O movimento de cidadão "Ideais do Centro" vai constituir-se em outubro em associação política e, fazendo das ideias fator de mudança de regime, admite a sua transformação futura em partido, foi hoje assumido em Coimbra.
"São possibilidades de intervenção", disse Jaime Ramos, médico e antigo deputado social-democrata, que hoje liderou uma conferência de imprensa do movimento.
Segundo o dinamizador, ex-governador Civil de Coimbra e antigo presidente da Câmara de Miranda do Corvo e da Administração Regional de Saúde do Centro, um partido político "não é objetivo, mas uma possibilidade" de intervenção.
"Há pessoas que defendem que o movimento deve gerar um partido. Há quem pense na possibilidade de intervenção política na eleição do Presidente da República", observou, rejeitando o patrocínio de candidaturas às eleições autárquicas, pois isso "seria envolver-se no sistema" e o que pretende "é mudar o sistema".
Questionado sobre a inserção da expressão "Centro" na designação do movimento, Jaime Ramos aludiu à sua génese do Centro de Portugal, mas também a um posicionamento político capaz de agregar contributos de Direita e de Esquerda.
"Com ideias, suficientemente radicais, para provocar a mudança do regime, que se esgotou", precisou.
O movimento "Ideais do Centro", que se assume como um "movimento político local que defende ideias nacionais e internacionais", apresenta-se com o lema de "discutir ideias, afrontar poderes, mudar o regime, salvar a democracia".
Teve a sua primeira reunião no dia 23 de julho, em Coimbra, com a participação de cerca de sete dezenas de pessoas.
Os seus promotores entendem que "Coimbra, capital do Centro, berço da Lusofonia, deve usar o seu prestígio e massa crítica para gerar um movimento cívico de mudança de regime", porque "o futuro de Portugal exige o respeito por valores e princípios que se assumam acima das táticas e estratégias de grupos económicos ou partidários".
Os "quatro ideais" estruturantes do movimento são "mais liberdade", "melhor democracia", "menor desigualdade" e "dignificar a Justiça".
As "quatro causas" são "aumentar a natalidade, apoiar as famílias, evitar o envelhecimento populacional", "evitar o despovoamento do território e as assimetrias cidades do litoral/interior", "criar riqueza, melhorar a dívida externa, resgatar a independência nacional" e "garantir um Estado forte, promotor de riqueza e com visão de longo prazo".
Para os dinamizadores, a crise atual "é, em larga medida resultado deste centralismo" que se verificou em Portugal na última década, tornando-se necessário desconcentrar e descentralizar a administração pública.
"A capital política terá de sair de Lisboa", sustentam.
Na conferência de imprensa de hoje participaram dois cidadãos de Leiria, o advogado Arnaldo Rebelo, que recentemente se desvinculou do PS, e o médico Cândido Ferreira, ex-presidente da Federação Distrital do PS de Leiria.
Em Leiria realizar-se-á, em finais de setembro, um encontro do movimento, preparatório da constituição pública da associação política, que lhe conferirá personalidade jurídica.
O movimento está, entretanto, a preparar dois debates sobre duas das "causas" que assume, a natalidade e o combate à desertificação.
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