Díli - O formador de professores Domingos de Deus Maia disse no passado dia 22 de fevereiro que o sistema de educação de Timor-Leste (TL) regista debilidades, a começar pela formação dos professores.
“Começámos por fundar todo o sistema de educação a partir das bases ou de alicerces muito frágeis. Mostrámos apenas boa vontade. Depois da independência, devemos responsabilizar-nos pelo andamento do setor da educação”, afirmou Domingos aos jornalistas do Timor Post, na sua residência, no Palapaço, Díli
O atual formador de professores timorenses do Instituto Nacional de Formação de Docentes e Profissionais da Educação de Timor-Leste (INFORDEPE) referiu ainda que o país tem enfrentado a falta de recursos, nomeadamente de professores qualificados e infraestruturas mais adequadas, numa altura em que a nova geração necessita de aceder a uma educação de qualidade.
“Todos querem aprender, apesar de as condições serem mínimas, impedindo, assim a sua aprendizagem. Temos um elevado número de professores com poucas competências. Não temos sabido dado atenção à sua qualidade. Embora a lei garanta o direito a educação de todos os cidadãos, a nossa capacidade é limitada”, referiu.
Segundo o ex-docente, Timor-Leste necessita de mais tempo para melhorar determinados aspetos, como a metodologia e a didática de ensino. Acrescentou, no entanto, que, para se alcançar esta meta, seria necessária a ajuda de outros países, como os da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“Passados 20 anos, o nosso espírito em criar novas escolas caiu significativamente nos últimos tempos. Agora as pessoas consideram que o setor da educação está mais frágil, pois a remuneração que auferem os professores é insuficiente para fazer face às despesas diárias. É, por isso, difícil incutir nas pessoas vontade em trabalharem neste setor”, afirmou.
Questionado sobre o facto de alunos da universidade não possuírem competências de escrita e compreensão académica, o professor referiu que a raiz do problema reside sobretudo na sua base, porque “quando os professores não dominam os princípios de metodologia, terão muitas dificuldades em lecionar adequadamente”.
“Existe ainda a questão ligada à literacia e numeracia. O que está em causa é a capacidade da leitura, a forma como se deve ler, a própria compreensão da leitura e explicar às outras pessoas”, sublinhou.
De acordo com o docente, embora os estudantes que ingressam na Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) saibam ler, não o sabem fazer de forma crítica, interpretar as ideias contidas no texto por falta de bases sólidas”, concluiu. In “Timor Post” – Timor-Leste
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