101 - Segundo a Filosofia e Teoria Crítica de Horkheimer, o homem é produtor da sua própria história e da sua condição de vida, e não previsível da mesma forma que os estudos científicos baseados na observação e constatação das probabilidades o esperam. A lei do mundo é, como afirma Sampaio Bruno, a fatalidade, mas a lei do homem é a liberdade.
102 - "Os objectos e a espécie de percepção, a formulação de questões e o sentido da resposta dão provas da actividade humana e do grau do seu poder." (Max Horkheimer, Filosofia e Teoria Crítica, 1968)
103 - Nós usamos garfo e faca, e.t.c. Esses são os nossos objectos e a nossa espécie de percepção: o nosso sentido de resposta e de questionamento prende-se com os desempenhos técnicos desses instrumentos.
104 - Segundo Theodor Adorno, o domínio racional sobre a natureza implica o domínio irracional sobre o homem.
105 – “o preço da dominação não é meramente a alienação dos homens com relação aos objectos dominados; com a coisificação do espírito, as próprias relações dos homens foram enfeitiçadas, inclusive as relações de cada indivíduo consigo mesmo“ (Theodor Adorno)
106 - A pornografia, ou o erotismo, revelam, de facto, muito sobre o modus operandi da nossa actual civilização: estimula o desejo como privação: oferecer privando. Na política: o velho “prometer e não cumprir”. Um tudo por tudo pelo "consumidor" (nos dois sentidos, do abastecimento e da miséria), para que jamais esqueça a sua condição de consumidor.
107 - "Nesta faina torturante de descobrir ministros salvadores temos andado, os portugueses; a nossa paciência é formidável, porque não nos fatigam e aborrecem as desilusões sucessivas. Nem procuramos apurar a causa dessas desilusões. Facilmente as atribuímos às más qualidades pessoais dos salvadores abortados. Enganamo-nos. Pensamos que eram boas pessoas. Saíram-nos uns velhacos. Não. Não foi agora, agora não foi. Que pena!” (Bruno, 1987)
108 - “costumes detestáveis de gentes escravizadas por outras gentes más e cruéis. A brandura dos nossos costumes! É fresca a tal brandura dos nossos costumes! Vão passando os tempos; os anos vão correndo. Sem embargo, os péssimos hábitos permanecem inalteráveis; este país, decididamente, nas suas classes governativas, parece refractário à civilização e hostil ao progresso. O movimento incomoda-o; ou, se o aceita, é para andar para trás.” (Bruno)
109 - “O progresso moral não pode dar-se desde que as almas só conheçam os preceitos do respeito e da obediência. É preciso que as estimulem as ansiedades da dúvida, que lhes incutam coragem as confianças da crítica, que as propilam as audácias da análise. É preciso obedecer, mas é preciso desobedecer; é preciso respeitar, mas é preciso desrespeitar. Todo o ponto consiste em saber como, quando, até onde essa faculdade perigosa, mortal e salutar, do desrespeito e da desobediência pode e deve ser exercida. Os que não sabem desrespeitar e desobedecer são os tumultuosos, os insolentes, os atrevidos, os tolos; mas os que sabem desrespeitar e desobedecer são os inovadores, os reformadores, os beneméritos. Uns promovem a desordem, os outros fomentam o progresso; uns provocam a confusão, os outros produzem a civilização” (Bruno).
110 – A Indústria da Cultura concebe um circuito, visto de baixo, mais ou menos fechado em que o sentido da estética (englobando o ideal na mesma vigente) é a sua própria estética. Visto de cima, a inteligência que busca a sua própria confirmação no capital resultante.
111 - “Não há prova mais cabal de que a simples inteligência, por lucidíssima, é insuficiente. Se a sensibilidade real do coração não lhe assiste, o homem inteligente descai na impura e extrema idiotice” (Bruno)
André Consciência
1 comentário:
O sexo é política: só determinar o modo e ritmo de queca da ovelhada para se ter uma sociedade dominada - mas isto tu sabes.
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