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MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da nossa sociedade civil, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia. Defendemos o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
SEDE: Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa)
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NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI

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Desde 2008"a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".

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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Bocage em Macau




Manuel Maria Barbosa du Bocage esteve em Macau de Outubro de 1789 a Março de 1790. Viera de Surrate, na Índia, e passara por Cantão.
O poeta procurava dar-se bem com os poderosos. O governador interino, Lázaro da Silva Ferreira, facultou-lhe o regresso a Lisboa. Bocage chegou a Portugal em Agosto de 1790. Agradeceu a Lázaro, com um poema, e retratou noutro o estado da Macau que conhecera:

Um governo sem mando, um bispo tal,
De freiras virtuosas um covil
Três conventos de frades, cinco mil
Nhon's e chinas cristãos, que obram mui mal.

Uma Sé que hoje existe tal e qual,
Catorze prebendados sem ceitil
Muita pobreza, muita mulher vil,
Cem portugueses, tudo em um curral;

Seis fortes, cem soldados, um tambor,
Três freguesias, cujo ornato é pau,
Um Vigário-Geral, sem promotor,

Dois colégios, e um deles muito mau,
Um senado que a tudo é superior,
É quanto Portugal tem em Macau.

O poder de síntese de Bocage é quase insuperável: traçou nos catorze versos dum soneto a caricatura de uma cidade.
O padre Manuel Teixeira explica a sátira do poeta.
O governador não tinha poder civil: mandava apenas nos soldados e nas fortalezas. Não havia bispo desde 1780. As clarissas eram as únicas pessoas elogiadas pelo poeta. A palavra “covil” referia-se à clausura rigorosa dessas freiras. Os três conventos eram os de São Francisco, Santo Agostinho e São Domingos. Nhons (a palavra significa senhor) eram os mestiços. Os padres censuravam repetidamente a corrupção dos costumes da época.
A Sé Catedral datava de 1622 e não recebera melhoramentos. Prebenda era o direito dum eclesiástico a receber um subsídio, mas o Senado não tinha dinheiro para o pagar.
Os cristãos chinas e portugueses estavam reduzidos à indigência. Em boa parte em resultado da pobreza, havia muita “mulher vil”. Os “portugueses europeus” em 1775 eram apenas 108 e viviam todos na cidade amuralhada.
Cerca de 100 soldados distribuíam-se por seis fortes. As igrejas paroquiais eram pobres e sem valor artístico. O Vigário-Geral era o governador do Bispado. Não houve promotor
de justiça do Juízo Eclesiástico nos anos de 1789 e 1790.
O Colégio muito mau era o de S. Paulo, que se encontrava degradado, tendo sido já demolidas algumas oficinas em ruínas. A finalizar, quem mandou sempre em Macau foi o Senado.
A Bocage aconteceu o mesmo que ao seu Portugal: voltou do Oriente tão pobre como partira de Lisboa. Enriqueceu apenas no conhecimento da natureza humana e alargou o espírito no contacto com outras civilizações.

Referências:
Teixeira, Manuel. Macau no século XVIII. Imprensa Nacional, Macau, 1984.
Fotografias:
A China e os Chineses, Auguste Borget. Instituto Cultural de Macau, 1990.
Macau, Daniela Carvalho Faria e Eduardo Grilo, Primeira Impresão Ldª, Macau, sem data.

1 comentário:

Renato Epifânio disse...

Posts sempre bem interessantes...

Abraço MIL