A falta de investimento na promoção do português, particularmente na formação de professores e em manuais escolares, está a prejudicar a posição da língua entre as mais faladas do mundo, segundo Joseph Levi, da universidade norte-americana de George Washington.
“A língua portuguesa, que é a quinta mais falada no mundo e a terceira indo-europeia mais falada, deveria ter um estatuto mais importante”, disse à Lusa o professor norte-americano, à margem da Conferência sobre o Ensino do Português e Culturas Lusófonas, que decorreu sexta feira em Fall River, nordeste dos Estados Unidos.
Levi está actualmente envolvido num levantamento sobre a prioridade dada pelos governos à difusão das principais línguas, no atual contexto político.
“Outras línguas de regiões do mundo onde há mais interesse político e económico podem ser mais vistas como prioridade, apesar de não ter número muito elevado de falantes”, caso do mundo árabe, afirma.
“Sinto-me português, e Portugal infelizmente nunca investiu, talvez por ser um povo humilde, o que é positivo. Mas nunca impulsionou a própria cultura e os acontecimentos importantíssimos que fez – o primeiro país a globalizar o mundo”, afirma.
“Deveria fazer mais propaganda e dizer o que são – são um povo maravilhoso, apesar de ser pequenino, mas com uma cultura riquíssima”, adiantou à Lusa.
Na conferência da Fall River foram vários os professores de português no estrangeiro que lamentaram a falta de investimento das autoridades na promoção da língua.
Enquanto uns apontaram o dedo ao Governo de Lisboa, outros defenderam que é a comunidade local que tem de fazer mais para que a língua de imponha, nomeadamente junto das autoridades escolares norte-americanas.
Quase todos concordaram que a atual estrutura de ensino da língua portuguesa é insuficiente, numa altura em que há sinais de um crescimento do interesse na aprendizagem da língua, muito graças aos laços culturais e económicos com o Brasil e com a África lusófona.
Para Joseph Levi, “o mundo está interessado em aprender o português”.
“Deveríamos investir mais na formação de professores, em manuais escolares, porque a China e Governo Federal dos Estados Unidos estão interessados em formar professores e pessoas, sobretudo na vertente europeia, falada em Portugal, África, Macau e Timor-Leste”, sublinha.
“Faltam os meios e interesse em investir. Infelizmente há uma política não muito focalizada de prioridades”, critica Levi.
A conferência de Fall River integrou-se nas celebrações dos 100 anos do ensino do português na América do Norte.
A organização coube à Universidade dos Açores e Instituto Mundial da Língua Portuguesa, da Universidade de Lesley.
O evento marcou o centenário do início do ensino oficial do português nos Estados Unidos, em 1910 na Escola do Espírito Santo, Massachussetts.
Fonte: Destak/Lusa
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