A UNESCO consagrou o dia 18 de Abril ao "Dia Internacional dos Monumentos e Sítios", elegendo, para 2010, o património associado à actividade agrícola. Neste sentido, o IGESPAR - Instituto de Gestão do Património Arquitectónico - procurando sensibilizar para este universo patrimonial, lançou o tema "Património Rural / Paisagens Culturais".
Pelas 14h30 do próximo Domingo (dia 18), na Casa-Museu Ferreira de Castro, em Ossela, Oliveira de Azeméis, o Centro de Estudos Ferreira de Castro apresenta o vinho "Manuel da Bouça"; esta marca foi inspirada na personagem principal do romance "Emigrantes" (1928), natural e residente em Ossela, região demarcada dos vinhos verdes. No final da degustação haverá, para os amantes da literatura, do ar livre, dos passeios pedestres ou das caminhadas, uma visita guiada pelo Roteiro Literário "Caminhos de Ferreira de Castro".
Manuel da Bouça é a personagem principal do romance «Emigrantes», de Ferreira de Castro. Esta personagem popular é o espelho do emigrante, de toda uma vaga de emigração portuguesa, para o Brasil, no início do século XX. Daquele emigrante que, cansado de labutar para conseguir sobreviver, acalenta o sonho do paraíso distante: trabalho com fartura, dinheiro a correr a rodos. E empenha as suas magras courelas; abdica de todo o esforço de uma vida, da mulher e da filha, e, nessa espécie de sonho cego, que atingiu tanta gente, partiu em busca do ouro que só está nos sonhos.
A realidade foi o choque: trabalho semi-escravo, lonjura do país natal, isolamento. O Brasil tinha o nome do lugar antes sonhado, mas pertencia aos bafejados pela sorte, que, madrasta, o excluíra.
O regresso, ainda mais pobre do que quando partira, é amargo; nada mais está como antes fora. Viúvo, com a consciência atormentada porque regressara às custas do que roubara a um morto, Manuel da Bouça mente a toda a gente. Por dias, ele é o emigrante bem sucedido, até para a filha. Depois, é tempo de fechar o pano, desaparecer, deixar de mentir e partir para Lisboa levando consigo a vergonha por ter falhado tudo, e, do sonho, não restar sequer dinheiro para comprar a sepultura da mulher.
Organização: Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis e Centro de Estudos Ferreira de Castro.
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