A seguir ao congresso de 4 de Março, os democráticos estabeleceram uma junta revolucionária constituída por José de Freitas Ribeiro (Marinha), Norton de Matos, Álvaro de Castro e Sá Cardoso (Exército) e António Maria da Silva(Maçonaria e Carbonária) para preparar o golpe contra o governo de Pimenta de Castro. Este golpe deveria ser em tudo idêntico ao 5 de Outubro e apoiava-se na Marinha (o Ramo mais favorável aos democráticos) e nas violentas organizações civis (Carbonária e Formiga Branca), uma vez que os apoios do exército eram reduzidos ou de pouca confiança.
No dia 14 de Maio, a Marinha, Guarda-fiscal, uma parte da Guarda Republicana e 15000 civis armados enquadrados pela Carbonária e formiga branca revoltam-se e ocupam o arsenal da Marinha, onde se apoderam de um grande número de armas. Estas são distribuídas pelos civis. A reacção das tropas fiéis ao governo é tímida e apenas eficaz no primeiro dia. Infantaria 16 ainda cerca o arsenal da Marinha, mas é violentamente bombardeado pelos navios da armada. Artilharia tenta ainda bombardear os navios, mas estes ripostam e arrasam o alto de Santa Catarina. Ao todo crê-se que a revolta de 14 de Maio provocou entre 200 a 500 mortos e mais de 1000 feridos, até hoje, o 14 de Maio foi a mais violenta revolta que sucedeu em Portugal.
No entanto a maioria dos mortos não ocorreu com os bombardeamentos navais do dia 14, mas sim com as perseguições e ajustes de contas da Carbonária e Formiga Branca. Entre 14 e 17 de Maio não existiu lei na cidade de Lisboa, o que deu mão livre à Carbonária e à Formiga Branca para realizarem razias, pilhagens e assassinatos dos seus inimigos (mais de 20 policias e vários cadetes da escola de guerra foram sumariamente executados). Tal violência motivou o envio de esquadras de França, Espanha e Inglaterra, e foi apenas a sua presença que acalmou os ânimos e obrigou as novas autoridades a restabelecerem a ordem.
Sobre a actuação da Formiga Branca, Afonso Costa tece-lhe um profundo elogio nas Páginas do Jornal “O Mundo” –
"A verdade é que a Formiga Branca, como associação ou instituição revolucionária, não existe. A chamada Formiga Branca é apenas o povo que ama a republica, hoje como em 5 de Outubro, e que, por muito a amar, zelosamente a vigia e a defende. O partido republicano português não tem que enjeitar essa formiga branca, porque o partido republicano português tem de ser, e é, um partido popular, no exacto sentido do termo."
Fonte: Cartas Portuguesas
Sem comentários:
Enviar um comentário