Ao participar hoje numa sessão, em Coimbra, em que agradeceu a recolha de material escolar para Timor-Leste, o prelado observou que “a guerra acabou, mas a batalha da língua, da formação, ainda continuam”.
“Podemos dizer, como os nossos guerrilheiros, a luta continua! A luta continua na formação da mente, dos corações, na cultura, na amizade com o povo português”, acrescentou.
Ximenes Belo agradeceu os materiais recolhidos na campanha "1/2 lápis, 1/2 borracha e 1 caderno para Timor", desenvolvida pela Liga dos Amigos dos Hospitais da Universidade de Coimbra (LAHUC), e pelo o Rotary Kids Club de Coimbra.
“Um lápis, uma borracha, fará brilhar os olhos das nossas crianças perdidas nas aldeias das montanhas de Timor”, observou Ximenes Belo.
O bispo fez votos para que a campanha “continue a produzir frutos”, agora que irá envolver escolas de Coimbra e se alargará a manuais escolares, “para que as crianças de Timor beneficiem da obra da educação e também de serem formadas na língua e na cultura portuguesa”.
Os materiais escolares recolhidos até agora respondem a um apelo do Bispo de Baucau, Basílio do Nascimento, e serão entregues a crianças dessa diocese e dioceses vizinhas.
Segundo Ximenes Belo, o Governo timorense “está empenhado em fazer progredir a independência em todos os aspetos. Na agricultura, na pesca, na indústria, nas relações internacionais, na justiça e na paz, mas toma como partido importante o da educação da juventude”.
“Sem jovens educados essa nação jovem no novo milénio não poderá avançar. Como ainda temos muita necessidade, muita carência nos edifícios escolares, nos materiais escolares, no professorado, continuamos a precisar do apoio dos países de língua portuguesa, e em concreto Portugal”, sublinhou.
O bispo lembrou que “Timor está lá num mundo perdido, cercado pela Indonésia e pela Austrália”, que desenvolvem “duas grandes campanhas” para imporem as suas línguas, nomeadamente através dos canais de televisão.
“É uma grande batalha”, sublinhou, frisando que a “RTP Internacional transmite alguma coisa”, dando a entender que poderia fazer mais, mas perante a questão colocada diretamente pela agência Lusa, respondeu que esse é um assunto que diz respeito aos portugueses.
Nesse quadro, salientou que as crianças aprendem o português na escola, “mas cá fora falam os seus dialetos, algumas falam inglês e, sem querer, alguns termos em indonésio”.
Ximenes Belo aproveitou para apelar aos países de língua portuguesa para apoiarem com materiais e professores, mas, na sua ótica, “Timor precisaria de outros meios, de jornais, de rádio, de televisão”, para contornar os efeitos das campanhas linguísticas dos países vizinhos.
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