Segundo fontes governamentais, cerca de 13.000 pessoas atravessaram a fronteira para o Malawi desde o dia em que o Conselho Constitucional anunciou os resultados finais das eleições de 9 de Outubro que dão vitória ao partido Frelimo e ao seu candidato presidencial Daniel Chapo. O anúncio desencadeou uma semana de protestos particularmente violenta, marcada por incidentes de vandalismo, barricadas e pilhagens.
Dominic Mwandira, comissário para o distrito fronteiriço de Nsanje, no sul do Malawi, disse que cerca de 2500 famílias tinham chegado até à data, alertando para o facto de o número poder vir a aumentar.
“Cerca de 11.000 pessoas atravessaram o rio Shire para entrar no Malawi, enquanto outras 2000 atravessaram o rio Ruo”, especificou.
Vários ministérios do Governo foram postos em alerta e os requerentes de asilo estão a ser alojados em vários locais temporários, acrescentou.
Sob condição de anonimato, um funcionário da agência das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR) já fala em situação de emergência. “Dada a complexidade da situação, ainda não verificámos o número exacto de chegadas. Os esforços de registo começaram no domingo e teremos uma ideia mais clara quando este processo estiver concluído”, disse.
“Poderemos então avaliar a forma de os encaminhar para um alojamento mais permanente”, acrescentou a fonte da ACNUR.
Entretanto, o pequeno Reino de Essuatíni, a sul de Moçambique, registou um afluxo de mais de 350 moçambicanos esta semana, disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Pholile Shakantu. O número total de chegadas de moçambicanos desde o início dos protestos contra os resultados eleitorais aumenta assim para 500, acrescentou.
“Os nossos braços estão abertos enquanto país… Queremos tranquilizar e reafirmar o nosso compromisso como país para ajudar os nossos vizinhos de Moçambique”, disse o ministro.
Destruídas dezenas de viaturas da saúde e artigos médicos
“Nós temos até agora mais de 77 viaturas entre vandalizadas e destruídas e destas pelo menos 55 estavam na central de abastecimento e inclui viaturas novas que ainda deviam ser distribuídas pelo país”, disse o ministro da Saúde, Armindo Tiago, em declarações à comunicação social.
O responsável, que falava durante uma visita a unidades hospitalares da cidade de Maputo, revelou que um dos armazéns do centro de abastecimento de medicamentos incendiado em Maputo por manifestantes após a proclamação dos resultados pelo Conselho Constitucional continha medicamentos avaliados em 5 milhões de dólares.
“Roupa hospitalar estava lá, compramos roupa hospitalar para 70 mil funcionários do Serviço Nacional de Saúde, que inclui sapatos medicinais, batas, calças, luvas, tudo estava lá e só isso está avaliado em 10 milhões de dólares, incluindo o chamado material necessário para fazer gessos em bruto”, disse Armindo Tiago, referindo-se a outros materiais hospitalares perdidos na sequência do incêndio.
O governante disse que Moçambique precisará de pelo menos dois anos para recuperar dos impactos dos actos de vandalismo e destruições no sector da saúde, destacando que levará pelo menos um ano para conseguir requisitar e receber os materiais médicos incendiados no centro de abastecimento de medicamentos.
“Mas o maior problema é que aquele é um armazém – nós também temos produtos que hão de chegar -, como ele está destruído, neste momento teremos de encontrar alternativas para colocar os equipamentos, produtos médicos que chegam ao país”, apontou Armindo Tiago. In “Jornal Tribuna de Macau” – Macau com “Deutsche Welle” e “Lusa”
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