Na literatura brasileira, que autor pode ser destacado como tendo dado especial relevo ao liciante assunto? Impõe-se recordar do lúcido modernista de 22, Oswald de Andrade, que, em página de novela com alguma coisa de autobiográfico, confessa: "e enrabei Dona Lalá". Em versos, também modernistas, Manuel Bandeira refere-se a "genipapo na bunda". E em Evocação do Recife dá a entender das lindas recifenses, que viu, com olhos de menino, nuinhas, a se banharem no então também lindo e limpo Capibaribe, que entre as partes de seus corpos mais causadoras do seu alumbramento estavam as bundas.
É curioso que, no seu excelente Ensaios de Antropologia Estrutural (Petrópolis, 1977), o professor Roberto da Matta, ao considerar o Carnaval brasileiro como "rito de passagem", destaque ser a rainha do carnaval "sempre uma vedete de formas perfeitas". E sua bunda? É parte ou não dessa perfeição? Se, como recorda de música de Chico Buarque, o típico brasileiro carnavalesco espera "o Carnaval chegar" para "pegar em pernas de moças", como não destacar-se seu ensejo maior de apalpar bundas de mulher?
Gilberto Freyre
Imagem: Mulata em Tentação, Di Cavalcanti, 1981
2 comentários:
Impossível não gostar do Gilberto, políticas à parte... LOL
Era fascista, comia carne...
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