Macau, China, 15 set (Lusa) - O único deputado de ascendência portuguesa eleito pela população em Macau, José Pereira Coutinho, garantiu hoje uma reeleição nas legislativas e a lista que encabeçava conseguiu, pela primeira vez, a eleição de um segundo candidato.
José Pereira Coutinho, 56 anos, deputado há oito anos a tempo inteiro e dos raros tribunos que se expressa em português no hemiciclo, foi reeleito com 13.118 votos entre os 151.880 expressos nas urnas, numas eleições que tiveram a mais baixa taxa de afluência desde a transferência do exercício de soberania de Macau para a China (1999), de 55,02 %.
O número dois da sua lista, Leong Veng Chai, 59 anos, conseguiu ser eleito com 6.559 votos.
Após o anúncio dos resultados, Pereira Coutinho estava, cerca das 05:00 (22:00 emLisboa), na sede da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), que preside, a festejar a vitória com Leong Veng Chai, tirando fotografias com vários apoiantes.
Em declarações à agência Lusa, Pereira Coutinho disse que a sua lista "estava muito confiante" e "esperava" conseguir esta dupla vitória, "embora estivesse consciente das dificuldades".
"Mas sempre acreditámos que quem decide é o cidadão", acrescentou, atribuindo a eleição de um segundo deputado ao reconhecimento do seu "trabalho diário em prol do cidadão de Macau ao longo dos oito anos" que tem estado na Assembleia Legislativa, apesar de ter confessado que "esperava mais votos" para a sua lista.
Leong Veng Chai não fala português, mas Pereira Coutinho diz que o seu futuro companheiro de bancada "é português de ginjeira, porque gosta da cultura portuguesa e de Portugal", tendo sido "dos membros fundadores" da ATFPM, associação à qual "está ligado há mais de 20 anos".
"Se não gostasse da comunidade portuguesa e macaense não estaria connosco. Não tenho dúvidas de que vai fazer um belíssimo trabalho na Assembleia", concluiu Pereira Coutinho.
Este deputado reeleito acrescentou, em declarações à Lusa, a necessidade de revisão das leis eleitorais "o mais rápido possível" para que as listas que tiverem membros envolvidos em casos de corrupção eleitoral sejam eliminadas da corrida.
Pereira Coutinho, filho de pais goeses e com avô paterno português, nasceu em Macau, fez o ensino secundário no Seminário de São José e ingressou logo depois na função pública. Já na casa dos 30 anos formou-se em Direito pela Universidade de Macau e era secretário-geral do Centro de Arbitragem antes de entrar, em 1999, na Associação dos Trabalhadores da Função Pública, com cerca de 13 mil membros.
Em 2001 candidatou-se pela primeira vez a deputado para que o hemiciclo tivesse "uma voz independente dos funcionários públicos", mas falhou a eleição e, em 2005, reverteu a situação.
Nas legislativas de hoje em Macau foram eleitos pelo sufrágio direto 14 deputados, o maior número de sempre, na sequência de uma reforma política, embora continuem a ser uma minoria, entre um recorde de 145 candidatos.
Todos os 12 candidatos pelo sufrágio indireto, incluindo Leonel Alves, também de ascendência portuguesa, foram eleitos por 4.521 votantes de 719 associações, já que também havia 12 lugares no hemiciclo para o efeito, mais dois do que nas eleições de 2009, no âmbito da mesma reforma política.
Entre os 33 deputados que vão compor a quinta Assembleia Legislativa da Região Administrativa Especial chinesa desde a transferência de soberania, sete continuam a ser nomeados pelo líder do Governo.
PNE // MSP - Lusa
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