"Iremos alcançar alguns [ODM] e podemos alcançar a maioria se houver uma mudança na maneira como a ajuda é disponibilizada pela comunidade de doadores", afirmou José Ramos Horta, o primeiro governante lusófono a intervir na Cimeira sobre os Objetivos do Milénio, na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Já alcançado está o objetivo para a mortalidade infantil e também a meta para a tuberculose, enquanto a percentagem de crianças nas escolas aumentou para 83 por cento.
Falando na dupla qualidade de presidente timorense e de representante do grupo dos países frágeis e em pós-conflito (G7 Plus), Ramos Horta pediu mais "harmonização" das realidades instáveis destas nações com a ajuda internacional.
Este grupo, lembrou, inclui os países "que estão mais longe de alcançar os ODM" e que mais dificilmente o poderão fazer no horizonte de 2015.
"Quanto mais cedo aceitarmos esta realidade e começarmos a emendar-nos, melhor", afirmou.
"Sem paz para assegurar as vidas e o modo de vida dos nossos cidadãos e sem capacidade de o Estado proteger e disponibilizar serviços essenciais, os ODM continuarão a ser um sonho distante para muitos países", disse Ramos Horta.
Para acelerar as metas do Milénio, referiu, vai ser lançado um "programa inovador" no próximo ano, chamado ODM Sucos, que prevê financiamento direto para "todas as 442 aldeias" no país.
As comunidades locais, adiantou, serão envolvidas diretamente no programa. "Trata-se de dar aos timorenses a capacidade de não apenas testemunharem o desenvolvimento, mas de serem parte dele", afirmou Ramos Horta.
O líder timorense contrastou os resultados alcançados pelas políticas sociais timorenses com anos de ajuda internacional pouco eficaz, que com mais de 8 mil milhões de dólares não foi capaz de travar o crescimento da pobreza no país.
"Desde 2007 o nosso governo apropriou-se dos nossos recursos e responsabilidades e foi capaz de inverter esta tendência e fazer da despesa pública a pedra de toque para aliviar o sofrimento dos mais vulneráveis, consolidar um novo nível de estabilidade", afirmou.
Lembrou ainda, num contexto de crescimento económico, a subida das despesas do governo em saúde e em educação e políticas sociais como pensões para os idosos, deficientes, veteranos e regresso de refugiados internos.
Nos últimos anos, os "principais indicadores de pobreza melhoraram significativamente".
"Para alcançar este sucesso, ideias importadas foram substituídas por ideias domésticas. Capacidades internacionais, embora bem vindas, foram contextualizadas com inovação e conhecimento doméstico", frisou.
"Lutámos muito e por muito tempo nestes corredores [da ONU] pelo nosso direito à autodeterminação. Agora, mais do que em qualquer altura na nossa história enquanto nação, dispomos de uma vontade genuína que nos permitiu adotar uma agenda reformista", afirmou Ramos Horta.
Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
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