*É um Lusófono com L grande? Então adira ao MIL: vamos criar a Comunidade Lusófona!*

MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da nossa sociedade civil, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia. Defendemos o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
SEDE: Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa)
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NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI

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Desde 2008"a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".

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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Declínio anglo-saxão? Alternativa Lusófona?, por Artur Alonso


Olhando para os últimos acontecimentos, que estão a desenvolver-se no plano politico internacional, não nos parece tão evidente que a cacarejada decadência ocidental esteja a produzirem-se em estes precisos momentos.  Vemos que Ocidente toma a iniciativa em todos os campos, mesmo no econômico (a pesar da queda de 2008) e, também no comercial, onde depois duma década por trás da China está de novo a ganhar espaço, com a pressão continua para assinatura de tratados de livre comercio – em todas as áreas geográficas do planeta. Precisamente um tratado deste tipo vai atar definitivamente a Europa ao poder anglo-saxão – impondo no velho continente o modelo econômico predominante nas ilhas britânicas e os EUA; em detrimento do já falecido estado de bem-estar. As cúpulas europeias levam anos sendo ocupadas por pessoalidades – de diferentes partidos – todas elas cumplices da instauração do modelo neoliberal, aplicado lentamente desde finais dos anos oitenta.

Anders Fogh Rasmussen é um bom exemplo disto. O dinamarquês – ex-secretário geral da NATO – tem escrito livros tão sugestivos como: “Do Estado social ao Estado mínimo”, “Amor pelo trabalho e bem-estar: uma mistura impossível?” Textos onde defende com veemência a desregulação, a privatização e diminuição do tamanho do estado.

No nível estratégico a capacidade do Império Ocidental de dividir e enfraquecer possíveis competidores, assim como sua flexibilidade para adaptar-se e antecipar-se a novos cenários e  novas situações, faz quase impossível argumentar que, este, está em declínio ou perdendo força sobre o térreo. 

Historicamente o poder anglo-saxão foi capaz de derrubar ao poderoso Império Espanhol, enfraquecer e domar a poderosa França napoleônica, derrotar ao temível poder alemão do Kaiser e Hitler... e agora parece ser a vez da Rússia – algo que ainda está por ver se, nos próximos anos, concretiza... 

Trás o desastre do Afeganistão, o Império Ocidental foi capaz de domar e dominar de novo o Meio Oriente – uma região imprescindível, por ser o núcleo da produção energética e o nexo das rotas não só de transporte da energia, senão das rotas terrestres que conduz aos grandes mercados emergentes asiáticos, da China – Índia, e a sempre frágil estabilidade do Paquistão.  Uma das habilidades, pois do domínio anglo-saxão tem a ver com isto: sua capacidade de remover no campo estratégico – mediante o uso adequado da inteligência militar, em beneficio próprio, muitas das derrotas sofridas no campo de batalha.

 A grande aliança forjada com a Fraternidade Muçulmana permitiu laços políticos ao Império Ocidental, por todo oriente próximo: a primavera árabe foi alvo quente da realização desse plano. Últimos resíduos da guerra fria como o Egito de Mubarak, a Líbia de Ghadafi (porta de entrada a África Central) ou Tunísia, foram entregues as mãos da Fraternidade – Turquia já tinha sido apanhada nas garras da Irmandade, depois de conseguir debilitar a resistência militar e civil – troncado, aos poucos a laicidade implantada pelo pai da pátria, Mustafa Kemal Ataturk, a princípios do século passado, pelo “islamismo moderado” de Recep Tayyip Erdogan. Todo este plano perfeito topou de focinhos contra a parede Síria – onde a Rússia, o Irão e Hezbollah se implicaram a consciência. 

