"Para Pessoa, o Quinto Império, que surgiria após as quatro idades - Grécia, Roma, Cristandade, Europa - é um império de fraternidade e de paz universais, de acordo com o ideal de paz universal adotado pelos rosacrucianos, depois de percorridas as etapas de um percurso iniciático em que o seu humano redescobriria a sua essência perdida, o que significa o reconhecimento do seu elemento divino. Finda a iniciação que conduz à redenção, o ser humano estaria preparado para viver num espaço que se situa fora das fronteiras portuguesas, um espaço universal."
> Pessoa via assim o Quinto Império como um fenómeno interior e pessoal. A revolução ou o estabelecimento do Quinto Império seriam acontecimentos interiores, a decorrer no interior do indivíduo quando as devidas condições se encontrassem em cruzamento no seu interior e não no mundo exterior pela aparição miraculosa de um qualquer "rei encoberto" ou da expansão militar ou política de um império continental, marítimo ou global. O Quinto Império brotaria na mente dos portugueses, o Encoberto seria materializado dentro de cada lusófono, alavancando assim a transição para um novo estádio de consciência na forma portuguesa de "estar no mundo" e que teria sido levada até ao seu apogeu pelo Brasil e pela "vida conversável" das sociedades africanas de fala portuguesa.
"A Super-Nação, imagem especular do Éden Primordial, situa-se para além das fronteiras definidas pelos homens e é alcançada através da pulsão humana que encaminha o homem em direção à sua natureza essencial. A criação de uma visão mítica da nossa História transforma o presente num agente criador do futuro da História transforma o presente num agente criador do futuro da História da Humanidade, pois o Quinto Império, que seria vivido na terra, significa a união fraterna entre todos os povos, após o renascimento humano numa outra era".
> Não pode assim haver Quinto Império pelas armas, nem pela pura e simples via da constituição de alianças militares ou políticas, nem sequer pela direta transmutação da CPLP numa União Lusófona, à imagem e semelhança da União Europeia (e que estaria fadada ao mesmo estéril destino desta, a prazo).
> Antes de reformar as instituições, os Estados e a forma como eles se organizam e distribuem, importa trabalhar no interior do indivíduo: procurando os mecanismos de satisfação e realização pessoal, capacitando os cidadãos para o pleno e empenhado exercício dos seus direitos e deveres de cidadania e induzindo uma revolução interior que depois - pela virtude inexcedível do Exemplo - possa depois propagar-se a toda a comunidade onde este está inserido e depois, a toda a comunidade lusófona que por temperamento, laços culturais e língua lhe estão umbilicarmente ligados.
Gabriela Lança
Revista Nova Águia, número 7
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Desde 2008, "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"
Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)
A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)
Agostinho da Silva
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