Publicado no jornal O Sul Nº 15, 2011/4
Não foram PS e o PS (Pinto de Sousa e o Partido Socialista) quem criaram o «Acordo Ortográfico». Mas, porque só eles é que decidiram decisivamente (tentar) aplicá-lo e impô-lo, a «coisa» passou a ser inteiramente deles. Assim, não é incorrecto dizer que escrever «atual», «batismo», «carater», «direto» e «espetador»... é escrever não em português mas sim em «socretinês».
Desde o início deste ano de 2011 que o AO está, cada vez mais, a tirar letras às palavras tal como o Governo está, cada vez mais, a tirar euros às pessoas – nas remunerações e pelos impostos. É pois a ideal «banda», não «sonora» mas «gráfica», destes tempos de falência, crise e recessão causados pela incompetência e pela irresponsabilidade dos que estão no poder há seis anos. O AO representa um empobrecimento na ortografia e na língua que reflecte o empobrecimento na economia e na sociedade.
O «socretinês», no que tem de aberrante, anormal, desviante, está em consonância com as circunstâncias: de a sua «figura tutelar» falar regularmente em «portunhol» e numa espécie estranha de «inglês técnico» em que «Médio Oriente» se torna «Midwest»; e de estar envolvida ou implicada em «casos» como o da «licenciatura ao domingo», o dos lixos da Cova da Beira, as moradias na Guarda, o apartamento em Lisboa, o Freeport, o «Face Oculta», o «PT-Taguspark-TVI» e todas as respectivas escutas.
Mais ainda. O «socretinês», no que tem de aberrante, anormal, desviante, está em consonância com a circunstância de a sua «figura tutelar» ter promovido ou permitido: a «transformação» do Algarve em «ALLgarve»; a prioridade «Espanha, Espanha, Espanha» através da (tentativa de) construção do TGV para Madrid, da desertificação do interior com o aumento do IVA e o fecho de equipamentos sociais (escolas, centros de saúde, maternidades), e da candidatura «ibérica» à organização do Campeonato do Mundo de Futebol de 2016 que elogiava o «homo ibericus» e em que a única língua oficial era o castelhano; a adesão ao «Acordo de Londres» no âmbito da Convenção (de Munique) da Patente Europeia, e que implica a substituição quase integral do português pelo inglês na validação, em Portugal, do registo de patentes – uma decisão que vai contra a promoção internacional da língua portuguesa que o AO alegadamente possibilita.
Não deixa de ser irónico, e significativo, que o actual (des)governo de Portugal peça ajuda preferencial a países onde a democracia não está consolidada ou nem sequer existe, e não ao Fundo Monetário Internacional ou ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira, em que predominam as nações onde os direitos humanos são respeitados... e onde não se tiraram, por caprichos contra-natura de excêntricos pervertidos, os «c» e os «p» a muitas das suas palavras, porque nessas nações impera a certeza de que a língua, por ser o factor principal da identidade nacional, é também um dos suportes fundamentais da independência nacional. E onde nem uma nem outra são levianamente postas em causa por quem verdadeiramente preza a dignidade da sua pátria.
Mais tarde ou mais cedo, a bem ou a mal, de uma maneira ou de outra, o «socretinismo» será inevitavelmente derrubado. E, depois de isso acontecer, não haverá qualquer motivo para que subsista, como mais uma das suas «heranças» hediondas, o escrevinhar esquisito que tão bem o simboliza.
3 comentários:
Proponho mesmo um movimento chamado "Fuga ao Sócrates", em vez de "fuga aos Impostos". Nele se juntariam todos aqueles que dele querem fugir. Como? Votando em todos os partidos menos no dele e a ele se juntaria também o maior partido de todos do qual ninguém fala: o NV (Não Voto!). Sim, votar em tudo ou votar em branco é o lema deste novo movimento que já nasceu!
Cynthia Guimarães Taveira
Quem dera a Sócrates ter essa prerrogativa! Demorou muito tempo a aplicar o acordo ortográfico, cheiinho de medo...
esta conversa não faz qualquer sentido. ia inscrever-me, mas já não vou
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