A mãe me faz colocar um pouco de leite no café, e sempre me obriga a comer uma fruta nas primeiras horas da manhã. Me faz pentear o cabelo, usar camisas bem passadas e manter os sapatos razoavelmente lustrados. Me faz ser cuidadoso com o orçamento e nunca permite que eu esqueça luzes acesas ou torneiras pingando. Nunca permite que eu me aproxime de mulher vulgar; diz que vai me ajudar a escolher uma verdadeira dama para companheira. Não sei o que seria de mim sem a mãe. Ela, com sua voz matriarcal e seu vestido verde-musgo, é quem me faz tomar as decisões acertadas; é quem me orienta sempre para o bom, o belo e o verdadeiro.
A mãe vai comigo para o trabalho, toma café entre as moças da recepção, me ajuda com os contratos e com os investimentos. A mãe senta comigo para o almoço, caminha ao meu lado pelo parque ao fim da tarde, faz comentários taxativos durante o telejornal e me obriga a dormir ao menos oito horas por noite. Aos domingos, acompanho a mãe até a igreja para missa e comunhão. Não que eu seja religioso ou coisa parecida; faço isso pela mãe. Ela realmente merece. Mesmo há tantos anos morta, nunca me faltou com dedicação.
Fabrício Fortes
1 comentário:
Não só a mãe que é de cada um, mas a mãe que traduz a mãe que nos ensina a ser quem somos, numa terra que é uma: a pátria em que nascemos, aquela pequena pátria dos cheiros e das primeiras coisas da infância. Asseio, luz, chão. Sem isso nenhuma moral nos ensinará a ser homens.
Abraço, meu amigo Fabrício.
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