"O Sistema Único de Saúde é uma reforma incompleta e o próximo governo precisa de dobrar os 3,6 por cento do investimento do PIB. (...) Profundo problema no controlo do crime, sobretudo o organizado, tráfico de drogas e controlo de fronteiras".
Diário de Notícias
29 de setembro de 2010
A campanha presidencial brasileira teve - em Portugal - um grande mérito: multiplicou o número de artigos de divulgação sobre a realidade brasileira. O português médio conhece hoje muito melhor a realidade do país-irmão (e até sabe quem é Tiririca...) do que há apenas uns meses...
Esta curta citação encontra-se num dos múltiplos artigos sobre o Brasil que surgiram esta semana e permite listar dois dos maiores problemas urgentes do Brasil atual: um sistema de Saúde público ineficiente e incompleto e uma Criminalidade muito acima da média dos países desenvolvidos. Estes não são certamente os únicos problemas da sociedade brasileira, mas são - de longe - os mais urgentes. Sem um sistema de Saúde pública disponível a todos os cidadãos não será nunca possível distribuir de forma justa e equitativa a riqueza que o Brasil está agora a ser capaz de gerar. Sem um bom Sistema de Saúde a sua população não pode libertar-se do temor pela doença e da morte prematura com a consequente perda de elementos úteis e produtores de riqueza que isso implica. Sem um bom sistema de saúde infantil, o Brasil não pode construir uma população jovem saudável e criativa nem sequer alinhar-se junto dos países mais desenvolvimentos e dos seus baixos índices de mortalidade infantil.
Mas o problema número Um do Brasil é a criminalidade e, sobretudo, a criminalidade organizada. Alimentada pelo tráfico de droga e por uma extensíssima fronteira terrestre e marítima, o Crime - pela via da corrupção - tornou-se endémico nos meios urbanos e representa hoje o maior travão ao desenvolvimento da sociedade brasileira. O Crime desvia uma parcela considerável da riqueza produzida e deixa refém a classe média, usando os políticos corruptos e uma polícia incapaz de o vencer. Sem uma vitória decisiva contra o Crime, o Brasil nas conseguirá atrair para as suas grandes cidades o Turismo e o Investimento estrangeiro. Sem essa vitória, dificilmente limpará a imagem internacional de subdesenvolvimento e pobreza que ainda o (injustamente) contamina. Mas poderá essa batalha ser vencida sem enfrentar frontalmente o problema que alimenta o Crime que é o da legalização das Drogas? Poderá esta batalha ser vencida sem recuperar para a economia formal os milhões de brasileiros que encontram no submundo do crime a única forma de subsistência? Acreditamos que sim... a via da legalização foi ensaiada - com sucesso - na Holanda e na Suíça e os vários programas sociais da Administração Lula conseguiram tirar 30 milhões de brasileiros. A riqueza começa fluir para toda a sociedade brasileira e o país tornou-se oficial num "país de classe média", algo que era impensável há apenas dez anos atrás. O país tem recursos naturais que ainda nem começaram a ser explorados (o famoso "pré-sal" e muitos solos agrícolas que ainda não estão a ser utilizados. Num país onde a escassez de petróleo é tão certa como a escassez futura de alimentos, esta fórmula representa a garantia de prosperidade para os tempos vindouros. Assim saibam os brasileiros vencer o desafio da Saúde Pública e do Crime Organizado. E saberão, estamos certos.
1 comentário:
Não entendo muito de sistemas de saúde nem tenho muitos dados, mas acho que o problema é muito menor, no Brasil, que o da violência.
De vez em quando gosto de fazer umas viagens grandes (mais de 5000 Kms) de carro pelo Brasil, para o conhecer palmo a palmo... Tendo 3 filhos pequenos é natural que um de nós adoeça durante a viagem... Tenho me surpreendido com o atendimento... Porventura por sorte, sempre encontro, numa terrinha perdida, um posto de sáude a qualquer hora que nos atende rapidamente e de graça...
Por outro lado o problema da violência é o de uma autêntica "guerra civil" morrendo muitas mais pessoas per capita que no tempo da nossa guerra colonial... cerca de 50000 por ano: façam, as contas...
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