Praia – A Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) anunciou a conclusão do novo ‘campus’ universitário na Praia, financiado pela China, enquanto prevê para breve a mudança para as novas instalações e aulas em pleno no próximo ano lectivo.
“O novo ‘campus’ da Universidade de Cabo Verde já é uma realidade. A construção que teve início em Julho de 2017 está concluída. A mudança para o novo ‘campus’ será anunciada brevemente”, divulgou a universidade pública cabo-verdiana.
Localizado na zona do Palmarejo Grande, as novas instalações deveriam ficar concluídas em Julho de 2020, para iniciar aulas em Outubro do mesmo ano, mas devido à pandemia da covid-19 vai ter um ano de atraso. Em entrevista à agência Lusa em Novembro do ano passado, a reitora, Judite Nascimento, disse que a universidade vai começar a mudança para as novas instalações e prevê o início das aulas no próximo ano lectivo.
“Nós temos a expectativa de, em Outubro de 2021, iniciarmos o ano lectivo já nas novas instalações no pólo da Praia”, previu Judite Nascimento, para quem a Uni-CV vai passar a ter um ‘campus’ com “condições muito boas” para alunos, docentes, técnicos e funcionários e para pôr em acção a criatividade e o espírito inovador e conseguir desenhar programas dignos do espaço.
Neste momento, a universidade funciona com unidades orgânicas em instalações dispersas pela cidade da Praia, mas espera ter durante o próximo ano as suas faculdades alojadas no novo ‘campus’ universitário, que, segundo a reitora, será “à altura” dos grandes ‘campus’ que existem um pouco por todo o mundo.
O novo ‘campus’ foi projectado para acolher 4890 estudantes e 476 professores em 61 salas de aulas, cinco auditórios com capacidade para 150 lugares, oito salas de informática, oito salas de leitura, 34 laboratórios, salão multiúsos, com capacidade de 654 lugares, refeitórios, biblioteca, dormitórios e espaços desportivos.
Com as novas instalações, a reitora disse que a Uni-CV está a caminhar para ser, num futuro muito próximo, uma “universidade marcante” no contexto da sub-região africana, a par das do Senegal, por exemplo.
“E a Universidade de Cabo Verde também quer posicionar-se e está a posicionar-se desde há alguns anos e neste momento com mais fervor já que o novo ‘campus’ vai-nos permitir receber estudantes de outros países”, enfatizou.
Na altura do seu lançamento, em Junho de 2017, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, disse que Cabo Verde terá um ‘campus’ universitário moderno, funcional e ao nível de países mais desenvolvidos.
Além disso, a reitora disse que vai transformar a área envolvente e tornar-se num grande pólo de desenvolvimento da cidade da Praia, numa zona de expansão onde se situa ainda a Universidade Jean Piaget, a Escola de Hotelaria e Turismo, o Centro de Energias Renováveis e Manutenção Energética (Cermi), estando previstas grandes outras infra-estruturas.
A obra foi financiada pela China, em 45 milhões de euros, que também instalou em 2015 o Instituto Confúcio no país, e que hoje é uma instituição que promove a extensão universitária, através da língua e da cultura chinesas.
Com 14 anos de existência, a única universidade pública de Cabo Verde tem três pólos de ensino, nomeadamente na Praia e em Assomada, todos em Santiago, e em São Vicente, com mais de 4000 estudantes, em cursos profissionalizantes, licenciaturas, especializações, mestrados e doutoramentos. In “Inforpress” – Cabo Verde com “Lusa”
1 comentário:
Sobre esta notícia creio ser relevante recordar o que escrevi no meu artigo «Negócios da China», publicado no jornal Público em 1 de Outubro de 2019...
https://www.publico.pt/2019/10/01/opiniao/opiniao/negocios-china-1888376
... E, concretamente, isto: «O poder financeiro acumulado – excessiva e indevidamente – por Pequim permitiu-lhe alimentar nos últimos anos as suas aspirações a uma maior influência, domínio e expansão internacionais. E se tal não é conseguido directa e violentamente, como aconteceu em 1950 aquando da ilegítima invasão e ocupação do Tibete, procura-se obtê-lo indirectamente, através de investimentos – principalmente em infraestruturas mas não só – avultados em outros países, investimentos esses que não são a fundo perdido, que implicam contrapartidas. É uma estratégia denominada "Nova Rota da Seda" (também conhecida por "Uma Faixa, uma Rota"), à qual se deve responder, clara e inequívocamente, "não". Infelizmente, em África muitas capitais não tiveram força para resistir à tentação – incluindo por exemplo, as de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique, onde companhias chinesas estão envolvidas na construção ou na remodelação de portos. O mesmo aconteceu na Europa, na qual, e como seria de esperar, Portugal se destaca pela negativa.»
Acrescente-se e esclareça-se que o Instituto Confúcio é mais do que «uma instituição que promove a extensão universitária através da língua e da cultura chinesas»: é uma organização de propaganda e de infiltração nos países em que está instalada, incluindo em Portugal.
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