
Zumbi dos Palmares é Zumbi na noite. Êh, êh, êh, é zumbi. É Zumbi no acoite... A liberdade estava no sangue do Príncipe Zumbi, ou, Zambi, palavra quimbundo (nzumbi) que significava algo como duende, fantasma ou morto-vivo, no Brasil. O negrinho de olhos espertos era neto da princesa Aqualtune, portanto, sobrinho de Ganga Zumba (grande senhor), o todo poderoso chefe do Quilombo dos Palmares, uma aldeia auto-suficiente economicamente, situada nas terras de Alagoas e parte da Bahia, perto da Serra da Barriga, hoje, município de União dos Palmares. Ali viviam os quilombolas, negros fugidos das usinas e fazendas de Pernambuco e adjacências, onde viviam como escravos do eito, plantando cana e fazendo serviços pesados, Palmares era quase do tamanho de Portugal e lá viviam cerca de 30000 pessoas; plantavam, faziam artesanato com as folhas das palmeiras, criavam um gadinho e extraíam óleo de babaçu. Quase como na “mamma África”, tirando as grandes savanas onde reinava soberano o leão africano. Zumbi nasceu livre; em 1655 foi capturado e vendido a um missionário português, quando tinha apenas 6 anos de idade. Logo o batizaram de Francisco; muito inteligente e de raciocínio rápido, aprendeu Latim e Português e até era um bom coroinha, ajudando nas missas. Mas, a chama da liberdade estava latente no seu sangue. Em 1670 fugiu e, graças à sua astucia, coragem e destreza inatas, aos 20 anos, tornou-se um dos maiores estrategistas de que se tem noticia. Cansado de uma luta inglória com P almares, o governador de Pernambuco propôs paz a Ganga Zumba. Os escravos ganhariam a liberdade, porém, submetiam-se á autoridade da Coroa. Acreditando que liberdade não é doação, é conquista, Zumbi rejeitou a proposta e entrou em conflito com seu tio, Ganga Zumba. Passou a liderar o quilombo, mesmo porque, o tio morreu envenenado. Se fosse nos dias de hoje, seriam chamados de mercenários; o governador Melo e Castro, convocou Domingos Jorge Velho, um guerreiro paulista, sobrinho do outro Domingos, um feroz bandeirante, matador de índios e caçador de ouro. O paulista veio disposto a vencer a qualquer preço, Zumbi já liderava seu povo há exatos 15 anos, pois estávamos em 1694, e, Zumbi foi ferido numa luta de morte, porém sobreviveu. Mas, foi traído por um tal Antonio Soares e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça (dele, dizia um cronista da época: nunca vi um Mendonça que não tenha Furtado, o que diz bem do caráter da família), na serra dos Dois Irmãos. Embora apunhalado, resistiu, mas, foi morto com mais vinte de seus guerreiros, em 1695. Não o apanharam vivo; diz a lenda que, vendo-se cercado, atirou-se de um despenhadeiro. Conforme os portugueses adoravam fazer com seus desafetos, teve a cabeça cortada, salgada e levada como brinde ao Melo e Castro. Como os negros acreditavam na imortalidade de Zumbi, puseram-no exposto nas estradas do Recife. Tinha 40 anos de idade. Quem cria na sua imortalidade, venceu; depois de séculos sendo um herói esquecido e pouco falado, Zumbi voltou à cena e, hoje é reverenciado como paladino da liberdade. Por ser um negro consciente da sua força, o seu aniversario foi escolhido para ser o “Dia da Consciência Negra”.
Fontes: “O quilombo dos Palmares” de Edison Carneiro; “Zumbi” de Joel Rufino dos Santos.
1 comentário:
Gosto de homens que resistem. Só pode ter sido um valente.
Abraço MIL.
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