo com o português Ricardo Gritto. A sequência completa-se com o trabalho de intervenção urbana do consagrado artista chinês Zhang Dali, e do pintor Yiu Chi Leung, de Hong Kong.
Somos diferentes, mas fundamentalmente o mesmo
A terceira parte da série, “From Language to Travel”, centra-se “na comunicação e nas experiências imersivas das viagens, explorando a ideia das linguagens mutuamente compreendidas, orais, visuais ou outras, que permitem estabelecer relacionamentos e, daí, o interesse pela viagem para conhecer a cultura do outro”. Esta secção, instalada na galeria do Tap Seac, é preenchida pelas obras de instalação do brasileiro Marcelo Cidade e de colagem do angolano Yonamine.
A quarta parte, “Culture Clash”, ou “Choque Cultural”, gira em torno do contraste entre a falta de comunicação e as barreiras criadas por diferentes origens e experiências culturais. Vai juntar o moçambicano Gonçalo Mabunda, os angolanos Kiluanji Kia Henda e Nastio e o português Miguel Januário.
A quinta exposição, “Globalização”, amplia o espectro de análise, “analisando o conceito de interacção entre pessoas e entidades maiores e os intercâmbios que ocorrem num mundo cada vez mais interligado”. Nas Casas da Taipa vão estar representados os trabalhos da portuguesa Wasted Rita e do brasileiro Guilherme Gafi.
A parte final da sequência, “Alter Ego”, conclui o processo com uma incursão no entendimento de que, embora todos pareçamos diferentes, também somos todos fundamentalmente o mesmo. Francisco Vidal, nascido em Portugal, mas que tem Angola como tema de trabalho, é o artista em destaque nesta secção.
A exposição completa-se com as instalações urbanas em bambu de João Ó e Rita Machado e do português Add Fuel, conhecido pelo trabalho de arte pública com inspiração no azulejo. Cláudia Aranda – Macau in “Ponto Final”
1 comentário:
gostei muito !
assim deveria ser a lusofonia :)
dar voz e espaço a todos para que a cultura beneficie da amizade dos povos, e seja exposta lado a lado:)
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