Solidariedade Lusófona: uma Questão Geopolítica Internacional
JPeralta
1. As manifestações de solidariedade prática entre Portugal e o Brasil, desde o alvorecer da descoberta do país, em 1500, regem-se por manifestações inequívocas de um, quase inédito, espírito de cooperação. Foi esse espírito que manteve a unidade e impulsionou o crescimento deste país continente.
No subconsciente coletivo de Portugal há um imenso carinho pelo Brasil.
O Brasil responde com o mesmo respeito fraternal e solidário.
Os dois países soberanos mantêm e cultivam uma aliança vital que vai muito além de todos os tratados: a língua e a cultura comum.
Esta ideia, sobejamente reconhecida e repetida, recordo-a para alicerçar uma proposta que exponho adiante.
A solidariedade e a amizade, entre países e povos, revela-se em todas as circunstâncias, principalmente em celebrações festivas.
No entanto, é nas horas amargas de um dos parceiros, que a solidariedade tem oportunidade de se revelar plenamente, através de ações proativas, que vão além dos discursos protocolares.
Em concreto, é sabido que Portugal passa por dificuldades econômicas e sociais, que se acumulam há mais de 30 anos.
Portugal, como outros países do espaço do EURO, precisa captar recursos exteriores, para equilibrar suas finanças e prosseguirem, tranquilos, os rumos de seu destino histórico, evitando desperdícios evitáveis.
Esta é a hora de buscar soluções e não de apontar os responsáveis...
A proposta a seguir é uma questão de Geopolítica Internacional, capaz de ajudar a consolidar a convivência entra as nações e estimular a solidariedade da Lusofonia Internacional.
2. Dentro da proverbial e histórica solidariedade fraterna de Portugal e Brasil, e como cidadão brasileiro que dedica , a este país o melhor de suas forças, há mais de 50 (cincoenta) anos, proponho:
Que o Brasil (Governo Brasileiro) estude, com carinho, a possibilidade de comprar a dívida externa portuguesa, como um grande e solidário investimento. Com este gesto estaria aprofundando a indissolúvel aliança dos dois países irmãos. O Brasil, país que investiu no FMI, pode, do mesmo modo, investir no país irmão.
Cabe ao Brasil avaliar a validade política e as condições desta proposta.
3. É sabido que outros países pensam em comprar tal dívida, como um rentável investimento, financeiro e político.
Segundo consta, a China já se propôs a estudar a questão. O Timor Leste, também se propôs a ato semelhante. Tal cooperação poderá trazer alto retorno ao País, beneficiando o seu povo.
Esta ousadia ficaria muito bem ao Brasil, no momento em que vai projetando e consolidando densamente a sua imagem no cenário internacional.
4. Esta ousadia seria inequívoca profissão de fé na solidariedade lusófona e um exemplo para o mundo.
Seria uma atitude de alto valor simbólico no cenário mundial, capaz de trazer altos dividendos políticos, econômicos e sociais. É um desafio aos nossos estadistas e aos nossos estrategistas.
Acredito que, Portugal é, para o Brasil a grande porta da Europa. O Brasil deveria cuidar mais acuradamente em consolidar a sua presença na Europa, através de Portugal, tendo aí uma plataforma permanente de acesso.
Aliás, é isto que a China está fazendo, inclusive tentando adquirir o controle do grande porto marítimo de Sines, como foi noticiado.
Por que não o Brasil?! Seria mais lógico e natural.
Os dois países irmãos sairiam muito fortalecidos.
Portugal e o Brasil são parceiros naturais na atualidade, mas não exclusivos.
5. Discuti esta ideia em reunião de amigos, em Aveiro, há poucos dias. Havia alguns economistas. A ideia foi acolhida com entusiasmo.
Em seguida propus esta ideia, em conversas informais, em Lisboa, entre amigos. O acolhimento foi unânime.
Deixo aí a ideia. Cabe aos políticos, aos estadistas e aos economistas formatar a questão de forma adequada para que possa ser incrementada.
De agora em diante a ideia está posta, na mesa, como alternativa, a bem dos países envolvidos. Utilize-a quem puder.
Esta proposta deve ser considerada como uma questão de interesse geopolítico e sócio-econômico. É também uma questão diplomática, ao fortalecer a aliança dos povos lusófonos. É o reforço de um determinado paradigma de valores de nossa civilização.
6. Por outro lado, este poderia ser mais um passo para formatar a ideia de União Portugal-Brasil, como países soberanos, como propus em estudo publicado anteriormente (Leia: http://tribunalusofona.blogspot.com/2009/10/uniao-lusofona_28.html )
José Jorge Peralta
Professor aposentado da USP
2 comentários:
Concordo inteiramente com o Prof. José Jorge Peralta que assumir a dívida externa de Portugal trata-se do gesto mais coerente a ser assumido pelo governo brasileiro.
Devemos tudo a Portugal, vamos retribuir ajudando nossa pátria mãe.
Os brasileiros que demonstrassem interesse poderiam também pagar impostos como nossos irmãos lusitanos recebendo em contrapartida e se assim escolhessem, a honra da cidadania portuguesa.
O Brasil deveria acatar imediatamente a proposta de assumir a dívida externa portuguesa como pátria mãe que é para nós que nascemos do lado de cá do Atlántico. Por outro lado os brasileiros que assim o quisessem poderiam ter direito à mesma cidadania dos nascidos em Portugal, pagando todos os impostos que fossem devidos.
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