Entre as várias hipóteses aventadas sobre a naturalidade de Cristóvão Colombo, destaca-se a de Génova, mas falta a documentação comprovante. E a de Barcelona é ainda mais fantasiosa.
Se fosse indiscutível a primeira dedução, porque é que ele não sabia falar e muito menos escrever alguns dos dialectos genoveses, já que o idioma que ele usou mais vezes foi o português e, depois, o velho castelhano, pois foi ao serviço dos Reis Católicos que ele consumou as viagens à América - o Rei D. João II de Portugal recusara o projecto, por saber que o caminho marítimo para as Índias era pelo Atlântico Sul e depois através do Índico. E tinha razão conforme o demonstrou Vasco da Gama.
Entretanto, retomemos o começo e os portugueses dominavam as rotas atlânticas e se não foram mais cedo à Índia e ao Brasil foi por respeitarem cronologicamente definidas as suas rotas de viagens. E se estas exigiam coragem, o resto tinha sido previamente traçado, porquanto os castelhanos seguiam na babugem lusitana e os outros europeus (da França, Inglaterra, Holanda, Itália e Inglaterra, todos à volta com convulsões independentistas), limitavam-se a espionar em Lisboa (leia-se Jaime Cortesão) os projectos, os mapas e as inconfidências de alguns traidores, porque, como disse Camões, entre os portugueses, traidores houve algumas vezes...
Em relação a Colombo (nome talvez suposto), pode admitir-se que ele seria plebeu (como insinuam os genoveses), na falta de comprovação documentada, nem tão pouco o judeu de documentação, nem Lisboa (Fevereiro de 1479) e, como está provado o grande navegador apesar de não ter chegado à Índia casou com D. Filipa Moniz Perestrelo, que foi Donatária da Ilha de Porto Santo, de quem teve o primogênito D. Diogo. Colombo (ou Colom) teve mais tarde outros dois filhos da espanhola Beatriz Torquemada, mas não chegou a casar-se com ela).
Entre mais de uma dezena de livros que pudemos compulsar em Lisboa, nos últimos meses Cristóvão Colom, o Almirante de Nobre Estirpe, de autoria da historiadora Julieta Marques, e Colombo Português de Manuel Rosa, os dois autores juntam-se aos especialistas que defendem a tese de que Cristão Colombo nasceu em Cuba, no Alentejo de Portugal. (Voltaremos ao assunto).
(*) O articulista é escritor português e vive em São Paulo
2 comentários:
«Entre as várias hipóteses aventadas sobre a naturalidade de Cristóvão Colombo, destaca-se a de Génova, mas falta a documentação comprovante»
Antes pelo contrário, afirmam-no genovês documentos notariais, crónicas, cartas e despachos diplomáticos. O próprio Almirante o diz. Só recentemente nacionalismos bacocos e busca de protagonismo fácil têm procurado afirmar o contrário.
Nas minhas pesquisa sobre Colombo já encontrei outra tese num livro publicado na Alemanha: Colombo seria de família antiga judia portuguesa. Os judeus em tempos longínquos eram denominados na Península como Colons = colonos. Um destes antepassados durante uma das perseguições aos judeus fugiu para Barcelona e depois de barco para Génova onde os judeus estavam a salvo e já se encontravam outros membros da família. Um seria até o capitão de corsários Colon, em cujo barco Colombo se encontrava quando após uma batalha naufragou e deu à costa perto de Sagres, antes de se dirigir para Lisboa. Se estes Colons viveram em Cuba não sei. Haveria na região alguma família com este nome? Numa passagem por Oliva de la Frontera, ali em frente a Barrancos fui informado por uma velhota de que Colombo se encontrava sepultado na igreja lá do sítio. De facto existem fortes dúvidas sobre o paradeiro dos restos mortais do navegador. Haverá alguma relação? No entanto, há provas evidentes de Cristovão Colombo ter nascido em Génova. Ficava-nos bem ter descoberto a actual América, mas não nos vamos enfeitar com os penachos dos outros. Descobrimos de facto o continente americano, embora mais a Norte. Vejam as viagens de Corte-Real e do tal Lavrador (Labrador). Se descobrimos a América possivelmente não tinha relevância económica na altura. Pela mesma razão o Brasil só é "descoberto" em 1500 e não em 1498 como o foi efectivamente.
Abraço
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