Fui representando a Câmara Baiana do Livro,mas,iria de qualquer jeito,mesmo recém – chegada da Bienal de Minas,pois os temas eram importantíssimos e a equipe,excelente.
Sem contar que lá estava o José Eduardo Agualusa,escritor angolano de boa cepa que eu sempre quis conhecer.
Os temas foram variados; tratou-se desde as capas e traduções dos livros do autor,espalhadas pelo mundo todo,até suas preferências políticas,seus personagens inesquecíveis,como Dona Flor e Quincas Berro D’água,o sincretismo da sua obra e até o comentado “aburguesamento” do escritor, desde a revolução de 64.
Tive a sorte de conhecer o Jorge e a Zélia , através de um amigo comum,Mirabeau Sampaio,mas,- helás- nunca ficamos íntimos,primeiro e sobretudo pela minha natural timidez que me impedia de me achegar aos famosos,pois sei,como a abordagem é antipática.Aliás,uma atitude que era do próprio Jorge,também.
Relendo páginas do seu livro auto-biográfico “Navegação de Cabotagem”,encontro textos que bem definem o escritor e o homem,ambos coerentes um com o outro.
Selecionei este:
“Os intelectuais da elite brasileira,os de esquerda e os de direita,irmãos gêmeos na pretensão e na tolice,uns quantos imitam os europeus,a maioria é fotocópia dos ianques,de brasileiros não têm quase nada;mesmo livresco e limitado,o saber os coloca acima da cidadania,sentem-se superiores,repudiam a criação popular,viram a cara,tapam o nariz á rua,á praça,ao folclore,o povo fede e eles são uns senhoritos.”
Descobriram agora,meus leitores porque o Jorge nunca pertenceu à Academia Brasileira de Letras?
A Academia odeia escritores que vendem livros ,acha que os campeões de venda são escritores “menores”,de segunda, e prefere apoiar os “mestres e doutores”,que escrevem em academês e o povo não entende nem lhes compra os livros.
Agora , até que mudou um pouco seu conceito,mas,a meu ver,para pior,pois o fardão é vestido por “globais” , e autores de obras menores e pouco importantes,tais como coletânea de frases e assuntos musicais,ou biografias escandalosas.
Jorge Amado , Darcy Ribeiro,claro,não teriam vez.Nem esta escriba que escreve essas mal – traçadas,sempre em linguagem popular,mas,que,pelo menos,vende livros.
Existem escritores brasileiros que amam a brasilidade, como Antonio Torres , Antonio Cândido, o quase esquecido Adonias Filho,criadores da cultura mestiça do Brasil com S e existem os outros, que repetem de oitiva o discurso importado e bestialógico,como diz Jorge.
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