Filho de médico,o pai mudou-se ,mais tarde,para Muritiba,cidade do Recôncavo Baiano,para que o filho aprendesse as primeiras letras.
Em 1854 a família mudou-se para Salvador e o menino Cecéu foi matriculado no Colégio Sebrão;mas,logo foi transferido para o Ginásio Baiano,do emérito professor Abílio César Borges.
Ávido leitor dos poetas franceses,como Vitor Hugo,aos 13 anos escreve sua primeira poesia.
Indo estudar Direito no Recife,onde foi colega de Tobias Barreto,consegue publicar num jornal desta cidade,”A Destruição de Jerusalém”,provavelmente influenciado por Torquato Tasso,célebre poeta italiano.
Belo,elegante,vasta cabeleira negra,olhos pretos devoradores,o jovem fazia sucesso entre as mulheres;até a famosa atriz Eugênia Câmara,depois sua grande paixão,declamou versos seus no Teatro Santa Isabel.
Em 1864,porém,coisas terríveis aconteceram.Seu irmão mais velho suicidou-se e ele contraiu uma tuberculose;após a primeira hemoptise voltou à Bahia,para tratar-se.
Um ano depois volta para Recife com Fagundes Varela e declama “O Século” na abertura dos cursos jurídicos.Funda uma sociedade abolicionista.
Começam as viagens,Salvador,Rio de Janeiro,sempre em companhia da amada Eugênia Câmara.
Quando ele aparecia nos saraus ou na platéia dos teatros, belo e forte como um jovem herói,irrepreensivelmente vestido de negro que lhe ressaltava a palidez romântica,os homens o aplaudiam com vigor e as mulheres suspiravam,comovidas.Todos os que ouviam a sua voz melodiosa e retumbante,eram presas de fortíssima comoção e prorrompiam em brados entusiasmados.
Cursa o terceiro ano de Direito em São Paulo,na Faculdade do Largo de São Francisco.
1868 foi um ano produtivo. Escreveu e declamou “o Navio Negreiro”,foi aprovado nos exames,seu poema “Gonzaga” estreou no Teatro São José e rompeu com Eugênia.
Parece que a tragédia foi sua companheira,pois,ao sair para uma caçada, pulando para atravessar um riacho,detonou sua própria espingarda e baleou o pé,que teve que ser amputado,sem anestesia.
A conselho médico vai para Curralinho;tenta a cura em Santa Isabel;melhor,volta para Salvador para o lançamento do seu livro “Espumas Flutuantes”.
Em 1871, aos 24 anos,morre o poeta maior da Literatura brasileira.Desaparecia tão cedo a sua formosa mocidade e gênio;foi o guia e chefe dessa geração de jovens desassombrados,que lutava pelo que considerava certo e pela liberdade dos despossuídos.
Já o era no seu tempo como é agora, idolatrado pelo povo;Sofreu com a inveja e a “panelinha” literária da época,que existe e persiste até os nossos dias.Mas,a admiração anônima e espontânea dos leitores é o que interessa ao escritor porque o leva à fama e à posteridade.
Os sábios distinguem e julgam;só o povo ratifica a justiça ou o gosto dessas sentenças;a admiração popular nunca faltou a Castro Alves.
Ainda hoje me emociono até às lágrimas quando recito “Ode ao Dois de Julho” ou “Navio Negreiro”;do mesmo jeito que me emocionava nos idos de ’60,quando na Escola Normal ou nos festejos do 2 de Julho era chamada a recitá-los,em público.
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