O Qatar tem sido o grande padrinho desta posta em cena. A Arábia Saudita não deve ter gostado ficar fora da primeira linha – e quebrando a unidade de ação jihadista na Síria, tem formatado o campo batalha num novo cenário muito mais perigoso – onde o Exercito Islâmico,– tomou a determinação de quebrar com a organização base – e esticar suas ações primeiramente a Síria, para depois sonhar com a materialização dum califado, que unifique a nação árabe sunita – em torno do seu líder espiritual: o califa Ibrahim.  Na atualidade ainda não sabemos se este delírio esconde algum planejamento oculto – ou simplesmente o EI, também decidiu morder a mão dos seus financiadores e tentar uma louca aventura, fora de toda dependência.

A pesar das dificuldades sobre o térreo, o Império Ocidental ainda pode encabeçar uma nova coligação internacional, que a através de contínuos bombardeamentos e mesmo uma possível intervenção terrestre, pode ter a capacidade de reduzir o EI, ao território iraquiano previamente acordado, sem a necessidade de chegar a nenhum tipo de acordo incomodo com o Irão, pelo momento. Sem renunciar na longa a seguir criando desequilíbrios profundos perto ou mesmo dentro das fronteiras dos seus mais iminentes rivais: China, Índia e Rússia. Se a isto engadimos a ultima resolução da NATO, que na pratica vai cercar Rússia de tropas de intervenção rápida, podemos chegar à conclusão não precipitada de que o Ocidente leva a iniciativa – e de momento a Rússia joga a defender-se e a China a relentar o acosso. O petróleo o gás do meio oriente segue – direta ou indiretamente – baixo controlo ocidental.

Também não podemos duvidar que o Império Ocidental mantem a superioridade, tanto da inovação a nível cientifico tecnológico, quanto cultural. Dentro do seu seio se desenvolvem os centros Acadêmicos e Universitários de mais prestigio a nível internacional. Além disso, ele marca os paradigmas que vigoram em estes campos a nível planetário. Possui a sua vez os maiores centros de produção e o controlo da distribuição mundial de produtos culturais e desportivos...  

A decadência vamos então tentar procura-la na situação econômica, que partir da crise de 2007 e o estourado da bolha de 2008, quebrou para sempre a supremacia financeira ocidental.

O modelo econômico de domínio Ocidental – está agora baseado no controlo e vassalagem através da divida perpetua – que emanando desde os centros financeiros do norte – Londres e Walt Street – tem irrigado todas as economias, não emancipas, ao sul (tanto num hemisfério como em outro). Na realidade esta engenhoca consiste na absorção do patrimônio e riqueza do pelo norte de todos os recursos e patrimônio a nível global. No que atinge a população, o sistema é extremadamente injusto: submete a maior parte da população ao empobrecimento, paro e escravidão encoberta pela ilusão de votar “nossos representantes” cada certo período de anos.

Na atualidade tanto as politicas de ampliação de gasto publico como as de austeridade – estas ultimas a serem aplicadas na Europa – visam favorecer os interesses dos grandes inversores e o cobro dos substanciosos juros que a divida permanente gera. Na Europa a criação do BCE – como nos EEUU, a mais velha criação do FED – foi o modo automático de derivar o poder real do antigo Estado – Nação às mãos das Grandes Fortunas Financeiras; deixando aos políticos as migalhas duma gestão, ordenada desde o eufemístico “mercado”. Ao impedirem os Estados de financiar-se diretamente no BCE – os banqueiros do Norte da Europa asseguraram sua supremacia sobre estes. Os banqueiros do sul do continente podem exercer a coerção sobre seus respeitosos Estados, ao terem no seu poder a fantástica alavanca de expandir ou contrair o credito.

