Ainda distantes, as presidenciais que estão por marcar - ocorrerão seis meses após as legislativas de 6 de Fevereiro próximo -, situação que o candidato independente e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros cabo-verdiano (1991/98) desdramatiza.
"Pareceu-me o tempo adequado. Tenho experiência política e constitucional e as presidenciais, apesar de não terem raiz partidária, sendo Cabo Verde um país onde o peso dos partidos é muito forte, dificilmente um candidato, por mais qualidades que tenha, ganha eleições sem o apoio dos grandes partidos nacionais", justificou.
Proveniente da área do Movimento para a Democracia (MpD), que governou Cabo Verde entre 1991 e 2001 e desde então na oposição, "Zona", como é conhecido localmente, não está ligado ao partido, apesar de algum apoio que recebeu quando se candidatou como independente às presidenciais em 2001.
Constitucionalista e advogado, actual director do Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais, na Cidade da Praia, Jorge Carlos Fonseca garantiu, todavia, que, ao longo deste ano, teve oportunidade de contactar as "bases" e a cúpula do MpD, bem como representantes da sociedade civil e de outros partidos.
"Falei com muitas personalidades e entendi que devia fazer o anúncio antes das legislativas para dar sinais claros de que um candidato presidencial tem de ter condições, para não ser refém de um partido político. Não pode ter apenas um endosso partidário", justificou, relativizando o facto de Carlos Veiga, líder do MpD, não se ter pronunciado sobre a candidatura.
"Isso é natural. É um líder histórico do partido, que esteve fora e regressou num certo contexto. É natural que esteja a privilegiar a conciliação do partido, o reforço da liderança. Há eleições legislativas. (...) Mas tenho apoios alargados no MpD. Não é por não haver um sinal político público do líder que não estarei seguro desse apoio", afirmou.
O candidato diz ter "reservas" em relação a uma evolução do regime parlamentar cabo-verdiano para um presidencialista, algo que "não serve, porque a democracia ainda não está bem enraizada" e porque o actual sistema tem, no seu entender, provado que funciona.
"Tenho muitas reservas em relação a isso. Este sistema tem provado bem. Cabo Verde não teve eleições antecipadas, todos os governos têm cumprido os seus mandatos de cinco anos e tem havido governos com maiorias muito fortes, qualificadas ou absolutas. É um sistema de equilíbrio, que se coaduna bem", defendeu.
"São poucos os países em que o presidencialismo tem provado bem. Em África, tem-se traduzido em experiências de poder pessoal e tendem a cair para um poder pessoal do Presidente. Sem um mecanismo de controlo, cai para o autoritarismo", disse.
"É preciso um presidente que tenha prestígio, experiência e percurso político, que tenha a ver com os valores da independência do país, que seja um democrata convicto. Eu creio que tenho esse perfil. Lutei e fui combatente pela independência, embora modesto, mas fui também um lutador pela Democracia e pelo Estado de Direito", concluiu.
Fonte: Notícias Lusófonas
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