A expressão foi consagrada por Mário Soares mas já antes era a aspiração de todos os Presidentes da República: ser “o Presidente de todos os Portugueses”. Essa aspiração é, decerto, de muito difícil concretização – mas não é impossível. Depende, desde logo, do perfil do candidato vencedor, do seu programa, bem como da base de apoio da sua candidatura.
Nestas eleições, dos três candidatos com reais hipóteses de vencer – Manuel Alegre, Cavaco Silva e Fernando Nobre –, só Fernando Nobre pode realmente vir a ser “o Presidente de todos os Portugueses”. Ao contrário de Manuel Alegre – que apostou, de forma expressa, na constituição de uma “frente de esquerda” – e de Cavaco Silva – que apostará, ainda que de forma meramente tácita, na constituição de uma “frente de direita” – Fernando Nobre mantém-se firme na sua posição: supra-partidária, desde logo – nunca é demais repetir que ele é o único candidato realmente supra-partidário –, e, mais do que isso, para além dos sectarismos ideológicos que tudo pretendem reduzir à clivagem esquerda(s)-direita(s). Não que essa clivagem não exista – ela existe, apesar de ser, pela sua complexidade, irredutível a essa visão dicotómica-maniqueísta. No entanto, quem quer ser realmente “o Presidente de todos os Portugueses” não pode fazer dela o fulcro da sua candidatura. Sob pena de nunca poder vir a sê-lo…
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