Mas todo este edifício econômico baseado na dívida perpetua parece ter atingido seu limite. A astronômica dívida acumulada a nível planetário – é em toda logica irrecuperável na sua totalidade. A sustentabilidade do sistema a nível global se torna cada vez mais impossível. A mudança de arquitetura é inevitável. Daí deriva o grave problema de confronto pela hegemonia global: se mudássemos hoje toda esta arquitetura, com, por exemplo, uma quita sobre toda a divida – e o encaixe em uma nova moeda de referencia internacional, não por acaso denominada pelos franceses como “global”; teríamos de contar com os emergentes do grupo BRICS, para levar este plano à frente. China teria um poder de decisão muito grande havida conta do peso econômico e do poder de coação financeiro que desenvolve em este campo. Baste lembrar a alavanca de fardo de dívida Norte-Americana que os chineses possuem. Conter, pois Rússia e isolar China parece ser então uma primeira fase, dum plano mais amplo, que permita ao Ocidente desgastar ambos concorrentes – com o objetivo final de poder comandar a mudança na arquitetura politico – econômica, em cernes.

A guerra na Ucrânia – que permite alargar e afiançar ainda mais a NATO sobre a fronteira Russa, assim como a crise no Meio Oriente – e mesmo a possível virada do Irão dos Aiatolás, da etapa anti-imperialista de Ahmadinejad à nova etapa de maior aproximação com o Ocidente do aiatolá Rohani; tem muito a ver com estas evidencias. No entanto os movimentos dentro do Irão parecem ser sempre precários; e o líder supremo iraniano aiatolá Ali Khamenei, bem já de criticar alguns aspectos desta estratégia. Também as reações chinesas ao problema uigur ou do Hong-Kong, tem a ver muito com esta perspectiva de confronto e concorrência no plano internacional.

Esta batalha pela hegemonia se nos antolha longa e muito desgastante para ambos os lados. A pior hipótese de confronto direto trazer-ia uma destruição a humanidade, duma magnitude, nunca vista. No entanto o arsenal atômico tem exercido ate o de agora uma efetiva ação dissuasória.

Eis aqui onde nos vemos o ponto de inflexão e declínio do poder ocidental. O desgaste profundo que vai ter de sofrer – nos próximos decênios para controlar, dominar ou ultrapassar o poder Chinês e mesmo Russo, afetará profundamente a estrutura e inclusive os piares sobre os que se sustenta o Império dominante; impossibilitando-o de comandar a restruturação do sistema politico e econômico a nível global (mesmo conseguindo a derrota russa – chinesa).

Dai podemos inferir que o desloque hegemônico futuro, se nos aproxima mais certeiro virado para o Atlântico Sul que para o Pacifico, e muito menos para a Euro-Ásia. Dentro do Atlântico Sul só vemos a possibilidade de um país como o Brasil garantir esse novo comando. Para isso será preciso em estes tempos de confronto, o Brasil ter a capacidade de criar  um anel alternativo de poder (centrado num primeiro momento na América do Sul). 

Afiançar esse poder alternativo dentro do Sul do continente deve ser o plano geoestratégico de todos os poderes do estado, assim como de todas as tendências politicas. Para criar tal anel de poder faz-se evidente a realização conjunta duma alternativa político-econômica ao anel de poder ocidental (com a suficiente habilidade para não criar tensões ou colidir com o anel de poder vigente a nível global). E requerida, pois uma experta diplomacia e capacidade de acordo, da qual o Brasil dispõe em este período.

O único modelo alternativo, ajeitado às circunstancias atuais, que permita a convivência – tanto com o bloco ocidental quanto com a diversidade emergente – é aquele que possa confraternizar no seu seio, interesses privados e públicos, preservando o patrimônio comum sem pôr travas a livre expressão da iniciativa privada. Modelo no qual o Estado exerça de moderador e ponte entre capital e trabalho – a imitação do velho esquema europeu de Estado Providencia; que aparenta o mais adequado ao caso. Manter o controlo do Banco Central – evitando uma “Independência”, que na pratica se traduza no controlo das finanças do país por parte uma pequena elite bancaria – é vital para transitar, em face dum planejamento de maior conexão administrativa e justiça social. Afiançar Mercosul e Unasul – evitando a permissão de Tratados de Livre Comercio diretos, a subscrever pelos membros, com terceiros países – se faz necessário para evitar o declínio da Integração Sul Americana , e a perda de centralidade do poder brasileiro no continente.

