Nas velhas cozinhas, em redor da mesa e ao fulgor da lareira, agrupa-se a família. Os velhos e as velhas, remotas esculturas enegrecidas e cariadas pelo tempo; os filhos que estavam ausentes e que puderam vir e os que ainda andam fraldiqueiros a crescer. O fiel amigo, com couves e batatas, é da tradição; quem tem mais posses, frita, também, a sua raba-nada. O vinho corre, rosado, transparente, sobretudo à hora do magusto, quando as castanhas estalam no fogo.
Fotografia: Casa Museu Ferreira de Castro, Ruela, 2007
Cada lar parece viver isolado do mundo, como se para lá das paredes negras de fuligem nada mais existisse. [...]
As figuras movem-se lentamente em direcção ao pedaço de lage onde há fogo e a candeia fica a alumiar, sobre a mesa, a travessa vazia com um fio de azeite no fundo e um farrapo de couve nos bordos.
Lá fora continua o vento, o frio e a negridão. No vale, porém, todas as casas estão despertas, com luzitas laminadas saindo pelas frinchas das portas ou emoldurando os humildes janelicos, que não se divisam ao longe. O povo deita-se, hoje, mais tarde. O Menino Jesus merece um quartilho de petróleo.
2 comentários:
Boas Festas e um Feliz Natal para todos!
ABRAÇOS.
Sempre bom ver-te por aqui Ruela
Abraço MIL
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