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MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da nossa sociedade civil, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia. Defendemos o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
SEDE: Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa)
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NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI

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Desde 2008"a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".

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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

A Obra de António Braz Teixeira, nos seus 85 anos...

 

In Jornal de Letras, Artes e Ideias, 1-15 de Dezembro de 2021, p. 29.

Numa época em que, cada vez mais, nos centramos muitas vezes no mais circunstancial – no que, passada uma semana, ou nem sequer isso, se torna absolutamente irrelevante –, é um excelso exercício higiénico determo-nos no que mais resiste à voragem do tempo – falamos, neste caso, da Obra filosófico-hermenêutica de António Braz Teixeira, que, contrariando essa voragem, tem sido, nestes últimos anos, cada vez mais profícuo.

Licenciado em Direito na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1958 – a mesma Universidade que, em 2006, lhe atribuiu o título de Doutor Honoris Causa em Filosofia –, António Braz Teixeira teve um percurso profissional particularmente rico – apenas para referir alguns cargos que desempenhou: Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros (1980-81); Secretário de Estado da Cultura (1981); Director do Teatro Nacional D. Maria II (1982-85); Vice-Presidente da RTP (1985-92); Presidente da Imprensa Nacional-Casa da Moeda (1992-2008).

Após a sua retirada de cargos públicos, António Braz Teixeira não se quedou, porém, no descanso a que teria mais do que direito. Para além de ter continuado a ser Professor convidado em várias Universidades e a desempenhar outros cargos – em particular, no Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, que fundou em 1992, e em que é, desde 2016, Presidente da Direcção –, António Braz Teixeira não se tem cansado, nestes últimos anos, de ler e de investigar. E. sobretudo, de escrever.

Só neste último ano publicou mais três livros (com a chancela do MIL: Movimento Internacional Lusófono): A Vida Imaginada: Textos sobre Teatro e Literatura (2020); Interrogação e Discurso: estudos sobre filosofia luso-brasileira e ibérica (2021); A saudade na poesia lusófona africana e outros estudos sobre a saudade (2021). Três livros que atestam bem o que nós próprios, num volume em sua Homenagem (António Braz Teixeira: Obra e Pensamento, Universidade do Porto, 2018), já havíamos escrito: “Nas mais diversas áreas da cultura – da filosofia à poesia, do romance ao cinema, do teatro à música, da pintura à arquitectura –, António Braz Teixeira parece andar sempre à procura de ‘coisas novas’”.

Não que a sua formação jurídica não se faça ainda sentir – sobretudo, no seu estilo de escrita, sóbrio e sólido: “no osso”. Simplesmente, essa formação de base nunca impediu António Braz Teixeira de alargar, cada vez mais, as suas áreas de interesse. Desde logo, à literatura, como estes seus três mais recentes livros amplamente comprovam. Só no primeiro – A Vida Imaginada –, revisita todos estes autores: Valle-Inclan, Almada Negreiros, Alfredo Cortez, José Régio, Miguel Torga, Luiz-Francisco Rebello, Agustina Bessa-Luís, Jaime Salazar Sampaio, Augusto Sobral, Norberto Ávila, Ariano Suassuna, Sartre, Camilo Castelo Branco, Saul Dias, Casais Monteiro, Mário Cláudio, Rui Knopfli, José Augusto Seabra e João Bigote Chorão.

Já no segundo – Interrogação e Discurso: estudos sobre filosofia luso-brasileira e ibérica –, após revisitar, na esteira de muitos outros estudos, também eles oportunamente coligidos em outros livros, alguns dos nomes maiores da tradição filosófica portuguesa – nomeadamente, D. Duarte, D. Francisco Manuel de Melo, Joaquim Maria da Silva, Antero de Quental, Guerra Junqueiro, Ferreira Deusdado, Sampaio Bruno, Teixeira de Pascoaes, António Sérgio, Mário Saa, Amorim de Carvalho, Miranda Barbosa, Abranches de Soveral, Gustavo de Fraga, Joel Serrão, Orlando Vitorino, António José de Brito, Ângelo Alves e Sottomayor Cardia –, António Braz Teixeira faz uma incursão para além da nossa fronteira, dialogando com outros autores ibéricos – a saber: Vicente Viqueira, Vicente Risco, José Gaos, Eugénio d’Ors, Joaquim Xirau e J. Ferrater Mora.

Que nos seja aqui permitido destacar, porém, o seu mais recente livro: A saudade na poesia lusófona africana e outros estudos sobre a saudade. Não apenas por retomar e aprofundar outros estudos seus sobre a temática da saudade – a partir, neste caso, de Teixeira de Pascoaes, da geração “Nós” e, em última instância, da filosofia espanhola contemporânea. Mas sobretudo por, de forma absolutamente inovadora, nos falar da expressão e sentido da saudade nas poesias angolana, moçambicana, cabo-verdiana e santomense. No Editorial do número anterior da Revista NOVA ÁGUIA, indicava-se António Braz Teixeira como “o maior hermeneuta vivo do nosso universo filosófico e cultural, não só português mas, mais amplamente, lusófono”. À luz de toda a sua Obra, nada de mais justo.



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