Ao mesmo tempo, o Brasil terá de ir atraindo e formando capital tanto humano como espiritual, de grande valia, para permitir a transação em face de um novo paradigma global, que retire a humanidade do Ter (ânsia de possuir), aproximando-a do SER (ânsia de evoluir). E assim poder continuar a iniciada etapa de aproximação entre ciência e espiritualidade, que vai trazer consigo uma mudança global da psique humana a nível planetário. Recuperar a visão de Giordano Bruno – antecessor de Galileu, Nicola Tesla ou o mesmo Allain Kardec (da parte Ocidental), assim como Sri. Aurobindo, Ramana Maharsi, Rumi ou Pabongka Rinpoché (da parte Oriental), misturados com a nova visão quântica – puderam dar passo a criar uma porta, por onde dar a luz um novo paradigma, que em próximas décadas terá de guiar a humanidade, ate um despertar maior – longe do ego e mais perto do nosso natural ser.

Uma etapa que terá que trocar a confrontação pela confraternização. No aspecto simbólico podemos afirmar que vamos transitar da “era da  procura da liberdade” e a tentativa de emancipação falida (simbolizada pela estatua da Liberdade) – para a “era de confraternização” desenvolvida através da superação da luta entre contrários, e a superação da visão do outro como concorrente. Modificando a terrível vivencia do ser humano dentro do mundo da guerra – pela mais ampla visão do outro, como completo de nós mesmos. Visão da cooperação e respeito das diferenças. Confraternização (simbolizada pela estatua do Cristo R    edentor) baseada nos braços abertos para reconciliar opostos, na aprendizagem mutua do espelho contrario, que nos mostra a outra parte oculta de nós mesmos.

Se a arquitetura do domínio ocidental atual esta sustentada em três pés ou piares, cujo centro é EUA, e suas assas a União Europeia e o Japão – Coreia do Sul, no Oriente. O próximo domínio lusófono terá como centro Brasília, e suas assas estarão compostas pelo Sul da África, onde Angola e Moçambique terão protagonismo certo; assim como no Oriente a Índia e Oceania – onde o pequeno Timor Leste, pode exercer um papel de relevo, se assim acreditar nele.

 Tanto a Galiza como Portugal, deverão formar parte da estratégia de translação hegemônica desde o Atlântico Norte ao Sul – sendo as verdadeiras plataformas lusófonas, para conseguir essa viragem, através da relação profunda com os países lusófonos do sul do atlântico e a Oceania.

É acreditando em este sonho – já alumiado pelos ilustres prof. Agostinho da Silva e Aparecido de Oliveira – que os ativistas lusófonos podemos achegar num futuro uma solução a desenvolvimento de uma nova humanidade, mais consciente (tanto da sua potencialidade como dos seus deveres e limites), mais equitativa, igualitária e ecológica.

1 comentário:

João Paulo Barros disse...

Os EUA estão lidando com a situação de forma equivocada. Washington D.C. devia tolerar a ascensão dos BRICS e continuar sendo uma das grandes potências globais, assim como a UE. O mundo não precisa ser unipolar e nem bipolar. O mundo pode ser multipolar. Pois, para efeito de competitividade, os EUA são uma das nações que levam vantagem por ter tradição em alta tecnologia.

O Brasil também tem que ter cuidado e não se alinhar demais ao lado da Rússia e da China. O Brasil deve se empenhar para se relacionar bem com todos os lados. Já em relação à CPLP, aí sim o Brasil tem que se alinhar, pois a CPLP proporciona a todos os membros uma ótima estrutura comercial com os outros continentes.
Sobre os BRICS e o Ocidente, o Brasil deve tentar ser neutro politicamente e economicamente explorar a rivalidade entre eles ao eu próprio favor.